quarta-feira, 8 de julho de 2015
Entidade leva esportes para cegos no Rio de Janeiro
O nome Urece Esporte e Cultura pode até soar um pouco estranho, parece uma sigla, mas seus fundadores garantem que não é. No site –
www.urece.org.br/site
- explicam que é "um nome próprio, surgido entre os atletas de futebol como sinônimo de raça, vontade, entrega. Quando a associação estava sendo criada,
em uma incubadora de empresas em 2004, o nome surgiu quase como uma imposição deles, que queriam ver confirmado na denominação da nova associação o seu
anseio de competirem por uma entidade que os respeitassem e ouvissem".
A ideia dos 8 atletas e treinadores que começaram o projeto era justamente montar uma organização em que os atletas fossem protagonistas dentro e fora
da quadra, tomando decisões e pensando em soluções para os próprios desafios. "Os fundadores da Urece buscavam mostrar que o esporte não era um fim, e
sim um meio para que pessoas com deficiência visual pudessem alcançar autonomia e cidadania", explica o gerente de Relações Institucionais, Gabriel Mayr.
Com ele concorda o primeiro e único presidente da entidade até agora, Anderson Dias, atleta do Futebol de 5 e campeão paralímpico em 2004, em Atenas: “Apesar
dos atletas de ponta, vemos o esporte como um grande veículo de integração na sociedade”, argumenta. Ele diz que a prática ajuda a ver que a deficiência
não é o fim. Muitas pessoas que chegam à instituição são superprotegidas pela família e a participação esportiva ajuda também no contato com outras realidades.
Mayr afirma ainda que o esporte traz inúmeros benefícios para pessoas com deficiência visual. “Além da melhora cardiovascular, que a prática esportiva
traz a todos, este grupo tem impacto positivo nas capacidades de orientação e mobilidade, fundamentais para o dia a dia, além de benefícios sócio afetivos,
pela participação em um grupo formado por pessoas com condições iguais/similares, experiências de vitórias e derrotas esportivas", garante Mayr. "Durante
o esporte, as emoções e as habilidades físicas são levadas ao extremo, sempre buscando melhores resultados, e as habilidades diárias são normalmente beneficiadas
por esta melhora", ressalta.
Hoje são oferecidos Futebol de 5, Goaball, Natação e Atletismo. Muita gente confunde os dois primeiros mas o Futebol de 5 é uma adaptação do futsal convencional,
enquanto o Goaball foi desenvolvido especialmente para pessoas com deficiência depois da Segunda Guerra Mundial. São mais de 50 atletas participantes,
entre homens e mulheres, com idades variando de 16 a 45 anos. Há uma sede administrativa na região central da capital carioca, enquanto as atividades esportivas
utilizam espaços de parceiros nos bairros do Caju, na Tijuca e também no centro do Rio, já que não há ainda uma sede esportiva própria.
Todas as atividades são gratuitas. O financiamento é obtido por diversas formas, com projetos via lei de incentivo, patrocínios, eventos especiais e o
"Torcedor de Primeira", campanha para pessoas físicas que queiram contribuir mensalmente com as atividades da instituição.
A entidade se orgulha de seus membros: "temos diversos atletas que participaram e participam de competições de alto rendimento. Além do Anderson, Felipe
Gomes e Jhulia Karol são medalhistas de ouro e bronze, respectivamente, no atletismo em Londres, 2012; Filippe Silvestre, medalhista de prata no Goalball,
também em Londres, além de vários atletas nas seleções", conta o gerente.
Um outro feito que Mayr gosta de destacar é a criação do primeiro time feminino de futebol para mulheres cegas. Em 2007, a Alemanha começava a desenvolver
o futebol para cegos e as equipes tinham homens e mulheres. "Pessoalmente, achei aquilo fantástico e comecei a pensar em montar equipes femininas. Em 2008,
enquanto fazia mestrado na Europa, fiz a primeira clínica de futebol para mulheres cegas na Alemanha. No ano seguinte, esse mesmo pessoal convidou a Urece
para participar de uma competição mundial e montamos nossa primeira equipe, que sagrou-se campeã com a jogadora Marta como madrinha", conta Mayr.
A equipe, infelizmente, não conseguiu continuar porque não há competições no Brasil e o futebol feminino, segundo ele, ainda é um tabu, ainda mais para
mulheres com deficiência. "Esse é um grande sonho e estamos trabalhando para dar continuidade ao esporte. Recentemente, uma equipe parceira na Argentina
criou um grupo e há mulheres jogando na Alemanha e na República Tcheca também", comenta.
Fonte: Revista Reação
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