segunda-feira, 2 de maio de 2016

Mineira cria aparelho que ajuda cadeirantes a se manterem de pé

Os tambores cheios de água onde a empreendedora Rosana Antunes, 54, brincava de mergulhar para se refrescar em dias quentes quando criança e o incentivo do pai e do avô para manusear ferramentas e construir objetos são mais do que meras lembranças de infância. Segundo ela, todo esse “conhecimento” se tornou primordial para que, mais tarde, ela viesse a desenvolver um aparelho de mobilidade que pudesse devolver à mãe e a outras pessoas a possibilidade de voltar a ver o mundo por outro ângulo. O Up Rose – aparelho já aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), patenteado em países como Chile, Japão e Colômbia e em fase de patenteamento em outros 47 países, incluindo o Brasil – é todo feito em peças encaixáveis de alumínio. A base estrutural do modelo adulto pesa 33 kg, quase a metade do peso das cadeiras motorizadas (52 kg). Sem formação acadêmica na área de engenharia ou medicina, Rosana (que se graduou em comunicação), conta que desde o dia 14 de fevereiro de 1991, quando ela recebeu a notícia de que a mãe, Rosa Antunes, hoje com 78 anos, havia ficado paraplégica após um acidente de carro, a invenção do projeto a ‘perturbava’. “Fui observando o corpo da minha mãe paralisado e me veio a ideia de colocá-la dentro de um tambor com rodinhas, mas eu mesma achava a ideia um pouco maluca”, lembra. O primeiro protótipo só ficou pronto em 2009, quando a inventora – como a própria Rosana se intitula – conseguiu colocar a mãe pela primeira vez novamente de pé. “A reação dela (mãe) foi parecida à de uma criança quando começa a andar. Ela me disse que o mundo tinha ficado mais bonito de pé, novamente, depois de 20 anos”, lembra. O maior susto, no entanto, foi a praticidade com que Rosana conseguiu operar o Up Rose. “Levei apenas um minuto para colocá-la, alinhá-la e mobilizá-la. Eu fiquei em estado de choque, e ela saiu ‘andando’ por todos os cômodos da casa”, diz. As melhorias desenvolvidas durante os quatro anos seguintes incluíram a motorização do aparelho, acionado por controle remoto e comandado pelo próprio usuário ou por cuidadores. A multifuncionalidade do projeto, que consegue atender pessoas de até 100 kg e com vários tipos de lesões (paralisia cerebral, distrofia muscular e amputados), já foi também aprovada por neurocirurgiões e fisioterapeutas. Flash Testes. A UFMG também avaliou o Up Rose e concluiu que o aparelho está apto a ser utilizado com segurança. Utilização Valor. Cerca de cem aparelhos foram produzidos e já estão sendo vendidos por R$ 16.900 a versão adulta e R$ 14.500 o modelo infantil. O atleta da Seleção Brasileira de Rugby sobre cadeiras de rodas, David Rodrigues, é um dos usuários. Cadeira sobe e desce escadas Na rotina de seu trabalho como engenheiro, Adriano Florêncio, 28, lida com implementações de novos produtos em uma fábrica da Ford em Camaçari, na Bahia, tarefa que em nada se assemelha com a cadeira de rodas omnidirecional que ele criou. O projeto do brasileiro foi destaque e ficou entre os 128 melhores de uma competição sobre mobilidade em nível global. O diferencial são as rodas omnidirecionais que permitem movimentos em qualquer direção, inclusive subir e descer escadas. “Esse conceito pode ser usado na indústria para a movimentação de peças, mas, nesse caso, foi pensado para movimentar pessoas”, diz. A ideia é que a cadeira seja fixada no estepe localizado na parte externa da traseira do veículo. A forma de acoplamento, que seria feita com o auxílio de um sistema multimídia dos carros da montadora, ainda está em estudo. “Buscávamos acessibilidade para locais onde o carro não alcança. Com isso, é possível dar maior autonomia ao usuário”, afirma Florêncio. Fonte: site do Jornal o Tempo por Litza Mattos.

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