sexta-feira, 21 de julho de 2017

Estudante cego propõe aplicativo para melhorar acessibilidade em Socorro e estado analisa projeto

Tecnologia é baseada na implementada no metrô de Londres, na Inglaterra. Verba é esperada ainda para este ano.
Por Ivan Lopes, G1 Campinas e Região
A locomoção de deficientes visuais em Socorro (SP) ficará mais fácil, em breve, por meio de um aplicativo. Seguindo o mesmo método de um projeto testado

recentemente no metrô de Londres, na Inglaterra, a ideia, apresentada por um cidadão cego, está em análise na Secretaria de Turismo do Estado de São Paulo.

A verba para a implementação é esperada ainda para este ano.

A tecnologia combina a união de transmissores bluetooth ao princípio do GPS. Isso faz com que o cego saiba por meio de um software de celular exatamente

o ponto em que está numa rua, dentro de um prédio ou um restaurante.

O sistema testado na capital inglesa é chamado Wayfindr e usa dados de localização dos beacons (antenas), via bluetooth, para encontrar a pessoa e fornecendo

instruções por áudio.

A busca pela tecnologia foi impulsionada pelo estudante de análise de sistemas e servidor público de Socorro Jerônimo Ramon Mariano, de 25 anos.

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“Há uns dois anos, eu estava em um hotel na cidade e caminhava para tomar um café e percebi que a placa de sinalização em braile estava suja. Ela fica

na parte externa, mas me irritei e pensei que não é o equipamento ideal. Precisamos avançar”, explica.
fim da citação

Ele nasceu sem 100% da visão e, mesmo Socorro sendo considerada referência no Brasil em acessibilidade - segundo a Prefeitura - trava uma batalha diária

para encontrar mecanismos em busca da melhora da qualidade de vida de quem tem qualquer tipo de deficiência.

'Compramos a ideia'

Mariano, que é aluno da Faculdade Federal de São Paulo, discutiu com o orientador de seu TCC (Trabalho de Conclusão de Curso) a possibilidade de desenvolver

uma pesquisa e criar uma tecnologia. Logo percebeu que seria um investimento caro, fora de seu alcance.

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“Foi assim expondo minha ideia e andanças que alguém me chamou a atenção do método desenvolvido em Londres. Para encurtar, apresentei à Prefeitura, entramos

em contato e recebemos o posicionamento com orientações. Enfim, compramos a ideia”, comenta.
fim da citação

O sistema foi apresentado à Secretaria de Turismo do Estado de São Paulo e por meio do Departamento de Apoio ao Desenvolvimento dos Municípios Turísticos

(Dadetur) o processo foi iniciado. A expectativa é que a verba que financie a implantação, algo em torno de R$ 63 mil para a fase inicial do projeto, saia

ainda este ano.

“Depois vamos fazer estudos por qual ponto da cidade começar”, diz Mariano, que ajuda à Prefeitura e hotéis particulares a aperfeiçoarem todos os sistemas

existentes em Socorro ligados à acessibilidade.

Cristo Redentor de Socorro tem elevador (Foto: Daniel Rosa)
Estância é exemplo

Os investimentos em equipamentos, obras e treinamento de pessoal na área de acessibilidade e inclusão começou por volta de 2007, em Socorro. Primeiro foram

hotéis e clubes que trabalham com o esporte de aventura que deram início ao processo para fazer com que deficientes pudessem praticar com segurança as

modalidades.

Depois, a sociedade abraçou a causa. Atualmente, locais públicos, como biblioteca, museus, centro de exposições e eventos, oferecem condições que permitam

a mobilidade.

Calçada acessíveis, rampas, sinalização em braile, piso tátil são encontrados na área central. O Horto Florestal, por exemplo, conta com jardim sensorial

e o Cristo Redentor é equipado com elevador.

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“Hoje toda a cidade de Socorro comprou a ideia de que acessibilidade é essencial. Somos referência não no esporte de aventura acessível, mas também em

prédios públicos. Cada vez buscamos aperfeiçoar”, diz o secretário de Turismo, Acácio Zavanella.
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Todo o investimento rendeu a Socorro o Prêmio Rainha Sofia de Acessibilidade Universal de Município em 2014. A cidade foi a vencedora da categoria para

até 100 mil habitantes.

No mês passado, a estância do Circuito das Águas Paulista foi destaque do turismo no World Company Award (Woca), edição 2017, realizado em Lisboa, Portugal.


Prática de atividades esportivas em Socorro tem acessibilidade para cadeirantes (Foto: Daniel Rosa)
Cultura envolvida

Além de ser considerada capital da aventura, a cultura sempre esteve atrelada à história de Socorro. É por isso que o multiartista (cantor e ator) Fabrício

Zava resolveu dar sua contribuição à inclusão.

Natural de Socorro, ele faz na cidade, dia 30 de julho, o pré-lançamento do álbum "Intersecções". É o primeiro a ser disponibilizado gratuitamente e traduzido

integralmente para Libras (Língua Brasileira de Sinais).

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“Quando se fala em acessibilidade, logo imaginamos algo estrutural e os prêmios já refletem isso. E a cultura? Se alguém não tem acesso, é excluído. Então,

pensei no álbum também em libras”, comenta.
fim da citação

De acordo com Zava, dois intérpretes se revezarão no palco durante os shows. O lançamento oficial de "Intersecções"erá em agosto, em São Paulo.

fonte g1

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