segunda-feira, 22 de junho de 2015
Projeto brasileiro de óculos para deficientes visuais recebe prêmio mundial
Foto de um homem que cego caminhando na calçada usando um óculos e sua bengala.
Um projeto realizado por uma equipe de brasileiros está entre os vencedores do prêmio The World Summit Youth Award, competição global entre jovens desenvolvedores.
A cerimônia de entrega de prêmios ocorreu na noite dessa quarta-feira (17).
Desenvolvido por pesquisadores pernambucanos e coordenado pelo cientista da computação, Marcos Penha, o projeto brasileiro é um óculos para pessoas com
deficiência visual, que funciona em auxílio à bengala. O acessório conta com protótipo que custou cerca de R$ 45 e identifica obstáculos acima da linha
da cintura da pessoa, região que normalmente não é alcançada pela bengala.
Assim que o aparelho detecta um obstáculo, ele emite um sinal que aumenta quando o objeto se aproxima. O sinal é sentido por meio de vibrações de uma pulseira
ou colar, como o toque de um telefone em modo vibracall. A intensidade da vibração pode ser regulada de acordo com a sensibilidade de quem usa o aparelho.
“Inicialmente, queríamos desenvolver um óculos que substituísse a bengala-guia. Quando fomos a campo, mudamos o projeto. Os cegos não queriam deixar a
bengala. É o senso tátil deles. Por isso, tem um peso psicológico muito grande”, destacou Emily Shuler, que participa da equipe de desenvolvimento.
Testes
A partir de testes com 276 pessoas com deficiências visuais, em sua maioria da Associação Pernambucana de Cegos, os pesquisadores constataram que a bengala
não conseguia identificar obstáculos acima da linha da cintura. “Com a bengala, eles reconhecem um pneu, mas acham que é um carro. O carro tem uma certa
altura e, se for um caminhão, eles vão em frente e batem. Isso ocorrre também com os orelhões”, explicou Penha, coordenador do projeto.
Os desenvolvedores perceberam que precisavam de um dispositivo barato, já que aparelhos similares, como a bengala eletrônica, que também funciona com sensores,
tinha custo muito elevado e tinha de ser importada. “Para um deficiente visual importar, é um processo complicado. Quando avaliamos, os valores chegavam
a R$ 3 mil ou R$ 4 mil. E um cão-guia pode custar R$ 25 mil”, lembrou o coordenador.
O projeto brasileiro pode ser conhecido pelo
site.
Produção em escala industrial
Os pesquisadores do projeto brasileiro, denominado Annuitwalk, buscam investidores para conseguir produzir os óculos em escala industrial. “Nosso projeto
não é relacionado a uma universidade. Foi algo independente. Cada um com seu conhecimento, com algo a trazer, a contribuir. Foi um projeto bem colaborativo.
Já estamos com o sexto protótipo pronto”, informou Marcos Penha.
Para Lucas Foster, fundador da ProjectHub, rede global de economia criativa, parceira do prêmio internacional, o projeto brasileiro vencedor é uma demonstração
do potencial inovador do País, principalmente nas áreas da inclusão social, acessibilidade, diversidade cultural e sustentabilidade.
Reconhecimento
A iniciativa premia empreendedores digitais com menos de 30 anos que elaboram projetos na internet e tecnologia móvel baseados nos Objetivos de Desenvolvimento
do Milênio das Organizações das Nações Unidas (ONU).
O prêmio recebido pelos brasileiros reconhece projetos com potencial de impacto nas metas da ONU em seis diferentes categorias: luta contra a pobreza,
fome e doença, educação para todos, empoderamento das mulheres, valorização da cultura local, meio ambiente e sustentabilidade e busca da verdade.
Fonte: Portal Brasil, com informações da Agência Brasil.
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