domingo, 6 de agosto de 2017

Empresário canadense radicado no Brasil desenvolve aparelho auditivo com recarga solar

Josy Gomes Murta
A startup Godisa Technologies desenvolveu um aparelho auditivo barato e movido a baterias recarregáveis com energia solar.

O modelo de negócio sustentável do empresário canadense Howard Weinstein é fabricado por funcionários surdos. As pessoas com deficiência auditiva têm uma

coordenação visual e manual excelente, o que as faz perfeitas para trabalhos que envolvem precisão e cuidado.

início do grupo Funcionária surda fabricando os aparelhos auditivos. Foto: Reprodução
Funcionária surda fabricando os aparelhos auditivos. Foto: Reprodução
fim do grupo

Howard Weinstein já foi premiado na África com World University International Volunteer of Year, em 2005, Ashoka Fellow e Humanitarian Award, ambos em

2008.

Durante os seis anos em que passou em Botsuana, o projeto criado por Howard vendeu 10 mil aparelhos auditivos, 15 mil recarregadores e 20 mil baterias.


O princípio de tudo
Tudo começou quando o canadense Howard Weinstein, um empresário bem sucedido em Montreal, que trabalhava no setor de tubos e conexões, um negócio bastante

rentável e que foi vendido por uma fortuna para uma empresa americana, mas ele continuou à frente da administração em seu país.

A vida de Howard mudou radicalmente em junho de 1995. Na época, sua filha Sarah de 10 anos, teve um aneurisma cerebral e morreu. Weinstein ficou abalado

e perdeu o sentido de viver. Ficou tão desorientado que foi demitido. Desolado não se concentrava, não sabia como tocar a vida pra frente.

O empresário decidiu dá um novo rumo a sua vida, e decidiu que usaria o conhecimento de negócios para ajudar pessoas necessitadas na África. Howard partiu

para Otse, uma pequena cidade no interior de Botsuana, com apenas 3.500 mil habitantes. Foi lá que começou a realizar um trabalho voluntário. A missão

dada pela ONG World University Service era estabelecer uma empresa que forneceria aparelhos auditivos com preço acessível para pessoas com deficiência

auditiva.

Mas Howard continuou enfrentando dificuldades para avançar com o negócio. De repente sem que esperasse, algo aconteceu, como se fosse por um milagre.
Uma professora bateu em sua porta segurando uma menina surda pela mão. Ela precisava de um aparelho. O nome dela, “Sarah”. A jovem, de 17 anos, teria a

mesma idade que sua filha, caso ainda estivesse viva. Weinstein conta que encarou o episódio como um chamado.

Nasce a startup Godisa Technologies

início do grupo Howard Weinstein criou a startup Godisa Technologies. Reprodução
De acordo com a Organização Mundial de Saúde, existem aproximadamente 360 milhões de pessoas com algum tipo de deficiência auditiva no mundo, sendo 32

milhões crianças. Dois terços delas vivem em países em desenvolvimento, principalmente em regiões da África e Ásia.

Poucos aparelhos auditivos chegam nestes lugares, e quando isso acontece, o valor é extremamente alto. Sem contar que a troca constante de baterias para

fazê-los funcionar torna tudo ainda mais caro.

Diante dessa situação, Weinstein, vivia em Botsuana, e começou por Consultar especialistas em tecnologia, conversou com investidores, pesquisou melhores

preços de peças com fabricantes e conseguiu um pequeno apoio de uma fundação americana.

Foi criada a startup Godisa Technologies. O empresário e sua equipe desenvolveram um aparelho auditivo barato e movido a baterias recarregáveis com energia

solar.

Nos países africanos o Sol é um dos recursos mais abundantes.

Um canadense – Brasileiro de coração

início do grupo Empresário canadense radicado no Brasil desenvolve aparelho auditivo com recarga solar. Foto: Reprodução
Howard Weinstein recorda: “O projeto da África ficou bastante conhecido internacionalmente e fui convidado a falar sobre ele em um congresso de audição

em Barau. Depois da palestra, dois professores de audiologia me perguntaram se eu poderia replicar o programa no Brasil, já que aqui havia mais de 10 milhões

de pessoas que precisavam de um aparelho auditivo e não tinham condições para comprar um”. (Conexão Planeta)

Mas surgiram os desafios para abrir o negócio social no Brasil. “Na África, os aparelhos eram analógicos e a ideia é que aqui fossem digitais e era necessário

modificar o carregador solar, já que o Brasil não dispõe de tantas horas de luz como ocorre em Botsuana. E lógico, um último, mas não menos importante

desafio. Eu precisava aprender a falar português”. Diz Weinstein.

Howard, mesmo com sotaquê francês, domina totalmente a língua portuguesa. Encantou-se com o Brasil e tem esposa e filhos brasileiros.

O empreendedor contou com parcerias para abrir a Solar Ear, uma organização sem fins lucrativos. Engenheiros da Universidade de São Paulo (USP) ajudaram

no desenvolvimento da tecnologia e parte do financiamento veio de organizações internacionais e nacionais.

O negócio prosperou: “Uma bateria normal de aparelho auditivo custa cerca de 4 reais e dura uma semana. Desenvolvemos um modelo recarregável que custa

o mesmo preço, mas que dura de três a quatro anos”, destaca Weinstein.

início do grupo Kit da Solar Ear aparelho auditivo e baterias e recarregador solar
Solar Ear não patenteou seus produtos. Baterias e recarregadores se encaixam em 90% dos aparelhos auditivos disponíveis no mercado. Weinstein quer que

outras empresas possam usar a mesma tecnologia gratuitamente. Os produtos fabricados no Brasil são vendidos para organizações filantrópicas do mundo inteiro.


No ano de 2011, entrou no ranking das dez empresas brasileiras mais inovadoras, feito pela revista americana Fast Company. Estava ao lado de gigantes como

AmBev e Petrobras. Em junho último, foi a vez da Solar Ear estar entre as finalistas do Bright Minds Challenge, desafio global que identifica soluções

inovadoras em energias limpas. Ficou com o terceiro lugar.

início do grupo Howard Weinstein, um empreendedor que contou com parcerias para abrir a Solar Ear, uma organização sem fins lucrativos. Foto: Reprodução

Weinstein enfatiza: “Uma criança que pode ouvir tem a oportunidade de frequentar uma escola. Infelizmente, para aquelas que não conseguem, existem poucas

escolas para surdos no Brasil. E, como todos sabem, é apenas por meio da educação que é possível quebrar o ciclo da pobreza. Na realidade, a Solar Ear

é exatamente sobre educação e como quebrar o ciclo da pobreza”.

O empresário canadense, recorda que a perda da audição pode impactar seriamente a vida de adultos. “Tenho certeza que cerca de 70% das pessoas que leem

esta matéria têm um tio, pai ou avô que está perdendo a audição. Esta pessoa torna-se excluída das conversas familiares e fica deprimida. A perda auditiva

afeta pessoas de diferentes maneiras, provocando impactos econômicos e psicológicos enormes na vida delas”.

O dom de ouvir graças aos esforços de Howard Weinstein. Um homem que está fazendo a diferença para a população com deficiência auditiva no mundo em desenvolvimento.


Com informações: Conexão Planeta / Hearing Health Matters

fonte Conexão Boas Notícias

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