terça-feira, 15 de dezembro de 2015
O desenvolvimento cognitivo através dos brinquedos
O brinquedo é um elemento fundamental na vida das crianças, pois, por meio da interação que é estabelecida, a criança constrói diversas capacidades, não
só intelectuais, como emocionais também. Se para toda e qualquer criança o brinquedo é fundamental, para a criança cega ele assume uma característica a
mais, que é a possibilidade de descobrir como são os objetos.
Através de jogos e brincadeiras, as crianças desenvolvem muitas habilidades: perceptivas, motoras, raciocínio, criatividade, e têm a grande capacidade
de estimular o convívio em grupo. Assim sendo, o ato de brincar é ingrediente fundamental na infância tanto para o desenvolvimento físico e intelectual,
quanto para a saúde mental da criança, por meio da socialização e da interação com o outro.
Crianças portadoras de deficiências podem brincar, a princípio, com qualquer brinquedo comum. Entretanto, a escolha de objetos com algumas características
específicas, adaptações ou intervenções do adulto na brincadeira podem propiciar uma experiência lúdica mais proveitosa.
Entretanto, é um erro achar que o brinquedo da criança com deficiência precisa ser diferente do das outras crianças. Segundo especialistas, os brinquedos
não são especiais, mas a seleção deles deve ser compatível com as possibilidades da criança, considerando não apenas sua idade, mas, principalmente, suas
capacidades motoras, cognitivas e sensoriais.
Para crianças cegas, os brinquedos devem estimular o tato, olfato, audição, paladar. Levando-se em conta que 80% de tudo o que uma criança aprende é através
da visão, torna-se preciso dar acesso maior ao número de objetos no ambiente.
No Brasil, a
Laramara
(Associação Brasileira de Assistência ao Deficiente Visual), possui algo em torno de 109 brinquedos, sendo que uma parte são adaptações de brinquedos
já existentes e outras são produtos especificamente para cegos (em braille), fabricados pela própria instituição. Mas lá também existem outros tantos que
servem para todas as crianças, visando à socialização e a inclusão, pois a interação e a participação são fundamentais para a criança, deficiente ou não.
Além da produção de brinquedos e de um acervo desse material, composto por 1.500 brinquedos, a Laramara realiza, através do Projeto Brincanto, outras atividades
que favorecem a brincadeira como instrumento de desenvolvimento integral das crianças.
Em 2004, a Organização Nacional de Cegos da Espanha (ONCE) apresentou um boneco chamado Braillín, que foi projetado para ensinar braile a crianças pequenas.
Braillín tem um painel dianteiro com seis botões grandes que correspondem à matriz de seis pontos usada no alfabeto braile. O projeto nasceu na Argentina,
pelas mãos de uma professora que trabalha com deficientes visuais e que foi premiada no Concurso de Investigação Educativa sobre Experiências Escolares
que a ONCE organiza todos os anos.
Cerca de 30 especialistas aprimoraram e testaram o boneco, enquanto que mais de 50 crianças ajudaram a aperfeiçoar seu design, de forma que até mesmo meninos
e meninas que não têm problemas visuais podem aprender braile brincando com o (ou a) Braillín (tem versão para meninos e meninas). Juntamente com o boneco
será distribuído um guia didático com atividades para os professores.
(Fonte: Acessibilidade Brasil)
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