sexta-feira, 19 de junho de 2015
Seminário discute comunicação inclusiva para pessoas com deficiência
Foto das pernas de um deficiente visual. Ele está andando sobre os pisos táteis que serve para orientar os deficientes visuais.
A comunicação como ferramenta de combate à discriminação foi o foco do seminário Andi 21 Anos – A Mídia Brasileira e os Direitos Humanos: Avanços e Desafios,
realizado na tarde desta quarta-feira (17). Oportunidade em que a fundadora da ONG Escola de Gente – Comunicação em Inclusão, Cláudia Werneck, ressaltou
que uma comunicação acessível, que ofereça diferentes recursos de acessibilidade, é o primeiro passo para uma comunicação mais inclusiva para as pessoas
com deficiência.
Ela destacou que em todos os espaços públicos e coletivos – seja com intérpretes da língua brasileira de sinais (Libras), com estenotipia, folders e livros
em várias formas – há um mundo de possibilidades. Cláudia acredita que além das diferentes formas de comunicação, é preciso investir na mudança de abordagem
da temática usada pelos meios de comunicação, de maneira que tratem de temas relevantes para esta parcela da população. “Os meios de comunicação abriram
muito espaço para o tema da deficiência, mas são abordagens muito antigas. As mesmas pautas, as mesmas dificuldades de enfrentar o assunto”, ressaltou.
Os participantes da mesa trataram de diferentes temáticas como a cobertura sobre meio ambiente. Fábio Feldmann, consultor em meio ambiente e sustentabilidade
ressaltou que por ser um tema complexo e recente na agenda mundial, é preciso investir na capacitação dos profissionais para que o tema ganhe mais força.
“Acho que uma das dificuldades da imprensa também é o fato de ter poucos jornalistas especializados em determinados assuntos. Temos que insistir na formação
desses profissionais para conhecerem este assunto, até porque eles têm o mesmo desafio que a gente, que é colocar na agenda”. Apesar das dificuldades,
o consultor acredita que a imprensa teve papel importante na visibilidade de temáticas.
Outro ponto de destaque da mesa foi a questão de gênero e raça, abordada pela assessora de comunicação da ONU Mulheres, Isabel Clavelin. Para ela, a atuação
dos movimentos sociais levou a mídia a enfocar mais o tema, mas ainda é preciso que a imprensa inclua mais mulheres e negros nos debates, e defende que
essa participação deve ir além de pautas específicas. “Como as mulheres são chamadas a falar? Quando os negros são chamados a falar? Então, é a cobrança
de uma presença permanente dentre as fontes a serem buscadas pela imprensa”, disse ela.
A representante da ONU Mulheres chamou a atenção para a campanha Eles por Elas, que chama os homens a participarem da luta pela igualdade de gênero. “Precisamos
de homens que realmente repensem, revejam suas posições e se coloquem a cargo para a construção de um mundo com igualdade, e isso significa, sim, que eles
precisam assumir outra posição”, destacou.
Para ela, a temática do racismo e da igualdade de gênero precisa ser debatida cada vez mais, pois “a gente só vai ter o enfrentamento ao racismo e ao sexismo
se esses temas estiverem presentes e constantes [entre] as questões do dia a dia”.
Nesta quinta-feira (18), último dia do seminário, será debatido o tema Violações de Direitos na Mídia Brasileira: Diagnóstico e Soluções.
Fonte: Portal Vermelho/Agência Brasil.
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