quinta-feira, 27 de agosto de 2015
Deficientes sem vida cultural, outra falha na acessibilidade
Eduardo Ramon tem que enfrentar degraus sem nenhum tipo de ergonomia e uma rampa acima da altura ideal
Eduardo Ramon tem que enfrentar degraus sem nenhum tipo de ergonomia e uma rampa acima da altura ideal
Acessibilidade e deficiência andam juntas, certo? Errado. Em Alagoas, 24% da população é portadora de necessidades especiais, aproximadamente 700 mil pessoas.
São cidadãs e cidadãos que até que têm uma grande vontade de ter uma vida cultural, mas quando pensam na dificuldade, sobretudo pela falta de acesso, desistem.
A Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência é enfática ao afirmar que a igualdade de oportunidades é direito de todos, e que é garantida
a acessibilidade destas pessoas a bens culturais em formatos acessíveis, sobretudo, acesso aos locais que ofereçam estes serviços, como teatros, museus,
cinemas, bibliotecas, entre outros.
No entanto, o único lazer cultural que os portadores de necessidades especiais têm se resume às datas comemorativas. Para a tristeza dos deficientes, uma
das barreiras arquitetônicas começa por quem deveria ser exemplo, na calçada principal da Secretaria Estadual de Cultura (Secult), localizada na Rua Pedro
Paulino, no Centro da capital alagoana.
O portador de necessidade visual Eduardo Ramon dos Santos, de 11 anos, é aluno da Escola de Cegos Cyro Accioly, e demonstra para a reportagem sua dificuldade
de acessibilidade para conseguir chegar à recepção da Secult.
Guiado por sua professora Albanize Mirindiba Bonfim, o obstáculo começou no caminho repleto de buracos, depois vêm os degraus sem nenhum tipo de ergonomia
e uma rampa acima da altura normal.
O garoto por pouco não caiu ao tentar se equilibrar para subir os degraus da secretaria. E ainda, no final do corrimão, se deparou com uma coluna de sustentação
que o impedia de passar e chegar ao seu destino, que era a recepção.
“Se na própria Secretaria de Cultura é assim, imagine nos espaços culturais, quem deveria dar exemplo é o primeiro a falhar. Existe uma lei que assegura
a acessibilidade, mas é muito bonita só no papel”, desabafou a professora Albenize Mirindiba que milita há 30 anos na educação inclusiva.
Ela tem voz e experiência suficiente para afirmar que: “briga o tempo todo para que haja acessibilidade em todos os lugares, para que o deficiente seja
tratado como cidadão”. No entanto, o que Albenize percebe, é uma extrema rejeição e preconceito da população, o que, segundo ela, faz com que os deficientes
se constranjam e se tranquem dentro de casa por falta de acessibilidade no meio cultural.
Fonte: Tribuna Hoje
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