quarta-feira, 7 de setembro de 2016

Crianças com deficiência visual participam de performance no MIS

Crianças do Instituto Padre Chico e da Escola de Dança de São Paulo encontram-se neste sábado, 3, às 15h, no MIS, para a performance Varal de Nuvens. Em meio a tecidos, gravetos, apitos e vento, realizam uma das partes do projeto A Poética do Encontro, desenvolvido pelo grupo Lagartixa na Janela, dirigido por Uxa Xavier, com o conceito de antiestrutura de Victor Turner (1920-1983). A outra parte, também lançada hoje, às 16h, refere-se à exposição virtual, hospedada no site do MUD – Museu da Dança (museudadanca.com.br/lagartixanajanela/), reunindo textos, ilustrações e design de Pablo Romart, fotos de Sílvia Machado e vídeos de Osmar Zampieri, realizados durante o projeto. Fundado em 1928, o Instituto Padre Chico atende cerca de 150 crianças e adolescentes, entre 3 e 15 anos, com diferentes graus de deficiência visual e, desde 2008, seguindo a tendência inclusiva em curso, passou a aceitar também parentes dos seus alunos sem deficiência. Já realizavam trabalho de musicalização, mas este foi o primeiro contato de todos com a dança e trouxe descobertas importantes. “Foi interessante vê-las entender que o corpo não é só algo que as leva de um lugar para o outro, mas também um espaço de sensações, percepções e memórias”, conta Uxa Xavier, com 30 anos de experiência em dança. Um bom exemplo foi o que aconteceu logo no primeiro dia, quando um dos alunos, em meio aos exercícios de toque, descobriu uma parte de seu corpo que nunca havia sido nomeada para ele: o tornozelo. Uxa deseja trabalhar com deficientes visuais desde o tempo em que recebia crianças com Síndrome de Down e autismo leve no seu estúdio. “Quando iniciamos o processo dessa pesquisa, fomos à exposição Diálogos no Escuro, que inseria o visitante em um ambiente que simulava a realidade de um deficiente visual. Perguntei ao monitor como ele sentia os corpos e o movimento das pessoas ao seu redor, e ele ficou em silêncio. O silêncio dele me provocou ainda mais sobre a relação do movimento com o imaginário, que é a questão que guia o projeto”, afirma. “Esse interesse me levou a sair do campo da deficiência para o campo da política, refletindo sobre a existência de mundos paralelos, e que o imaginário pode e deve ser um espaço a ser vivido e respirado por todos.” As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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