quarta-feira, 24 de junho de 2015

“Chique no úrtimo”: arraial em homenagem à Inezita Barroso tem interpretação em Libras

Sertanejo de Cezar e Paulinho, moda de viola roqueira do Matuto Moderno e canções boiadeiras de Pedro Bento e Zé da Estrada trazem a mistura da música caipira tradicional e suas releituras para a Virada Cultural de 2015 Imagem do post  Se é nas palmas das mãos que normalmente o público dá sua contribuição em shows, no palco da Virada Cultural dedica ao cancioneiro caipira, música sertaneja e moda de viola eram as batidas dos saltos das botas que ajudavam a dar o ritmo da noite. Na Praça da República, fincado no centro da cidade, foi organizado um arraial especial em homenagem à cantora e apresentadora Inezita Barroso, bastião da cultura da roça que como ávida pesquisadora do assunto usou seu programa semanal "Viola, Minha Viola", na TV Cultura, para dar espaço aos novos artistas e talentos de outras áreas. Para as celebrações, impossível a escolha de um local mais apropriado levando em conta o antigo prédio do Colégio Caetano de Campos logo ao lado, a mesma escola em que Inezita estudou durante sua infância. Além do palco principal destinado aos shows, um espaço do arraial dedicado à alimentação misturava barracas de feijão tropeiro, quentão e lingüiça na brasa, com os já famosos yakissobas, tempurás e acarajés, já vendidos usualmente na região. Falecida em março último aos 90 anos de idade, Inezita foi lembrada por todos os que subiram ao palco em citações e “palhinhas”. No final do sábado, dia 21, e virada da madrugada, as apresentações receberam ainda o reforço de uma equipe de intérpretes de Língua Brasileira de Sinais (Libras), em um esforço da Secretaria Municipal da Pessoa com Deficiência e Mobilidade Reduzida para tornar o evento acessível a mais cidadãos. Autêntica música rancheira Pedro Bento e Zé da Estrada trouxem a cultura rancheira em canções sobre as dores e amores do homem do campo cantados em letras como "Coração de Pedra", "Mágoa de Boiadeiro" e "Os Três Boiadeiros", esta última acompanhada com entusiasmo pela plateia. Com a banda toda vestida em trajes típicos de mariachis mexicanos, a dupla escolheu seus sucessos de carreira, que teve início ainda na década de 50, e aproveitaram para contar “causos” de sua trajetória, marcada inclusive por uma incursão pelo cinema na década seguinte. Frequentador assíduo do programa de Inezita onde esteve mais de 15 vezes, Edson Nascimento Oliveira Santos - ou Edson Pezão, como também é conhecido, acompanhava tudo da área destinada aos convidados e sem deixar passar um momento em que não soubesse a letra de cor. Contou que foi a primeira vez que assistiu a um show com interpretação em Libras. “Muito interessante”, contou. Ele afirmou que acha de grande mérito ver este tipo de iniciativa para a pessoa com deficiência. Sem deixar passar a oportunidade, Edson, que tem ELA - Esclerose Lateral Amiotrófica, lembra da constante falta de cuidado com o outro em ambientes públicos. Moda de Rock Meia noite foi a vez do palco ser tomado pelo som caipira urbano do Matuto Moderno, que faz a mistura da moda de viola com o peso do rock. Para abrir a apresentação, “Marvada Pinga” deu o tom do que seria o resto da madrugada, com inusitado cover de “We Will Rock You”, do Queen, versão instrumental da roça de “Kashmir”, do Led Zeppelin, e ainda adaptação de “Killing in The Name”, do Rage Against The Machine, que ganhou arranjo rural e refrão substituído pelos gritos de “tira leite de vaca”. A vida interiorana ganha roupagem renovada nas canções autorais do grupo a exemplo de “Manacá” e as agruras da cidade grande recebe críticas em letras afiadas como em “Rio Sepultado”. Com participação do violeiro Índio Cachoeira, o reforço na marcação do ritmo era dado pelos passos d’Os Favoritos da Catira, que desceram para formar um grande corredor de dança coletivo com a ajuda do público presente. Nesta hora, o chão tremeu e ficou difícil até para o intérprete de Libras acompanhar a banda e descrever em sinais as indicações dos passos dos catireiros. “A gente se entende até com o homem das Libras na hora das palmas, porque aí é tudo a mesma coisa”, brincou Edson Fontes, um dos integrantes do Matuto Moderno. Madrugada cowboy de Cezar e Paulinho Enquanto a banda organizava os instrumentos para o show seguinte, alguns poucos acordes da sanfona já fizeram o público vibrar. Ainda que depois das 2h da manhã, estava dada a largada para o estilo sertanejo de Cezar e Paulinho esquentar a madrugada de quem se reuniu na República. Tocando hit depois de hit entremeados por histórias de vida, a dupla que já encara a estrada há quase 40 anos foi um dos grandes destaques da Virada Cultural deste ano. Em mais um show acessível, a participação da interpretação simultânea em língua de sinais foi “chique no úrtimo”, como diria o já famoso bordão eternizado por Cezar e Paulinho. fonte:s m p ed

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