sexta-feira, 25 de setembro de 2015
Senai adapta curso de eletricidade para pessoas com deficiência
Como resultado do trabalho de adequação do curso de eletricista industrial e livros didáticos para pessoas com deficiência visual, o Senai de Campo Grande
iniciou o curso de introdução à eletricidade, realizado em parceria com a Schneider, com a participação de um aluno cego e outro com baixa visão. De acordo
com a técnica de educação do Senai e interlocutora do PSAI (Programa Senai de Ações Inclusivas), Márcia Yamazaki, o trabalho visa a inclusão dos deficientes.
“Acreditamos que a inclusão é possível e nós temos de fomentá-la. Nesse processo de inclusão todos aprendem e crescem tanto pessoalmente, quanto profissionalmente.
É uma grande vitória vermos um curso acontecendo, no qual os demais colegas recebem muito bem os deficientes e juntos eles aprendem”, declarou Márcia Yamazaki.
Ela lembrou que o trabalho de adequação do curso levou cerca de seis meses e reuniu pessoas com deficiência e entidades que atuam na defesa de interesse
desse público. A iniciativa atende o PSAI, que promove a inclusão e a formação profissional das pessoas com deficiência com base no Decreto Executivo nº
6949/2009.
Beneficiados
Um dos alunos com deficiência visual é Carlos Luiz Stron, 42 anos, que integra turma com 18 pessoas e já tem como profissão a massoterapia, pretendendo
agora atuar com eletricidade. “A minha deficiência é total e adquiri quando tinha 20 anos de idade em acidente do carro. Batemos na traseira de um caminhão
boiadeiro e o meu rosto foi muito atingido”, contou.
A partir desse acidente, ele iniciou o processo de adaptação à nova forma de vida e recebeu informações sobre o Ismac (Instituto Sul-mato-grossense para
Cegos), onde conseguiu retomar tarefas do dia a dia em um trabalho de adaptação. “Há 16 anos, no Ismac, aprendi a profissão de massoterapeuta e agora vim
fazer o curso no Senai. Para mim este curso está sendo um desafio e estou satisfeito, aprendendo muito. Pretendo seguir nesta profissão”, disse.
O colega dele, Carlos Henrique da Luz Barboza, 31 anos, tem baixa visão, uma doença congênita que o deixou com apenas 15% da visão e só aos 7 anos de idade
teve consciência de que não enxergava. “Eu tinha dificuldades na escola e achava que eu não sabia ler, morava em Cuiabá (MT) e quando vim aqui para Campo
Grande a professora percebeu que o meu problema não era leitura e sim a visão. Ela me ajudou e me levou ao Ismac. Ali aprendi tudo e me interessei pela
operação de equipamentos de som, trabalho que desenvolvo hoje”, contou.
No próprio Ismac, Carlos Barboza se interessou por pequenos trabalhos que envolvia a eletricidade. “Gostava de mexer em tudo, sempre muito curioso. Então
quando houve a oportunidade do curso, logo me avisaram e eu estou aqui. Me sinto bem e estou feliz em poder aprender. Quero atuar nas duas profissões”,
disse.
Nova leitura
O instrutor Edilson Gomes da Cunha contou que a presença dos alunos contribui para o desenvolvimento de toda a turma. “Eles nos surpreendem. Têm grande
capacidade de raciocínio e têm facilidade em encontrar formas que os ajudem a identificar as coisas. São atentos aos sons e sensíveis e isso muda também
a forma como abordamos os assuntos. Assim, quando falo de um determinado material ou equipamento me preocupo em colocar nas mãos deles para que possam,
por meio do toque e dos sons, entender o que está sendo dito”, disse.
Para o aluno Rafael Augusto de Oliveira, 23 anos, a experiência está sendo proveitosa e estimula a todos a não desistirem de nada na vida. “ Dá um impulso
para que sigamos firmes nas batalhas e tenhamos enfrentamento nas dificuldades. Não os vejo como pessoas diferentes, mas ao mesmo tempo me mantenho por
perto para auxiliar, caso seja necessário”, disse.
fonte>folha do consumidor
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