Dono da fazenda, advogado foi preso nesta quinta-feira (20) em MT e prestou depoimento. Deficiente vivia em situação análoga à escravidão perto de chiqueiro
em fazenda e foi resgatado.
Por G1 MT
Deficiente resgatado que teve perna roída por ratos vivia em condições desumanas, segundo a polícia (Foto: Polícia Civil de MT)
O deficiente físico e visual que foi resgatado no início do mês em uma fazenda em Colniza, a 1.065 km de Cuiabá, vivia em condições desumanas, segundo
a Polícia Civil.
Ele foi resgatado em situação análoga à escravidão na fazenda de um advogado,
identificado como Robson Medeiros, de 42 anos. O funcionário é cego de um olho, tem uma perna amputada e é portador de hanseníase.
O advogado teve a prisão decretada pela Justiça Federal e foi preso nessa quinta-feira (20) ao procurar a delegacia para saber quando seria ouvido na investigação,
sem saber que tinha uma ordem judicial contra ele. O interrogatório do suspeito foi até a noite e a polícia ainda não divulgou detalhes sobre o depoimento.
O delegado responsável pelo caso, Edison Ricardo Pick, disse que o advogado negou algumas informações e confirmou outras. O G1 não localizou a defesa dos
suspeitos.
Deficiente vivia em situação análoga à escravidão perto de chiqueiro em fazenda e foi resgatado (Foto: Polícia Civil de MT)
Foram cumpridas sete ordens judiciais, entre mandados de prisão, de busca e apreensão, e de condução coercitiva. A Justiça Federal também expediu a prisão
temporária (de cinco dias) contra um idoso, de 72 anos, ex-sogro do advogado, além da condução coercitiva para a atual mulher do advogado.
Tanto o advogado quanto o ex-sogro são suspeitos de sequestro e cárcere privado, situação análoga à escravidão, maus tratos e favorecimento sexual. As
buscas foram feitas na casa e no escritório do advogado, e em duas propriedades rurais dos investigados.
Há um banheiro adequado com sanitário e chuveiro, porém, os proprietários o deixam trancado com cadeado e corrente, obrigando a vítima a tomar banho de
mangueira (Foto: Polícia Civil de MT)
As ordens foram decretadas pelo juiz federal Antônio Lúcio Túlio de Oliveira Barbosa, da Subseção Judiciária de Juína do Tribunal Regional Federal (TRF).
Deficiente, cego e atacado por ratos
O trabalhador tem deficiência física e visual ocasionadas por acidentes de trabalho nas fazendas do advogado. O funcionário, que nunca teve carteira assinada
e recebia apenas moradia e comida pelos trabalhos prestados, ficou cego do olho esquerdo devido a um acidente de trânsito em 2015 e amputou uma perna em
razão de ferimento causado quando apagava um incêndio na propriedade.
Quando foi resgatado, o trabalhador morava em um quarto com muitos ratos e próximo ao chiqueiro. O local ainda funciona como depósito para armazenamento
de produtos agropecuários, rações e ferramentas.
A vítima é portadora de hanseníase e não sente dores no corpo. Há quatro meses, ratos roeram a perna dele enquanto a vítima dormia. Ao se levantar, o trabalhador
percebeu as poças de sangue no colchão. Devido às deficiências, o lavrador não conseguia fazer a sua comida e esperava que outros funcionários da fazenda
levassem a refeição para ele.
Os policiais constataram que na fazenda há um banheiro adequado com sanitário e chuveiro, porém, os proprietários o deixam trancado com cadeado e corrente,
obrigando a vítima a tomar banho de mangueira atrás da casa, ou em uma lagoa onde divide o espaço com porcos, bois e cavalos.
De acordo com a vítima, seus documentos pessoais estão há um ano em poder do ex-sogro do patrão, supostamente para dar entrada em sua aposentadoria.
Muito debilitado, o trabalhador foi encaminhado para atendimentos médicos e está, atualmente, na casa de um familiar.
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