quarta-feira, 13 de março de 2019

Startup brasileira de educação para surdos é finalista de prêmio internacional 

Plataforma online de educação e capacitação para pessoas surdas, em
Libras e com legendas, não tem concorrentes no Brasil ou no mundo;
conteúdo é quase
todo desenvolvido pela comunidade surda
Confira a máteria do portal G1 sobre a startup Signa, uma das 30
finalistas do Prêmio Next Bilion Edtech:

A startup brasileira Signa, que oferece uma plataforma de educação
online para surdos, é uma das 30 finalistas do Prêmio Next Billion
Edtech, que será
realizado em 23 e 24 de abril, em Dubai, durante o Global Education &
Skill Forum. Os três primeiros colocados levam US$ 25 mil, e serão
escolhidos por
um júri composto por investidores, educadores e especialistas em
“edtech” –tecnologia educacional – de todo o mundo.

“Foi uma surpresa, não estava no nosso radar”, diz Fabíola Rocha,
co-fundadora e diretora geral da Signa, que tem sede em Florianópolis,
SC. Para ela,
a empresa atendeu a dois pontos importantes da premiação: trabalhar com
educação e impactar pessoas que tenham dificuldade de ter acesso – seja
por problemas
financeiros ou por dificuldades “operacionais”. “No nosso caso,
trabalhamos com surdos que não necessariamente não tenham dinheiro. Mas
não existe oferta
de produtos e serviços para eles”, diz a diretora.

A plataforma online de educação e capacitação para pessoas surdas, em
Libras (língua brasileira de sinais) e com legendas, não tem
concorrentes no Brasil,
e mesmo no mundo. E o conteúdo é feito praticamente todo pela comunidade
surda – seja produzido pela própria Signa, seja pela comunidade, de uma
forma
similar ao YouTube, por exemplo.

“Nós temos muitos surdos no Brasil que são formados e sabem muito bem
Libras, têm experiência muito grande em alguma área específica, e que
têm total potencial
para produzir conteúdo. Ainda assim, nós fazíamos muita coisa ‘em
casa’”, lembra Fabíola. Mas a estratégia esbarrava no gargalo da alta
demanda e da equipe
reduzida. Foi aí que surgiu a ideia de criar um “marketplace”, ou seja,
capacitar a comunidade surda para produzir conteúdo – e ganhar uma
comissão por
isso.

“Decidimos produzir um material ensinando tudo sobre como fazer cursos
online, da ementa até o final. E aí a gente oferece isso para a
comunidade surda
para que eles possam produzir seu próprio curso e, ao final, ter a
possibilidade de colocar seu conteúdo dentro da Signa”, conta Fabíola.

A diretora lembra ainda que o “marketplace” da Signa é o primeiro passo
para uma internacionalização do serviço. “Imagine que teríamos que
produzir conteúdo
em outra língua sinais, para os EUA, por exemplo – afinal, eles não usam
Libras. Seria muito complexo pensar tudo do zero. Assim, nós chegamos
para a comunidade,
mostramos que eles podem produzir e isso se torna viável em um tempo menor”.

Uma das startups vencedoras do Prêmio Next Billion Edtech de 2018 foi a
Chatterbox, que oferece cursos de idiomas através de uma plataforma de
baixo consumo
de banda – e com aulas oferecidas por refugiados. Isso mostra que, além
da tecnologia e da proposta educacional, a inclusão social tem papel
fundamental
na escolha dos jurados. E essa é uma das missões da Signa, diz Fabíola.

“A gente traz pessoas surdas pra equipe, e não faria sentido preparar os
surdos para o mercado, mas não trazê-los para a gente. Damos cursos de
Libras
para todos na empresa. E, como fazemos reuniões diárias, é muito
interessante ver como essa integração acontece. Para a gente, é uma
experiência muito
legal, que mudou muito a motivação da equipe”.

Segundo o Censo de 2010 realizado pelo IBGE, 9,7 milhões de pessoas têm
deficiência auditiva. Pouca gente sabe, mas a Libras é uma das línguas
oficiais
do Brasil desde 2002 – tendo o mesmo status que o português. Mas
engana-se quem pensa que é apenas uma transcrição gestual de nosso idioma.

A Libras é uma língua com estrutura gramatical própria e com organização
das informações, totalmente diferente do português. Por isso, a língua
de sinais
utilizada em Portugal (LGP) é um sistema completamente diferente do
nosso – assim como a usada nos Estados Unidos (ASL). E um dado curioso:
80% dos surdos
do mundo são analfabetos nas línguas escritas. Ou seja, boa parte da
comunidade é alfabetizada em Libras – e sequer entende o português.

“Tem surdos que não sabem escrever, que é o caso do meu pai, que nunca
foi educado no português. Ele usa Libras, que é seu meio de comunicação.
Tem surdos
que sabem um pouco das duas línguas, e tem surdos que não sabem Libras:
só sabem o português. Dá para imaginar a complexidade de criar uma
plataforma para
a comunidade?’, diz Fabíola, que é uma “Coda”, sigla em inglês para
“filho de um adulto surdo” (child of a deaf adult).

A Signa vai apresentar seu projeto no Global Education & Skills Forum
(um “pitch”, no jargão das startups). Mas, no anúncio final, serão
chamados ao palco
principal apenas seis startups, e dentre elas as três melhores serão
premiadas com US$ 25 mil. O grande vencedor também receberá o troféu do
Prêmio Next
Billion.

As 30 startups selecionadas para a final do Prêmio Next Billion são:
Talk2U, OxEd, Whetu, Signa, SimBi, Moi Social Learning, Kuwala, Etudesk,
PraxiLabs,
Langbot, Seppo, Lesson App, Eneza, Aveti Learning Pvt. Ltd., Utter,
Dost, Solve Education, M-Shule, eLimu, Wizenoze Ltd, ScholarX, Sabaq,
Silabuz, Zelda,
MTabe, Ubongo, Fineazy, TeachPitch, Big Picture Learning/Imblaze e
Augmented Learning.

Fonte:
G1 Site externo

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