sexta-feira, 23 de março de 2018

Exposição em Porto Alegre permite que deficientes visuais 'vejam' as obras com o toque dos dedos


Rosenfield, fica em cartaz até 2 de junho.
Por G1 RS
Exposição O Relevo está em cartaz em Porto Alegre (Foto: Cristiano Santana/Divulgação)
Com as pontas dos dedos, os detalhes de uma obra de arte podem ser percebidos por quem não enxerga. Na exposição "O Relevo", em cartaz em Porto Alegre

até junho, pessoas com deficiência visual podem, usando uma luva especial, sentir as linhas, os círculos e as ondulações das telas. Até as cores da pintura

são apresentadas de uma forma diferente para quem não pode ver.

Quem dá vida ao projeto é a artista plástica gaúcha Lenora Rosenfield. Ao todo, são 12 trabalhos, sendo dois inéditos e dez traduções de obras expostas

em edições anteriores da Bienal do Mercosul.

"Eu traduzi a linguagem original da obra para as pessoas que são deficientes visuais. Não estou me apropriando e nem fazendo uma releitura. Fiz o trabalho

de maneira fiel, e assim, as pessoas que não enxergam conseguem sentir pelo toque dos dedos", explica ela ao G1.

Para a artista, adaptar a arte para outras linguagens é uma oportunidade de inclusão. A motivação para criar as obras surgiu de uma experiência anterior.


"Estava conversando com um rapaz sobre arte abstrata. Ele falava muito, entendia muito. Até que percebi que ele era cego. Perguntei como ele sabia as cores,

como ele podia ter aquele diálogo comigo sem ver sobre o que estava falando. Aí soube que ele tinha ficado cego. Ou seja, um dia ele enxergou. E fiquei

impactada com o fato de que, de tudo que ele poderia ter memorizado, ele memorizou obras de arte. Isso me tocou profundamente", lembra ela.

Além disso, os visitantes usam uma luva, criada em uma parceria da artista com a empresa ThoughtWorks Creative Technology Consultants. A peça faz a leitura

da tonalidade da obra e repassa como som para os fones de ouvido utilizados pelos visitantes.

"Tem um sensor no dedo da luva que indica a cor que a pessoa está tocando. Quando ela toca na tela, o fone diz a ela que cor é essa", detalha.

Mas quem nunca viu a cor vermelha, por exemplo?

Bloco de citação
"Tentamos associar a explicação sobre a cor a um sentimento ou a algo do corpo humano. O vermelho é o coração ou o amor", explica a artista.
Fim do bloco de citação
Ambiente com baixa luminosidade nivela percepção entre quem enxerga e quem não (Foto: Cristiano Santana/Divulgação)
Cristiano Santana/Divulgação)

Quem enxerga também pode aproveitar as sensações da exposição. O ambiente com baixa luminosidade nivela a percepção dos visitantes. Com isso, pessoas com

e sem deficiência podem experimentar com igualdade uma obra.

"É pra tirar um pouco da zona de conforto. O ambiente de penumbra faz com que as pessoas que enxergam precisam dessa alternativa, de sentir com a mão".


Entre as obras em destaque, estão "A Negra" de Tarsila do Amaral (Brasil), "Composición V", de Maria Freire (Uruguai), "B.iB portrait #8", de Kimani Beckford

(Jamaica), "Composição", de Fernand Léger (França) e "Bomba", de Renzo Assano e Laila Terra (Brasil).

Já as peças autorais de Lenora retratam os continentes.

Exposição O Relevo

Onde: Centro Cultural CEEE Erico Verissimo - Sala O Arquipélago – 1º andar (Rua dos Andradas, nº 1223 – Centro Histórico)
Visitação: Até 2/06, de terça a sexta, das 10h às 19h, e aos sábados, das 11h às 18h
Classificação: Livre
Entrada franca

Exposição O Relevo, da artista Lenora Rosenfield, proporciona nova experiência a pessoas com deficiência visual (Foto: Cristiano Santana/Divulgação)
fonte g1

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