segunda-feira, 6 de novembro de 2017
Grafias do braille vão ser aplicadas na Matemática, Música e Ciências
da República. O que isto implica é que a partir de agora o braille adaptado ao português vai ter mais aplicações no ensino e no quotidiano. “Queremos publicar,
na sequência deste decreto lei, as diferentes grafias adaptadas às ciências: a da Matemática, como se fazem sinais em braille, a grafia musical com os
carateres musicais em braille, a grafia química, a física. Vamos aprovar esse despacho em breve para que seja aplicado nas escolas, na produção de livros
para os alunos que estejam a estudar”, adiantou, em declarações ao DN, a secretária de Estado da Inclusão das Pessoas com Deficiência, Ana Sofia Antunes,
ela própria invisual e que tirou o seu curso de Direito na Universidade de Lisboa sem ter, na altura, a possibilidade de adquirir livros em braille.
“Os alunos cegos continuam a precisar de livros em braille. Vão sendo atualizados e todos os anos saem novas edições. É preciso adaptar os manuais escolares
para as novas edições”. O esforço tem sido “o de conseguir que os alunos cegos tenham esses manuais o mais cedo possível, porque o que constatámos é que
estavam a chegar com vários meses de atraso, o que condiciona a sua utilidade para os estudantes”. A secretária de Estado explicou que já existem em Portugal
diversos materiais com aplicação neste código tátil: para além dos livros, medicamentos e até detergentes e outros produtos de supermercado com rotulagem
em braille. “Temos a possibilidade de requerer rotulagem em braille dos produtos que adquirimos nos supermercados, de acordo com a lei. Progressivamente
algumas marcas de produtos consumíveis já foram incorporando de raiz o braille. É o caso de algumas marcas de detergentes, de vinhos, cafés, que tiveram
o cuidado de prever na sua cartonagem que a embalagem já trouxesse braille de origem”.
No fundo, o Governo pretende que o código de leitura e escrita tátil vá cada vez mais longe. “Queremos ter ementas em braille nos restaurantes, números
em braille nos quartos dos hotéis para que as pessoas se orientem, e por aí fora”. O que não havia, antes do decreto lei publicado ontem, era uma norma
que oficializasse a forma como este código de leitura e escrita tátil deve ser adaptado à língua portuguesa, que é específica. “O código é universal mas
depois é adaptado às várias línguas. Nós em Portugal precisamos de carateres que adaptem as vogais acentuadas porque não temos no braille a capacidade
de pôr um acento em cima de uma letra, por exemplo. O que temos de fazer é ter um sinal diferente para fazer um a, outro diferente para fazer um a til,
um a agudo e por aí fora”.
Votar em braille nas eleições
Também está, para apreciação na Assembleia da República, o diploma que aprova o voto em braille. “O Parlamento ainda quererá fazer alterações ao diploma,
no sentido da sua melhoria, mas acredito que já seja viável o voto em braille nas próximas eleições em Portugal”, que serão as legislativas e as europeias,
ambas em 2019.
A comunidade de cegos e pessoas com baixa visão em Portugal é composta por 160 mil pessoas. Nem todas utilizarão o braille, como lembra a Ana Sofia Antunes,
mas todas poderão beneficiar deste código tátil.
Fonte: site DN por Rute Coelho com foto da internet.
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