sexta-feira, 16 de fevereiro de 2018

Crescem alunos com deficiência na rede 

Sesi Roosevelt é uma das escolas que conta com alunos com deficiência
desde o ensino infantil / Foto: Arquivo Pessoal
Aos poucos, Uberlândia tem conseguido aumentar a inclusão de alunos com
deficiência no sistema de ensino regular. De acordo com o Senso Escolar,
na rede
municipal, o número de matrículas teve maior crescimento no ensino
fundamental, que passou de 1.279 inscritos em 2013, para 2.240, no
último ano, o que
representa alta de 75%. Já na rede estadual, o ensino médio teve maior
crescimento no período avaliado, passando de 57 matrículas em 2013, para
310 em
2017 (alta de 443%).

A coordenadora de ensino da educação especial da Secretaria Municipal de
Educação, Maria Isabel de Araújo, afirma que os aumentos das matrículas
aconteceram
por conta das orientações legais do Ministério da Educação, do Estado e
da política de inclusão adotadas pelo município desde 1990.

"A procura está muito grande porque os pais estão sabendo dessa política
de respeito às diferenças. Isso não está acontecendo só por conta das
questões
legais, há todo um movimento de direitos humanos que respeita o
potencial da pessoa", disse.

Sobre o maior índice de crescimento de matrículas no ensino fundamental,
a coordenadora justifica o fato de inexistir, anteriormente, a educação
inclusiva
no período escolar infantil. "Começou primeiro no ensino fundamental,
porque muitos alunos já tinham a idade escolar, mas estavam fora do
sistema regular
de ensino, em escolas especiais. Com a política de educação inclusiva
eles começaram a adentrar no sistema tradicional. Daí como a maioria já
tinha idade
escolar, já entrou para o ensino fundamental", explicou.

Segundo o Senso, em 2017 o número de matrículas de pessoas com
deficiência no ensino infantil da rede municipal foi quase o dobro do de
2013, com 481 contra
243, respectivamente.

Maria Isabel afirmou que cabe ao sistema educacional possibilitar aos
alunos com deficiência as melhores condições para o desenvolvimento de
habilidades.
"A educação era excludente, mas hoje não. A educação tem que buscar
trabalhar com práticas pedagógicas, com a organização do trabalho
pedagógico da escola,
de forma a atender a todos que estão na escola", afirmou.

SUPORTE

A coordenadora conta que os alunos com deficiência matriculados no
ensino regular e no universo da escolarização têm atendimento
educacional especializado,
que é trabalhado para atender as necessidades de cada um. "No turno da
escolarização, alguns têm um acompanhador que faz o trabalho de higiene,
alimentação
e locomoção dos que não conseguem e também tem o professor de apoio", disse.

Ela afirmou que o Centro Municipal de Ensino disponibiliza formação
contínua e sistemática. De acordo com a coordenadora, para atuarem na
educação especial
os professores têm obrigação de cumprir um módulo de formação em
educação especial. Ela explicou que são disponibilizados cursos para
cuidador, professor
de apoio, professor de 1° ao 5° ano para a educação especial e professor
do 6° ao 9°.

Quanto à estrutura, a coordenadora afirma que as escolas têm de estar
sempre aptas a se adequarem. "Não diria sempre preparada porque a gente
nunca está
completamente preparada. Cada caso é um caso", justifica Maria Isabel.

ESTADO

O superintende regional de ensino de Uberlândia, Jakes Santos, afirmou
que o Estado também conta com diretrizes estaduais para a inserção de
estudantes
com deficiências, Transtornos Globais do Desenvolvimento (TGD) e Altas
Habilidades/Superdotação. Ele afirmou que, para isto, também há formação
continuada
dos educadores, bem como a adequação dos espaços escolares.

“Quando as escolas recebem a matrícula do estudante da educação
especial, ou a informação de que este será matriculado em escola da
nossa rede, a equipe
multiprofissional é acionada para realizar visita à escola, para tomar
conhecimento do caso e, a partir de então, organizar a melhor estratégia
de capacitação
para os profissionais da unidade que irão atender este aluno”, disse.

Ainda de acordo com o superintendente, o objetivo da rede estadual é
tornar a escola um espaço democrático que acolha e garanta a permanência
de todos
os alunos, sem distinção social, cultural, étnica, de gênero ou em razão
de deficiência e características pessoais.

SALA DE AULA

Pais dividem opiniões sobre preparo das escolas
Mesmo com o crescimento da inclusão do aluno com deficiência nas escolas
comuns, alguns pais ainda se queixam da falta de profissionais
capacitados para
o atendimento às necessidades e limitações dos filhos no sistema de
ensino. Por outro lado, também há quem esteja satisfeito.

No geral, ainda de acordo com os pais, o atendimento varia de escola e
profissional. Mesmo os que reclamaram do atual serviço disseram que, em
algum momento
da educação do filho, encontraram com serviços de qualidade e educadores
especializados.

É o caso da Sueli Ferreira da Costa, mãe do estudante Admisson Antônio
Eugenio Junior, deficiente físico (não cadeirante) e auditivo, que hoje
está com
21 anos, aluno do 3° ano EJA da escola estadual José Ignácio de Sousa,
no bairro Brasil, setor central.

A mãe contou que a escola não possui profissional especializado para
acompanhá-lo e que os professores não estão capacitados. "Quando eu fui
lá fazer a
matrícula, eles disseram que não teria pessoa especializada para ficar
com ele, no caso, se ele fosse cadeirante. A dificuldade dele é só na
audição, mas
ele ganhou um aparelho auditivo da UFU e leva para a sala de aula ", disse.

Ela também afirmou que, apesar de não serem especializados, os
professores procuram sempre ajudar seu filho. "Eles procuram fazer o
melhor, colocando-o
na frente, explicando. Ele conseguiu passar o primeiro, o segundo, agora
ele foi para o terceiro ano", disse.

Em comparação, Sueli afirmou que quando o filho frequentava a Escola
Estadual Rotary, no Tibery, na zona leste, onde fez do 3° ao 8° ano do
fundamental,
havia sempre visita de pedagoga especializada da Associação de
Assistência à Criança Deficiente (AACD) para orientar os professores de
acordo com as necessidades
de Admisson. "Nos primeiros dias que ela ia funcionava, mas depois
passava o tempo e não faziam mais nada", afirmou.

Mesmo assim, entre um acompanhamento especializado e outro, o menino foi
encaminhando a educação. Pegou algumas dependências, mas conseguiu
concluir o
fundamental.

Diferentemente de Sueli, Nubia Menezes Gonçalves Maraques, mãe de
Vinícius Menezes de Freitas, que também é deficiente físico
(cadeirante), portador de
Mielomeningocele, afirma que apesar da ausência do atendimento
especializado, o suporte que os professores dão ao filho contempla suas
necessidades. Hoje
o estudante está com 18 anos, matriculado no 1° ano do ensino médio da
Escola Estadual João Rezende, no bairro Custódio Pereira, na zona leste.

Na escola existe um banheiro especial para o aluno. "Ele consegue
realizar todas as atividades de higiene sozinho, por isso não há
necessidade de acompanhamento
profissional", disse. Sobre a estrutura da escola, Nubia também não tem
reclamações. "Quando fui fazer a matrícula eles já haviam feito a rampa
e estavam
adaptando o banheiro. O elevador ainda não tinha, mas eles colocaram
depois", finalizou.

Rosalina Cândida Teixeira, mãe de Fernanda Teixeira dos Reis, de 17
anos, também não tem reclamações do atendimento dos professores. A filha
estuda no
1° ano do ensino médio na Escola Sesi Roosevelt, também na zona leste,
onde frequenta desde o ensino infantil. "Lá não tem psicopedagoga, mas a
pedagoga
está sempre acompanhando e tem aula de reforço. A escola está preparada
para atender às necessidades dela, os profissionais são muito bem
preparados e
até hoje não tenho nada para reclamar", disse.
fonte Diário de Uberlândia

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