segunda-feira, 8 de maio de 2017
Projeto de comunicação alternativa pretende transformar a vida de estudantes autistas
Um projeto de comunicação alternativa e suplementar voltado para o
aprendizado de alunos autista vai transformar a vida de 20 estudantes do
ensino fundamental
de 12 escolas municipais do Recife. A iniciativa, que é fruto de uma
parceria da Secretaria de Educação do Recife com o Instituto Aggeu
Magalhães (IAM)/Fundação
Oswaldo Cruz (Fiocruz), pretende implementar estratégias para o
desenvolvimento da comunicação dos alunos e a maior inclusão escolar e
social através de
dispositivos de comunicação alternativa – ramo da Tecnologia Assistiva
que usa dispositivos e técnicas para viabilizar a comunicação de pessoas
sem fala
nem escrita funcional, entre eles os autistas. As ferramentas de
comunicação alternativa incluem sistemas computadorizados, símbolos
pictográficos e tabuleiros
de figuras.
Antes do método de comunicação facilitada começar a ser utilizado com os
estudantes, 20 professores da rede participaram de um curso de formação
de 60
horas de aulas teóricas, além de encontros para análise das práticas,
com a supervisão do IAM/Fiocruz. A capacitação segue os padrões do
Instituto de Comunicação
e Inclusão (ICI) da Universidade de Syracuse (EUA), referência mundial
no ensino da matéria. Os participantes do curso já começaram a replicar
o conhecimento
para outros profissionais das escolas em que trabalham. Também estão
sendo realizadas visitas em algumas escolas para sensibilização de
gestores, pais
de alunos, professores e acompanhantes dos estudantes autistas.
De acordo com o coordenador do projeto, Carlos Lucena de Aguiar, da
Fiocruz, são utilizados como materiais didáticos cartões com fotos,
desenhos e letras,
tablets e teclados de computador, além de vários tipos de apoio físico,
comunicativo e emocional. “Nos casos de autismo moderado ou severo, a
pessoa praticamente
não consegue se expressar por meio da fala, e essa comunicação
alternativa incentiva o uso das mãos e, principalmente, dos dedos para
apontar figuras,
desenhos e letras em cartões, além de incentivar a produção de textos”,
ressalta.
Sobre as estratégias de apoio, ele explica que, no caso do apoio físico,
o estímulo se dá através do toque do professor ou outro profissional nos
braços
e nas mãos do aluno, enquanto no apoio comunicativo, a ideia é dizer o
nome do símbolo para o qual apontaram. “Um dos apoios mais importantes é
o emocional,
que inclui o elogio ao esforço do aluno para ele se sentir motivado para
progredir ainda mais”, acrescenta Carlos Lucena. Ele explica que, à
medida que
o aluno avança e adquire mais autonomia, esses apoios precisam diminuir
até serem retirados.
Para Sônia Carvalho, técnica pedagógica da Divisão de Educação Especial
da Secretaria de Educação do Recife, a parceria com a Fiocruz é muito
importante
para os estudantes com Transtorno do Espectro Autista (TEA). “A ideia é
ampliar cada vez mais o número de alunos e escolas participantes”.
Os 20 estudantes participantes do projeto de comunicação facilitada,
assim como os outros 425 alunos com autismo matriculados nas diversas
unidades de
ensino municipais (totalizando 445 estudantes autistas), têm aula nas
salas regulares, junto com os demais alunos. No contraturno, desenvolvem
trabalhos
direcionados com 265 professores do Atendimento Educacional
Especializado (AEE), que são especialistas em Educação Especial, nas
salas de recursos multifuncionais,
que são espaços com equipamentos pedagógicos específicos para o
desenvolvimento desses estudantes.
A professora do AEE, Luciana Lopes Peres, atende seis alunos autistas,
dos 6 aos 13 anos, na sala de recursos multifuncionais da Escola
Municipal Severina
Lira, na Tamarineira. Ela conta que uma das melhores coisas que
aconteceu na sua vida profissional foi participar, no ano passado, do
curso de Comunicação
Facilitada para alunos Autistas. “Eu já tinha participado de outras
formações na área de educação, mas essa foi muito especial, pois mudou
nossa perspectiva
em relação ao estudante com autismo”, revelou a docente.
Tayane Sousa, Agente de Apoio ao Desenvolvimento Escolar Especial
(AADEE) da Escola Municipal Severina Lira, é acompanhante de um
estudante de 8 anos de
idade que tem autismo severo. “Com esse novo método, o progresso de
Pedro tem sido constante e isso me deixa muito feliz. Estamos
progredindo juntos”,
revela.
TABLETS
Em 2016, a Prefeitura do Recife entregou 500 tablets com o software
Livox, que facilita a comunicação de alunos com autismo e paralisia
cerebral que tenham
comprometimento da fala. Foram distribuídos 260 equipamentos para
estudantes da rede que puderam levar os tablets para casa, para que o
equipamento facilite
a comunicação deles com os familiares, professores e demais alunos, e
outros 240 tablets com Livox foram entregues para as escolas que têm
salas de recursos
multifuncionais.
Fonte: site Diário do Pernambuco – Foto: Inaldo Lins/PCR/Divulgação.
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