terça-feira, 8 de agosto de 2017

Com deficiência visual desde o nascimento, atleta beltronense não quer enxergar

DARCE ALMEIDA
início do grupo Simone treina na escolinha de xadrez ofertada pela secretaria de Esportes.

 Na foto, orgulhosa com suas medalhas, ao lado de sua mãe Jandira.

 Foto: Darce Almeida/JdeB.
Simone treina na escolinha de xadrez ofertada pela secretaria de Esportes. Na foto, orgulhosa com suas medalhas, ao lado de sua mãe Jandira.  Foto: Darce

Almeida/JdeB.
fim do grupo

Ela nasceu há 16 anos, prematura de seis meses e meio, e com apenas  um quilo e 100 gramas. Lutou pela vida e já tem bons motivos para comemorar. Conquistou

medalhas e reconhecimento no esporte que mais gosta de praticar, o xadrez. Mas a história de Simone Skura, moradora da comunidade Barra Bonita de Francisco

Beltrão, é peculiar.

Ainda no hospital, segundo sua mãe, Jandira Cavazini Skura, a luz da incubadora teria danificado os olhos de Simone, "queimando a retina", e tirando-lhe

a visão. Sua irmã gêmea não sobreviveu à prematuridade e faleceu três dias após o nascimento. Hoje ela tem mais dois irmãos. "Procuramos todos os recursos

para a Simone enxergar, fomos até em Curitiba na época, fizemos todos os exames, mas não teve jeito", conta dona Jandira.
Mas tudo isso ficou para trás, tanto que Simone afirma: "Pra eu não faz falta nenhuma enxergar, se fosse pra eu enxergar um dia, eu não queria. Estou bem

acostumada assim e tenho uma audição muito boa", sorri a jovem, que sonha em se tornar programadora na área de informática.
Simone pratica xadrez desde os 5 anos de idade. Além disso, ajuda nos afazeres de casa e joga o golbol adaptado. "O xadrez é um jogo que me ajuda a desenvolver

a concentração e na percepção tátil, até porque uso bastante minhas mãos para me guiar. Recomendo esses dois esportes para quem também é deficiente visual",

relata Simone.

Medalhas no peito
Em julho deste ano, Simone conquistou o bicampeonato - 2016 e 2017 - da fase estadual dos Jogos Escolares do Paraná (JEPs) no xadrez. Em Apucarana, garantiu

o primeiro lugar nas disputas de relâmpago e rápido para atletas com deficiência visual - categoria A (15 a 17 anos). Utilizando material específico, com

peças que se encaixam no tabuleiro, Simone era a única deficiente visual, e enfrentou atletas com visão normal. "Eu diferencio as peças porque as pretas

têm uma bolinha em cima e as brancas não tem nada. No tabuleiro, as peças pretas ficam mais altas do que as brancas. Dessa forma eu consigo perceber para

poder movimentar as peças".
Em novembro agora, Simone deve disputar a fase nacional em Brasília (DF). "Talvez eu vá, mas não está confirmado, estou aguardando".

Dificuldades de locomoção
Dos lugares em que Simone percorre em Beltrão, Simone cita dois locais com pouca acessibilidade. "O terminal de ônibus coletivo e a rodoviária. Tem ainda

as linhas guias que são feitas nas calçadas, acho que 'eles' pensam que é para enfeite. A maioria de nós, com deficiência visual, quando estamos caminhando,

as linhas nos levam ao encontro de postes, árvores, placas, lixeiras", lamenta.

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