quarta-feira, 12 de agosto de 2015
Tecnologia usada em video games ajuda deficientes visuais a enxergarem o mundo através de sons
Um projeto experimental da Unicamp em parceria com a Microsoft promete aproveitar uma tecnologia já utilizada em video games para ajudar deficientes visuais
a enxergarem o mundo e até mesmo reconhecer rostos através de sons.
O dispositivo usa a tecnologia do sensor de movimentos Kinect, do video game Xbox, da Microsoft, para detectar o que existe no ambiente. O sensor conta
com duas câmeras, sendo que uma delas é capaz de emitir e capturar luz infravermelha, que é reconhecida por um algorítimo que atribui à ela um valor de
profundidade, ajudando a determinar a distância que o objeto ou obstáculo está. Assim, com base nesses dados é possível identificar objetos e pessoas no
ambiente, depois todas as informações são transmitidas para o usuário através de sons para que ele consiga de fato identificar o que está a sua volta através
destes recursos sonoros.
Em parceria com o pesquisador Dinei Florêncio, da Microsoft, os estudantes da Unicamp desenvolveram um protótipo usando como base uma capacete de skate
onde o sensor do Kinect e suas duas câmeras ficam acopladas na parte de cima e foram conectados a um laptop com grande poder de processamento de informações,
além de um giroscópio, acelerômetro e bússola, dispositivos que ajudarão a rgistrar as mudanças na posição da cabeça, tornando a percepção do ambiente
ainda mais real e imediata.
Com este equipamento na cabeça e o laptop na mochila, “Os dados do ambiente captados pela câmera são processados pelo computador, que retorna a informação
para o usuário em áudio”, explica Siome Klein Goldenstein, professor do Instituto de Computação da Unicamp e coordenador do projeto.
Para ouvir os avisos sonoros o usuário conta com um fone com a tecnologia chamada bone conduction, que permite que o som seja transmitido aos ouvidos por
meio da condução do áudio pelos ossos do crânio, fazendo com que os ouvidos em si fiquem livres para que o usuário não abafe um sentido na hora de se locomover,
podendo assim ficar atento a qualqur outra fonte sonora do ambiente.
Dentre todas as funcionalidades que o projeto pretende ter, a que foi finalizada até o momento foi a capacidade de detectar e reconhecer pessoas em um
ambiente fechado. Para que tal aplicação funcione é preciso primeiramente cadastrar as pessoas. “Utilizamos uma técnica de localização de face e empregamos
um algoritmo para classificação de cada uma das pessoas do cadastro”, explica Laurindo de Sousa Britto Neto, doutorando no Instituto de Computação da Unicamp
e participante do projeto. Dessa forma, quando uma pessoa cadastrada entra no ambiente, o aparelho é capaz de identificá-la e informar o nome da pessoa
para o deficiente visual e ainda indicar onde esta pessoa está através de um som 3D.
O desenvolvimento deste recurso de áudio em 3D mereceu uma atenção especial e seu estudo foi conduzido pelo deficiente visual equatoriano Felipe Grijalva
Arévalo, que chegou ao Brasil em 2012 para fazer mestrado sob orientação do professor Luiz César Martini, da Faculdade de Engenharia Elétrica e de Computação
da Unicamp. Como cada pessoa reage a este tipo de estímulo sonoro de maneira diferente, até porque a estrutura óssea da cabeça de uma pessoa nunca será
igual a de outra, foi preciso desenolver um processo de personalização do áudio em 3D. “A abordagem mais simples consiste em usar medidas já conhecidas
de anatomia da orelha e, a partir daí, traçar um modelo de personalização”, relata Felipe. Ele pesquisou o tema na sua dissertação de mestrado, coorientado
por Siome, e atualmente continua a trabalhar com áudio 3D em sua tese de doutorado.
Além de ajudar a identificar pessoas, o sistema de navegação que está sendo desenvolvido para o acessório promete ajudar os deficientes a se orientarem
nas ruas, ajudando na detecção de obstáculos à frente, tais informações serão reportadas ao usuário ajudando-o a desviar.
Já foram realizados testes em pessoas vendadas, agora equipe espera a aprovação do Comitê de Ética da Unicamp para testar o protótipo com deficientes visuais.
Após a finalização de todos os testes e experimentações para a validação do sistema, a equipe poderá levá-lo ao grande público.
Via
Revista Pesquisa Fapesp
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