quinta-feira, 9 de novembro de 2017

Jovem que teve que retirar aparelho para fazer Enem terá sala separada na 2º prova; exame pagará conserto

Inep afirma que o estudante não solicitou 'atendimento especializado' no ato de inscrição; pai registrou Boletim de Ocorrência.
Por G1 Piracicaba e Região
Aparelho foi guardado por fiscais e devolvido depois da prova ao estudante de Santa Bárbara d'Oeste (Foto: Luciano Tolentino/EPTV)
O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) informou na tarde desta quarta-feira (8) que
o estudante de Santa Bárbara d'Oeste (SP) que teve que retirar o aparelho auditivo para fazer o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem)
do domingo (5) fará o segundo dia de prova em uma sala extra, sozinho. Além disso, que o conserto do aparelho, que foi danificado segundo o pai do jovem,

será custeado pelo consórcio aplicador do exame.

O pai do jovem, Lourival Ribeiro, de 45 anos, registrou um Boletim de Ocorrência após a prova do domingo e relatou que o filho teve que retirar o aparelho

para realizar o exame. Segundo o homem, a deficiência auditiva do filho foi comunicada e consta no comprovante de inscrição.

De acordo com o Inep, o estudante "não solicitou qualquer tipo de atendimento especializado no ato de inscrição, nem informou, ao chegar ao local de aplicação,

ser deficiente auditivo e, que por essa razão, usava aparelho de surdez".

Além disso, o instituto afirma que a retirada do aparelho foi "solicitada" pelo coordenador municipal de aplicação da prova e que todo o manuseio para

desligar e tentar retirar a bateria foi feita pelo próprio candidato.

Cartão de comprovação do estudante consta que ele é deficiente auditivo, mas que não necessita de 'recurso' (Foto: Reprodução/EPTV)
Segundo a assessoria de imprensa do Inep, o jovem não fará novamente a primeira parte da prova, mas realizará o segundo dia em sala separada. Esse é o

procedimento em casos de deficiência auditiva, de acordo com a assessoria.

Retirado duas vezes da sala

Durante a prova, o participante foi retirado da sala para fiscalização por duas vezes, segundo o Inep. Ambas foram motivadas por reclamações de outros

participantes da prova. "Na primeira delas, ainda sem informar que utilizava o aparelho, o participante foi submetido à revista por meio de detector de

metais, e foi liberado para retornar à sua sala, após uma fiscal volante informar que se tratava de um deficiente auditivo", diz, por nota, o Inep.

Depois de receber outras reclamações, o coordenador municipal foi até o local em que o jovem fazia prova e retirou o participante da sala pela segunda

vez. Segundo o Inep, foi nesse momento que o coordenador pediu que o jovem tirasse o aparelho.

"Por esse motivo, foi solicitado que o próprio participante retirasse a bateria do mesmo, sem sucesso na tentativa de retirá-la, porém conseguindo silenciar

o aparelho", disse o instituto.

Conserto

O consórcio aplicador da prova, a Fundação Cesgranrio, entrou em contato com o pai do participante. Segundo o Inep, Lourival falou à Cesgranrio que o filho

já dispõe de um aparelho auditivo para a realização das provas do próximo domingo, e que o aparelho danificado teria sido encaminhado para conserto. O

consórcio aplicador irá arcar com os custos do reparo do aparelho.

'Prova ficou comprometida'

Lourival informou que recebeu um representante da Cesgranrio nesta quarta-feira (8) e confirmou que eles vão arcar com o conserto. Segundo ele, apesar

disso, "a parte do constrangimento, a parte moral de tudo" fica sem solução.

"A prova ficou comprometida porque abordaram ele duas vezes", lamenta o pai. Segundo ele, o adolescente está no último ano do Ensino Médio e quer cursar

Engenharia Mecânica, mas não tem muitas esperanças em conseguir uma vaga neste Enem.

Lourival Ribeiro, pai do estudante, afirma que o filho foi prejudicado (Foto: Luciano Tolentino/EPTV)
O caso

fonte g 1 O caso aconteceu neste domingo (5) no campus da Faculdade Anhanguera (FAC), em Santa Bárbara d’Oeste (SP), onde era aplicada a primeira fase
do Enem. O
estudante foi retirado da sala, obrigado a passar pelo detector de metais e teve que retirar o aparelho de audição.

Em entrevista à EPTV nesta terça-feira (7), o pai do estudante, Lourival Ribeiro, contou que estava preocupado porque não sabia como o menino faria a prova

no próximo domingo (5). Segundo ele, o equipamento foi devolvido pelos fiscais quebrado e, sem ele, o jovem seria prejudicado.

O contramestre de 45 anos informou que o aparelho foi comprado por R$ 6,4 mil. Ribeiro afirmou ainda que a surdez do filho foi comunicada e constava no

comprovante de inscrição. Mesmo assim, ele teve que passar pelo detector de metais e retirar o aparelho para realizar a prova. Segundo o relato do pai,

os fiscais desconfiaram que o equipamento seria um ponto eletrônico.

Com isso, o estudante teve que fazer as 90 questões e a redação, cujo o tema era "Desafios para a formação educacional de surdos no Brasil", sem o aparelho,

o que prejudicou o jovem, segundo o pai.

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