terça-feira, 3 de novembro de 2015

'Me senti uma idiota', diz antropóloga impedida de embarcar em voo em MG

Adriana Dias em aeroporto de MG (Foto: Letícia Duarte/G1) Adriana Dias foi impedida de embarcar em avião da Azul em Goianá, MG (Foto: Letícia Duarte/G1) A antropóloga que foi impedida de embarcar no voo 4353 da Azul Linhas Aéreas na noite da última sexta-feira (30) em Goianá, na Zona da Mata de Minas Gerais, já está em casa, em Campinas (SP). Adriana Dias tem osteogênese imperfeita, também conhecida como “doença dos ossos de vidro” ou “doença dos ossos de cristal”, e foi barrada após ter solicitado o ambulifit, aparelho que transporta pessoas com dificuldades de locomoção da sala de embarque até a aeronave, durante check-in no terminal. Com a plataforma elevatória, seria evitada a subida de escada. No entanto, o aeroporto não possui o equipamento. A alternativa apresentada pela empresa, segundo Adriana, seria ser levantada e carregada em uma cadeira até o avião, o que representaria risco. Após a professora registrar um Boletim de Ocorrência (BO) na Polícia Militar (PM), a administração do aeroporto disponibilizou um táxi que a levou até sua residência. Adriana Dias é antropóloga pela Universidade de Campinas (Unicamp) e uma das diretoras do Instituto Baresi - fórum nacional que apoia pessoas com doenças raras visando à inclusão social. Ainda na noite de sexta, a Azul Linhas Aéreas enviou nota afirmando que prestou todo o auxílio possível para que a passageira embarcasse no voo, mas que a cliente exigiu que isso fosse feito pelo ambulift. A empresa disse ainda que a antropóloga não apresentou o Formulário Medif (Medical Information Form), que é exigido em condições adversas de saúde, e não informou à empresa sua necessidade 72 horas antes do voo, conforme a resolução nº 280 da ANAC. O G1 também entrou em contato com a Socicam, empresa responsável pela administração do terminal, que ainda não enviou posicionamento sobre o assunto. Adriana Dias em aeroporto de MG (Foto: Letícia Duarte/G1) Adriana voltou para Campinas de táxi, na madrugada deste sábado (Foto: Letícia Duarte/G1) Sete horas de viagem Ainda cansada e com muitas dores após cerca de sete horas de viagem de carro entre MG e SP, Dias conversou com o G1 na manhã deste sábado (31) e contou porque aceitou a oferta do táxi, mesmo sendo mais desgastante fisicamente. "A administração do aeroporto providenciou um táxi para me levar até Campinas e eu estava louca para voltar para casa. Se pegasse outro voo, de outra empresa, teria que parar em Belo Horizonte (MG), descer em São Paulo (SP) e vir, só que já estava muito cansada”, disse. Na ocasião, ela tentava voltar para casa depois de ter participado de um congresso sobre direitos de pessoas com deficiência em Caxambu (MG). “Era um congresso de pós graduação com diversos cursos e eu estava dando aula justamente sobre direitos de pessoas com deficiências. Olha que ironia. Me senti uma idiota”, contou. A antropóloga disse que, mesmo que não haja o ambulift, é uma obrigação de toda empresa ter uma cadeira robótica, que substitui o equipamento e auxilia no transporte dos passageiros. Eu estava dando aula justamente sobre direitos de pessoas com deficiências. Olha que ironia. Me senti uma idiota" Adriana Dias, antropóloga “A cadeira robótica é uma obrigação da empresa, está previsto em lei. A outra empresa que atua no terminal tinha esse equipamento, mas eles (Azul) sequer pediram emprestado. Eles não tentaram nada para resolver o meu problema. Já viajei com a Azul outras vezes e nunca me pediram nenhum documento. Eles não têm o equipamento e eu sou a errada?”, indagou. Por fim, Dias reiterou que houve falha no atendimento de empresa e afirmou que algo semelhante poderia tomar outra proporção caso se tratasse de uma pessoa sem nenhum contato no local. “O que eu passei e o que eu chorei ontem, não desejo para ninguém. Fico imaginando se fosse uma mãe, trazendo um filho para alguma cirurgia e não tivesse ninguém a quem recorrer. Ela poderia perder essa cirurgia e até a vida do filho. Uma pessoa não pode decidir sobre algo tão importante de um jeito tão arbitrário e truculento”, concluiu, se referindo ao tratamento dado pelo funcionário da Azul. O G1 entrou em contato com a Azul, novamente, na manhã deste sábado (31). A empresa manteve o posicionamento anterior e disse que a mesma resolução da Anac citada diz que a cadeira é um item facultativo, não obrigatório. fonte:g1

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