sábado, 13 de junho de 2015
Completando a biografia: a invenção do braile por Braille
No sistema de Braille é muito mais fácil sentir a disposição dos pontos no papel, tornando a leitura para cegos significativamente mais rápida
Dizem que Santo de casa não faz milagre, e é uma grande verdade. “Olhos Curiosos”, por exemplo, precisou fazer uma pesquisa sobre o alfabeto Braille e,
então, obviamente, recorreu ao Saúde Visual. Apesar de encontrar uma boa biografia de
Louis Braille
e o motivo que levaram este jovem rapaz, a época com meros 13 anos, a desenvolver o sistema que ganhou seu nome e reconhecimento mundial, nada foi dito
de como, afinal de contas, Braille inventou seu alfabeto para cegos sendo, ele mesmo, cego desde os seus 3 anos (se não sabe o motivo, leia a biografia
e depois volta que a gente espera).
Quem já leu a biografia acima mencionada, já sabe que havia um sistema de leitura para cegos conhecido como Barbier por ter sido desenvolvido por um capitão
da artilharia do exército do rei Luís XVIII, Charles Barbier. O sistema de Barbier, porém, era muito complexo para os militares, e foi rejeitado. No entanto,
acreditava-se que ele poderia ser útil para os cegos, o que levou o Dr. Alexandre François-René Pignier, professor de Louis Braille e diretor do Instituto
Nacional para Jovens Cegos, em Paris, a convidar Barbier para demonstrá-lo.
O sistema não era muito bom para leitura e escrita, pois era excessivamente complexo, usando uma matriz de 6×6 pontos para representar letras e fonemas.
Além disso, a matriz grande impedia que você pudesse senti-la de uma só vez com a ponta do dedo – era preciso movê-lo.
Ainda assim, Braille ficou inspirado e, quando adolescente, começou a trabalhar na ideia. Ele pegou um pedaço de papel, uma lousa e uma caneta, fazendo
buracos e tentando encontrar algo que funcionasse.
Em 1825, com 16 anos ainda incompletos, Braille conseguiu chegar a um código original que consistia em seis pontos dispostos em duas fileiras paralelas;
cada conjunto de linhas representava uma letra. Isso era mais simples do que o sistema de Barbier, e ainda versátil o suficiente para permitir até 64 variações,
o suficiente para todas as letras do alfabeto e pontuação.
Isso também era facilmente adaptável para outros idiomas que não o francês. E o mais importante: em vez de identificar uma letra inteira, era muito mais
fácil sentir a disposição dos pontos no papel, tornando a leitura para cegos significativamente mais rápida.
O Dr. Pignier adorou o sistema de Braille, e incentivou seus alunos a usar o novo sistema. Por conta desta sua insistência, Pignier foi demitido do cargo
de diretor porque o Insituto ainda se recusava a adotar oficialmente o sistema de Braille.
Mesmo quando o próprio Braille se tornou professor no instituto e ensinou o código para seus alunos e, em 1834, aos vinte e cinco anos, ter sido foi convidado
para demonstrar os usos do seu sistema em uma exposição em Paris, estimulando ainda mais a sua popularidade e mesmo com a publicação de um livro sobre
como usar o código, ainda assim, somente dois anos após a morte de Braille e oito anos após uma escola em Amsterdã adotar seu método, que o Instituto finalmente
passou a usar o sistema - e só porque os alunos exigiram a mudança.
A teimosia do Instituto parece ter afetado o pessoal dos Estados Unidos, que só passou a utilizar o sistema em 1916, quando o Braille já tinha sido adotado
em quase todo o mundo.
Louis Braille também desenvolveu um sistema conhecido como decapoint: pontos em relevo que se assemelham a letras, tornando mais fácil a leitura por pessoas
cegas. Ele mesmo ajudou a desenvolver uma máquina que faria o decapoint mais fácil de escrever. Batizado de “rafígrafo”, foi desenvolvida com a ajuda do
mecânico Pierre-François-Victor Foucault no final dos anos 1830. O decapoint, ao contrário do braille, nunca vingou.
Pronto, galerinha do Saúde Visual – agora a biografia do Braille está completa. E nem precisa acender uma vela para este Santo de casa...
(Fonte: Gizmodo)
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