segunda-feira, 24 de julho de 2017

Cão-guia 'funcionária' do Banco do Brasil acompanha dono em palestra no DF

Mellie ‘trabalha’ há três meses em uma agência bancária; animal tem uniforme e até crachá. Dono tem 5% da visão, e está em Brasília para palestra sobre

motivação e acessibilidade.
Por Marília Marques, G1 DF
Thiago e a cão-guia Mellie após atravessarem a rua. (Foto: Marília Marques/G1)
Escriturário de uma agência do Banco do Brasil, Thiago Figueiredo conta com a ajuda de uma "funcionária" especial para as funções do dia a dia. Thiago

é deficiente visual e, há três meses, é assessorado pela golden retriever Mellie – um cão-guia de 1 ano e 9 meses que tem dupla jornada de trabalho.

Pela simpatia e pelo bom desempenho no trabalho, o animal recebeu uniforme e até crachá, que ela carrega junto à guia. Na identificação, uma foto e o nome

estampados. Mellie acompanha o dono em todos os momentos no banco.

citação
“Em todo lugar que eu vou, seja no banheiro, na cozinha ou na bateria de caixa, a Mellie vai comigo. Todos na agência têm o maior carinho com ela.”
fim da citação

De acordo com Thiago, durante o expediente, a companheira leva o trabalho a sério. “Quando está com a guia, ela fica muito compenetrada e sabe que está

em ‘serviço’."

Na agência, a cachorrinha ganhou um espaço só pra ela. “Eu coloquei um colchonete ao lado da minha mesa de trabalho, ela deita e fica lá, tranquilona.

Tem até um ossinho”.

Nos intervalos, os dois saem para uma caminhada – e o dono já sabe identificar os sinais de que está na hora da Mellie fazer as necessidades, de duas a

quatro vezes por dia. Por ser cão-guia para pessoas cegas, o animal é treinado para respeitar comandos de voz e evitar situações de perigo. "Ela me desvia

de todos os obstáculos, buracos, placas e pessoas", explica.

citação
"Para atravessar a rua, a prerrogativa é minha, mas se está perigoso a Mellie não atravessa. É uma autonomia fantástica.”
fim da citação

Thiago Figueiredo atravessa a rua com a ajuda da cão-guia, Mallie.

No caso do Thiago e da Mellie, os comandos são emitidos em inglês porque a golden retriever foi treinada nos Estados Unidos. A escolha de procurar um animal

fora do país, segundo o escriturário, foi tomada após aguardar por 10 anos na fila de espera de instituições brasileiras e, mesmo após este tempo, não

ter previsão para receber a doação.

De acordo com Thiago, a instituição americana treina em média 160 animais por ano. No Distrito Federal, segundo os dados repassados pela Associação Brasiliense

de Ações Humanitárias (ABA), em 11 anos, 49 animais foram entregues a pessoas com deficiência visual.

Motivação

Com apenas 5% da visão, o escriturário do Banco do Brasil, Thiago Figueiredo, trabalha em uma agência em Minas Gerais. Neste fim de semana, ele veio a

Brasília para uma palestra sobre motivação e acessibilidade para funcionários do banco que atuam na capital federal.

Ao G1, ele contou que ainda na infância foi diagnosticado com astigmatismo, hipermetropia e uma doença degenerativa, identificada aos 5 anos, conhecida

como retinose pigmentar, uma condição capaz de causar a degeneração da retina.

Aos funcionários do banco, ele vai contar sua história de vida, o dia-a-dia com a Mellie e sobre o uso de um aplicativo para leitura da tela do computador.

O servidor, de 33 anos, foi aprovado em concurso em 2015.

A tecnologia, segundo o diretor-executivo de Gestão de Pessoas da instituição, João Batista Gimenez, é uma aliada no ambiente de trabalho e facilita a

vida de mais de 1,5 mil pessoas com deficiência que atuam no Banco do Brasil.

A cachorrinha Mellie é a primeira cão-guia "funcionária" do banco.

Mellie posando com o uniforme e crachá do banco. (Foto: Marília Marques/G1)
Serviço:

Em Brasília, a Associação Brasiliense de Ações Humanitárias realiza o treinamento de cães-guias e, há 11 anos, doa animais para pessoas com deficiência

em todo Brasil. Em mais de uma década de trabalho, 49 pessoas cegas já receberam ao menos um cachorro. Ainda neste mês, outros 10 devem finalizar o treinamento

para serem guias.

Para entrar na lista de espera, é preciso
entrar em contato, por e-mail, com a associação.
Atualmente, 300 pessoas aguardam por um animal guia da instituição.
fontte g1

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