terça-feira, 16 de maio de 2017

Missa em libras aproxima católicos no Alto Tietê

Mensagens são interpretadas em libras durante missas em Braz Cubas. (Foto: Divulgação) LUCAS MELONI Das missas ao casamento. Foi a partir de um projeto piloto na Diocese de Mogi das Cruzes, desenvolvido pela Pastoral dos Surdos, que Ana Carolina de Souza Félix, de 26 anos, e Maykel Aparecido Gondinho, 27, se conheceram e celebram matrimônio no próximo sábado, a partir das 17 horas, na Paróquia Nossa Senhora Aparecida e São Roque, em Braz Cubas. A ideia, que começou a ser desenvolvida há pouco mais de dois anos, consiste em interpretar as mensagens bíblicas passadas durante as missas à língua brasileira de sinais (libras). A Igreja Católica no Alto Tietê planeja estender a iniciativa para outras paróquias da Região. O trabalho foi criado para suprir a ausência de um núcleo católico que trabalhasse para atender as pessoas com deficiência auditiva. Não há dados atualizados, contudo, o Censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontava que, em 2010, havia cerca de 5,8 mil pessoas com ao menos um tipo de deficiência em Mogi das Cruzes. Parte significativa, cerca de 20%, compreenderia pessoas com deficiência auditiva. Em Braz Cubas, um dos distritos mais populosos da Cidade, a falta de uma ação voltada a este público tornou-se um problema, explicou o padre Francisco Deragil, pároco local. “Nós percebemos que não havia um projeto semelhante que levasse a palavra a este público. A Pastoral dos Surdos já é desenvolvida em outras dioceses e nós pensamos que aqui encontraríamos campo fértil para ela também. É um trabalho complexo e que exige esforço, mas rende frutos”, disse o religioso. Por enquanto, a missa realizada com apoio de um intérprete de sinais ocorre apenas aos domingos, às 10 horas. A intenção do padre, entretanto, é que isso seja ampliado na paróquia. “A gente sabe que a Faculdade Paulo VI tem um curso de libras, mas não há padres formados. Tomara que isso mude. O nosso plano é que em outros dias e horários, como o sábado à noite, as missas também sejam traduzidas em libras”, acrescentou. O bispo dom Pedro Luiz Stringhini ressalta que o projeto tem muitos méritos. “É uma pastoral reconhecida pela CNBB (Confederação Nacional dos Bispos do Brasil) e com um objetivo muito importante: inserir um público que não tinha acesso a eventos religiosos nas celebrações da igreja. É importante que ideias como essas nasçam e cheguem a toda a Diocese”, analisou o chefe da Igreja Católica no Alto Tietê. Por domingo, oito pessoas com deficiência auditiva, em média, acompanham a missa das 10 horas de domingo. O número parece pequeno em comparação às 2 mil que passam pela paróquia todo fim de semana, contudo, é um começo. Há gente que vem de Ferraz de Vasconcelos e Poá para as celebrações em Braz Cubas. Ações semelhantes desenvolvidas em igrejas protestantes (saiba mais nesta página) existem há mais tempo e têm um público um pouco maior. Destas missas, um casal se formou. Ana Carolina de Souza Félix e Maykel Aparecido Gondinho trocam alianças no próximo sábado, em cerimônia que acontecerá na Paróquia de Nossa Senhora Aparecida e São Roque. Sem as missas inclusivas, talvez os dois não teriam se conhecido, logo, não seriam namorados e não teriam uma história juntos. Vínculos A psicóloga e socióloga Marina Alvarenga avalia como positiva a iniciativa de inserir pessoas com deficiência auditiva às celebrações religiosas. “Este público também se relaciona. Toda forma de inclusão é válida. Isto estabelece vínculos que se desenvolvem fora da igreja. É fundamental que haja espaço para que estas pessoas se relacionem, tenham acesso às celebrações e estejam inseridas num núcleo social”, afirmou. Igreja Batista de Braz Cubas tem intérpretes em culto A introdução da língua brasileira de sinais (libras) em celebrações religiosas não é algo inédito no contexto religioso em Mogi das Cruzes. Há três anos, a Igreja Batista em Braz Cubas (IBBC) começou um projeto do tipo. Há intérpretes para quase todos os cultos. De acordo com o pastor Carlos Zuzarte, a medida é uma forma de ampliar o Evangelho a um grupo de pessoas que não teriam acesso a ele de forma facilitada. “É de suma importância que este trabalho aconteça porque a palavra de Deus é para todos. Para eles não é diferente. É uma ação em coletivo e trabalhosa, mas mostra-se muito útil no alcance de vidas”, disse à reportagem. A IBBC tem 1.230 membros – uma das maiores igrejas Batistas do Alto Tietê em número de frequentadores –, completa 51 anos de existência no próximo 21 de maio e tem um histórico de inovações. Há pouco mais de dois anos, a IBBC passou a fazer missas em inglês. A medida foi bem recebida, sobretudo, pelos jovens. fonte O Diário de Mogi

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