sábado, 11 de novembro de 2017

Deficiente visual torce por prova de Matemática com menos gráficos: “dificulta demais nossa resolução”

Aos 32 anos, ele terminou o Ensino Médio só aos 24 após professora da infância afirmar que ele não tinha capacidade para aprender.
Por G1 PA
Um dos problemas enfrentados por Rodrigo Almeida no Enem, deficiente visual e que fará o Exame pela sétima vez este ano, são os gráficos das questões da

prova de matemática. Segundo ele, a quantidade e os tipos de gráfico atrapalham a resolução das questões.

Durante a prova do Enem, pessoas como Rodrigo contam com a ajuda de um(a) ledor(a), profissional que lê as questões para os estudantes e, em seguida, marcam

o cartão resposta após a resolução dos alunos. Mas, de acordo com ele, as vezes os próprios ledores não conseguem decifrar os gráficos de maneira que se

torne entendível para os deficientes visuais.

citação
“Infelizmente a leitura nesse caso não é o suficiente, os gráficos são complicados, e até mesmo os ledores não conseguem explica-los para nós, aí complica.

Sou bom de matemática, faço as questões de cabeça e costumo acertar mais da metade da prova, só que toda vez que tem gráfico complica muito”, desabafou

o estudante.
fim da citação

Outro problema comentado por ele é o tamanho dos textos. “Entendo que as provas de algumas matérias são muito interpretativas, mas acho os textos muito

longos e para nós, que dependemos da leitura de outra pessoa, é mais complicado, temos que ter a atenção muito maior do que de qualquer outro aluno”, comentou.


Cego completamente desde os 17 anos, ele superou os desafios e conseguiu terminar o Ensino Médio (Foto: Arquivo Pessoal)
Cego completamente desde os 17 anos, ele superou os desafios e conseguiu terminar o Ensino Médio (Foto: Arquivo Pessoal)

Rodrigo tem hoje 32 anos, nasceu com um problema na visão que o fazia enxergar apenas parcialmente, mas a perdeu completamente aos 15 anos. Natural de

Capitão Poço, município do nordeste do Pará, parou de estudar na 1ª série (hoje 2º ano do Ensino Fundamental), após uma professora dizer que ele não tinha

capacidade de aprender.
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“A fala dessa professora foi extremamente motivadora para mim, mesmo eu sendo tão criança. O problema é que acabei ficando sem estudar até os 17 anos.

Foi quando minha mãe conseguiu me trazer para morar em Belém com ela e então eu poder frequentar uma escola que me aceitasse e me atendesse e reiniciei

todos os estudos, desde a alfabetização e encerrei o Ensino Médio em 2009”, contou.

Desde então, Rodrigo tem tentado passar no vestibular para Direito, mas ainda sem sucesso. “Fiz cursinho nos anos de 2011 e 2012, mas não consegui. A partir

de então acabei preferindo estudar sozinho. Fiz Enem em 2013, 2014, 2015 e estou fazendo esse. Sempre tentei o Direito, mas dessa vez vou me inscrever

em pedagogia, e acredito que dará certo”, finalizou.

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