quinta-feira, 13 de abril de 2017

Polícia apura suposta agressão a deficiente órfão em abrigo de Ribeirão Preto

Polícia apura suposta agressão a deficiente órfão em abrigo de Ribeirão Preto Homem de 32 anos disse ter caído da cama, mas foi submetido a exame de corpo de delito. Deficiente mental, ele foi abandonado pelo tio após a morte da mãe. Por Adriano Oliveira e LG Rodrigues, G1 Ribeirão e Franca APolícia Civil investiga uma suposta agressão sofrida pelo deficiente intelectual de 32 anos que passou a viver em um abrigo para moradores de rua, após a morte da mãe em Ribeirão Preto (SP). O rapaz passou por exame de corpo de delito na manhã desta segunda-feira (20). A história de abandono ganhou repercussão em janeiro, depois que mães de alunos da Associação dos Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae) passaram a buscar uma forma de amparar o homem, deixado na instituição por um tio, no dia do enterro da mãe. A mobilização fez com que um irmão do deficiente, que não mantinha contato com ele há 12 anos, se oferecesse para assumir os cuidados. O irmão já ingressou com uma ação na Justiça para se tornar curador do rapaz, mas o pedido ainda não foi julgado. A Prefeitura de Ribeirão informou que instaurou uma sindicância para apurar a suspeita de agressão dentro do abrigo, mas o secretário de Assistência Social e vice-prefeito, Carlos Cézar Barbosa, descartou falha ou negligência por parte dos funcionários. Desde janeiro, deficiente vive em abrigo para moradores de rua (Foto: Valdinei Malaguti/EPTV) Desde janeiro, deficiente vive em abrigo para moradores de rua (Foto: Valdinei Malaguti/EPTV) Lesão corporal O boletim de ocorrência por lesão corporal foi registrado no 1º Distrito Policial pelo presidente da Câmara Municipal, Rodrigo Simões (PDT), após receber uma denúncia no último sábado (18), sobre a suposta agressão sofrida pelo deficiente. Simões afirmou que assessores e advogados dele chegaram a ir ao abrigo municipal no sábado, mas foram impedidos de entrar e se encontrar com o rapaz. Por esse motivo, decidiu levar o caso até a Polícia Civil. Na manhã desta segunda-feira, a delegada Patrícia Buldo pediu a realização de exame de corpo de delito, que foi realizado no Instituto Médico Legal (IML). Em seguida, o deficiente foi levado à Apae, onde tem passado as manhãs e as tardes, de segunda a sexta-feira. Queda O coordenador do abrigo municipal, Eduardo Barbosa, também nega qualquer tipo de negligência ou omissão por parte dos funcionários que atuam no local. Segundo ele, o próprio deficiente afirmou ter caído da cama durante a madrugada da última quinta-feira (16). Barbosa contou que o rapaz sentiu-se mal na Apae na quarta-feira (15) e, quando retornou ao abrigo durante à noite, foi levado a uma unidade de saúde. O deficiente foi medicado e liberado. Ao chegar na instituição, recebeu os medicamentos regulares e dormiu. “Quando ele toma os remédios, fica um pouco sonolento. Ele foi deitar e só no outro dia apareceu com o olho roxo. Levamos novamente ao posto de saúde para saber se havia outro tipo de lesão na cabeça, alguma coisa mais profunda, mas não havia nada grave”, afirmou. Ainda de acordo com o coordenador do abrigo, ao ser questionado sobre o hematoma, o rapaz disse ter caído durante a madrugada. Barbosa destacou também que os médicos avaliaram e não encontraram outras lesões no corpo dele. “Se fosse constatada uma agressão de fato, o médico já teria feito serviço preliminar, que é acionar a polícia, registrar boletim de ocorrência, por se tratar de uma pessoa especial. Mas, ele foi duas vezes ao posto [de saúde] e nada disso foi feito”, disse. Barbosa contou que os internos do abrigo têm uma boa relação com o deficiente e sempre o ajudam a se alimentar. Além disso, afirmou que o rapaz tem o hábito de acordar durante a madrugada para caminhar no pátio e chega a entrar em outros quartos. “O interessante é que ele está na Cetrem [abrigo] há três meses e nunca apareceu nenhum vereador para visitá-lo. Não há omissão da secretaria de Assistência Social, muito pelo contrário, fomos os únicos que o acolhemos”, afirmou. Eduardo Barbosa, diretor do abrigo, nega falha ou negligência dos funcionários (Foto: Valdinei Malaguti/EPTV) Eduardo Barbosa, diretor do abrigo, nega falha ou negligência dos funcionários (Foto: Valdinei Malaguti/EPTV) Eduardo Barbosa, diretor do abrigo, nega falha ou negligência dos funcionários (Foto: Valdinei Malaguti/EPTV) Exploração política Em coletiva na tarde desta segunda-feira, o secretário de Assistência Social e vice-prefeito de Ribeirão, Carlos Cézar Barbosa, também negou falha no abrigo municipal. Ele defendeu que o deficiente se feriu ao cair da cama durante a madrugada e citou “exploração política” do fato. “Se houve um acidente, uma agressão, vamos apurar, mas não posso permitir que isso se transforme em fato político, muitas vezes até para encobrir outros fatos mais graves que envolvem muitos vereadores”, disse. O vice-prefeito reafirmou que uma sindicância foi instaurada e caso seja constatada a agressão por parte de algum usuário, este será proibido de retornar ao abrigo. Na hipótese de a apuração apontar a reponsabilidade de algum funcionário, o mesmo será punido. “Não houve nenhum tipo de omissão de nossa parte. Fizemos tudo para tratar o jovem com todo o cuidado possível. Se algo ocorreu que foge do controle de nossa vigilância, não quer dizer que houve omissão, foi um fato excepcional”, concluiu. Secretário de Assistência Social e vice-prefeito de Ribeirão Preto, Carlos Cézar Barbosa (Foto: LG Rodrigues/G1) Abandono O caso de abandono ganhou repercussão depois que mães de alunos da Apae passaram a buscar uma forma de amparar o deficiente, deixado na instituição por um tio no dia do enterro da mãe, em 27 de janeiro. A promotora de Justiça Ana Carla Froes Tosta contou que o rapaz morava apenas com a mãe, mas ela foi internada em dezembro do ano passado ao ser diagnosticada com câncer. Um tio passou então a cuidar dele, até a morte da mulher. O tio alegou não ter condições físicas e psicológicas de cuidar do sobrinho devido à idade avançada. O Ministério Público moveu então uma ação para que o Estado e o município fornecessem moradia, assistência, tratamento médico, medicamentos e transporte ao rapaz. Devido à dificuldade de encontrar uma instituição inclusiva que atenda o perfil do deficiente, a Secretaria Municipal de Assistência Social o colocou temporariamente em um abrigo para moradores de rua, a antiga Cetrem. O local não oferece serviços voltados a pessoas com deficiência, mas os funcionários estenderam os turnos para auxiliar o rapaz. A Apae também passou a atendê-lo de segunda a sexta-feira em período integral, quando o normal seria recebê-lo apenas por meio período. Deficiente foi levado a abrigo municipal após a morte da mãe em Ribeirão Preto (Foto: Valdinei Malaguti/EPTV) Deficiente foi levado a abrigo municipal após a morte da mãe em Ribeirão Preto (Foto: Valdinei Malaguti/EPTV) Deficiente foi levado a abrigo municipal após a morte da mãe em Ribeirão Preto (Foto: Valdinei Malaguti/EPTV) Acolhimento Ao tomar conhecimento da história pela imprensa, o irmão e a cunhada entraram na Justiça com um pedido para assumir os cuidados do rapaz. Apesar de morarem na mesma cidade, os irmãos não mantinham contato há quase 12 anos, desde a morte do pai. A advogada da família, Bianca Pitta da Silva, afirma que a família não tem condições de cuidar do deficiente na casa onde vive, mas quer garantir que ele receba o acolhimento necessário e adequado em uma clínica particular. Para arcar com essa despesa, o casal avalia alugar a casa onde o deficiente morava com a mãe na cidade. O imóvel é próprio e estava fechado desde a morte da mulher. fonte g1

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