sexta-feira, 9 de setembro de 2016

No 1º dia da Paraolimpíada, público comparece e vê melhora na organização

Quem esteve no Parque Olímpico da Barra da Tijuca no primeiro dia dos Jogos Olímpicos, no dia 6 de agosto, encontrou longas filas, voluntários perdidos e problemas na oferta de comida e bebida. O público que compareceu ao primeiro dia da Paraolimpíada, nesta quinta-feira (8), porém, encontrou cenário diferente: filas menores, voluntários mais bem informados e oferta suficiente de comida. A surpresa ficou com o nível de adesão do público às competições. O parque estava cheio, grupos de escolas passavam em fila, cadeirantes circulavam com certa facilidade e famílias com crianças e idosos ocupavam mesas da praça de alimentação. "Chamou muito a minha atenção como o público abraçou o esporte, a despeito de as televisões não parecerem interessadas com os jogos e os espaço para as competições ter diminuído consideravelmente. Eu fiquei surpreso em como o povo aderiu em peso", disse o empresário do ramo imobiliário Tomas de Salles, 66. De São Paulo, ele foi ao parque com seu primo, Marco Plens, 55, e seu filho, José, 7, para assistir ao judô. Eles aproveitaram para visitar a irmã de Tomas, Alice, 62, que trabalha como voluntária na Arena do Futuro. "Estou impressionada com a quantidade de pessoas aqui numa quinta-feira", disse ela. O público compareceu em bom número. De acordo com a Rio-2016, que organiza o evento, foram vendidos, para o primeiro dia de competições no parque, 99.436 ingressos. Os números são preliminares, computados até as 12h desta quinta. Isso não significa, no entanto, que essa foi a quantidade de pessoas no local– pode ter ocorrido de uma pessoa ter adquirido ingresso para mais de uma competição. Na Olimpíada, o número de ingressos vendidos para o primeiro dia foi de 159.252. Além do maior apelo, a inauguração do parque ocorreu em agosto, período de fim das férias escolares, e teve mais modalidades disputadas (22 contra 15) A média de público foi boa, mesmo sendo o primeiro dia de competições no meio de semana. Na Olimpíada, o primeiro dia era um sábado. Fazia um forte calor no Rio, o que, junto com a falta de estrutura da organização, tornou dramática a experiência para muitos que visitaram o local. "Foi uma experiência muito ruim. Demoramos uma hora e meia para comprar água, não havia mais comida, os voluntários não sabiam de nada. Hoje, o clima é de muito mais organização, com menos filas e voluntários que parecem muito mais motivados e cientes das informações que passam", disse a médica carioca Viviane Felix, 33. Ela e seu marido Rodrigo Barçante, 39, foram ao parque porque o filho do casal, Pedro, 3, queria assistir ao basquete de cadeira de rodas. "Viemos também para incentivar os atletas Paraolímpicos", disse o marido. O cadeirante afegão Soraj Habib, 33, disse estar satisfeito com as condições de acessibilidade do parque. Sua reclamação ficou por conta do metrô. Segundo ele, as esteiras usadas pelos cadeirantes demoravam muito, assim como os elevadores que davam acesso a estação. Ele, que atualmente vive na Austrália, está hospedado em Copacabana, zona sul, e foi ao parque de metrô e BRT. "Demorei 15 minutos para pegar um elevador no metrô", disse. Habib esteve na semana passada em Santos (SP), em um simpósio sobre esporte para deficientes e como ele pode ser usados na inclusão de pessoas que sofreram acidentes ou nasceram com alguma limitação física. Habib joga basquete na Austrália. Em 2001, quando tinha nove anos, um terrível acidente tirou-lhe as duas pernas, no Afeganistão. Habib foi atingido por uma "cluster bomb" atirada pelas forças americanas no país árabe. A "cluster bomb" é uma bomba de fragmentação disparada de aviões bombardeiros. Cada uma lança cerca de 200 cápsulas que estouram com o contato e liberam fragmentos metálicos. Em 2008, cerca de 100 países assinaram um acordo para banir esse tipo de armamento, que dilacera membros quando não levam à morte, e são conhecidos por vitimar a população civil. Os maiores produtores do armamento, Estados Unidos e Rússia, não assinaram. Habib levou ao Rio duas bandeiras verde e amarelas. A da Austrália e do Brasil. Ele treina para tentar vaga no time australiano de basquete nas próximas Paraolimpíadas. Nestes Jogos, está feliz em poder assistir. "Acho que o parque está bem adaptado aos cadeirantes, tem rampas de acesso e bastante informação. Espero fazer parte disso daqui quatro anos", disse. fonte>folha

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