domingo, 30 de julho de 2017

Como você imagina o seu filho? Mães deficientes visuais respondem e falam de maternidade

G1 reuniu 3 mães de São Paulo com diferentes problemas de visão para falar dos desafios de criar os filhos sem enxergar.
Por Mari Palma, G1
Mães deficientes visuais

Levantar durante a madrugada para trocar uma fralda, dar a papinha, escolher uma roupinha azul ou amarela, por exemplo, pentear o cabelo, passear no shopping:

tarefas comuns no dia a dia de muitas mães, mas grandes desafios para Andreza, de 37 anos, Renata, de 26 anos, e Vanessa, de 33 anos –três mães deficientes

visuais de São Paulo (SP).

No vídeo, elas falam dos desafios da maternidade e contam como imaginam a aparência dos filhos.

“Eu tinha desejado muito ser mãe e a possibilidade de ela nascer e eu não poder vê-la me doía muito”, lembra Andreza. Ela perdeu a visão um mês depois

do parto por causa de um problema no cérebro. “Eu tive que aprender a ser deficiente visual e a ser mãe, as duas coisas que eu não sabia ser”, conta.

Andreza teve então que deixar a independência de lado para conseguir criar a filha. “Era muito difícil ver meu carro parado na garagem, por exemplo, e

não poder sair para passear. Ter que esperar alguém para levar a gente me frustrava”, lembra. Ela conseguiu, porém, se reerguer no meio dessa e de outras

frustrações e decidiu abraçar a situação. “Quando eu falei que ia aceitar o que tinha acontecido comigo, foi quando a minha vida se transformou”, diz.


Para a judoca Renata, de 26 anos, por outro lado, a deficiência visual não era uma novidade – sem enxergar desde os 6 meses de idade, ela criou uma relação

de cumplicidade com o filho. “Eu pensei que ia ter que sentar e explicar em algum momento para ele que a mamãe não enxerga, mas ele sabe", conta.

Segundo ela, o filho aprendeu como é ter uma mãe deficiente visual e começou a ajudá-la no dia a dia. ”Quando ele vai me dar um brinquedo, ele segura minha

mão e coloca o brinquedo. Para o pai, ele estica o bracinho e dá".

O mesmo acontece com as duas filhas de Vanessa, de 33 anos. Elas seguram na mão da mãe para ajudá-la a caminhar, por exemplo, e até ajudam na hora de se

vestir. “Eu pergunto se elas estão arrumadinhas, se uma roupa combina com outra...”, diz.

Vanessa perdeu totalmente a visão aos 4 anos de idade e lamenta não ter conseguido ver o rostinho das filhas na hora do parto. “Todo mundo estava vendo.

Até meu marido. E eu não. A médica me deixou tocar e para mim, foi um baque muito grande”, lembra.

Assim como as outras mães, ela teve então que aprender a enxergar as filhas mais com o coração e a sentir cada necessidade delas. Em relação a aparência

das meninas, Vanessa diz que usa as mãos para "ver". "Ela fica piscando para eu sentir os cílios dela, que são grandes", conta. "Eu quero passar para elas

que ter uma mãe deficiente visual não é um peso, é um orgulho e um exemplo”, conclui.

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