segunda-feira, 16 de novembro de 2015
Um ponto de ônibus inteligente para deficientes visuais
Uma vez que o ônibus chega até o ponto, o deficiente recebe uma notificação sonora
Douglas Toledo estudava em Campinas e morava em Itatiba, uma cidade vizinha, e fazia o seu trajeto diário até a universidade de ônibus. No mesmo ponto
onde esperava sua linha, ele frequentemente encontrava uma senhora deficiente visual. Observando os problemas que ela enfrentava para saber da aproximação
do veículo (e se era o veículo certo) e da dificuldade de seu embarque, ele percebeu como havia uma necessidade não atendida de um sistema inteligente
que auxiliasse o deficiente visual que precisa usar transporte público.
A ideia foi adiante com o nome de Viibus (sigla para “Visually Impaired Intelligente Bus Stop”, ou “Ponto de Ônibus Inteligente para Deficientes Visuais”).
Douglas conversou com Leonardo Campos e Adair Silva, dois deficientes visuais do Centro Interdisciplinar de Atenção à Pessoa com Deficiência da Pontifícia
Universidade Católica de Campinas, para saber quais são suas necessidades. A partir daí surgiu um sistema que integra ponto de ônibus, passageiro e veículo.
O usuário é informado pelo ponto que se aproxima um coletivo da linha que ele precisa, enquanto o motorista do ônibus é comunicado que há um passageiro
com deficiência visual esperando.
No ponto é instalado um painel de seleção das linhas em braille, um modelo que foi testado por Campos e Silva, da PUC-Campinas. Além disso, é colocada
uma base fixa de comunicação sem fio que detecta a aproximação do ônibus em um determinado raio de distância, que pode ser ajustado de acordo com a velocidade
permitida na via. Uma vez que o ônibus chega até o ponto, o deficiente recebe uma notificação sonora para que possa fazer o embarque.
Durante o processo, os demais usuários que esperam no ponto também são informados da presença do deficiente visual por meio de um monitor e de sinalização
visual. O objetivo disso é fazer que o sistema não substitua a necessidade interação entre as pessoas.
O equipamento se comunica na mesma frequência usada pelos celulares com um sistema similar que fica dentro do ônibus da linha escolhida no painel. Douglas
procurou fazer um modelo que não dependesse da conexão com a internet, pois isso limita as áreas onde o Viibus poderia ser instalado. Mas ele também não
descarta totalmente a possibilidade de conectar o equipamento com a rede.
O projeto se transformou no trabalho de conclusão de curso de Douglas na faculdade de engenharia elétrica. Depois, o Viibus acabou como um dos cinco vencedores
do Desafio Cisco de Inovação Urbana, que buscava soluções para serem implementadas no Porto Maravilha, uma das áreas mais importantes do projeto olímpico
do Rio de Janeiro.
Como o projeto depende da fabricação do equipamento para tornar os pontos de ônibus mais acessíveis, ele está em busca de investidores para poder produzir
e instalar a tecnologia em outros lugares além do Porto Maravilha. Sua intenção é esperar o protótipo ser instalado para entrar em contato com as prefeituras,
começando por Curitiba, Campinas e Sorocaba.
“Eu quero apresentar para as prefeituras para que elas incentivem as empresas concessionárias do transporte público a adotarem o Viibus. Não tem uma lei
que determine que pelo menos uma parcela dos pontos de ônibus sejam acessíveis para deficientes visuais, então estou buscando integrar outras soluções
que conversem com o mesmo equipamento do projeto para oferecer isso para as cidades”, afirma Douglas Toledo.
No próximo dia 15, Douglas embarca para o Rio de Janeiro onde começará o processo de produção e instalação do primeiro protótipo que deve começar a operar
até o fim de março. Ele passará os próximos cinco meses levantando recursos e estudando o número de linhas e de veículos que serão integrados ao protótipo.
Uma das parcerias previstas para o Viibus é com o selo para comércio acessível Livrit, um projeto para mapear os estabelecimentos preparados para receber
as pessoas com deficiência que também foi vencedor do Desafio Cisco.
A deficiência visual é a que tem maior ocorrência no país, atingindo 18,6% da população. Temos falado aqui de formas de tornar o sistema de transporte
público mais legível, como o mapa do metrô, mas é importante que a cidade seja legível também em braille.
(Fonte: Outra Cidade)
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