sábado, 14 de março de 2015

 A deficiência nos cinemas: 5 filmes especiais

Cinéfilos - Jornalismo Júnior 12/03/2015 Prepare-se para mergulhar em um mundo onde os deficientes, mais do que especiais, são verdadeiros exemplos de força e superação. Jéssica Bernardo No universo do cinema, tudo o que toca a vida real acaba ganhando espaço. Não seria diferente, portanto, com as deficiências e doenças raras. Presentes em diversos filmes, muitas das histórias que retratam a vida de deficientes estão entre as mais emocionantes já vistas nas telonas. Este ano, na premiação da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas, o Oscar de melhor ator foi dado a Eddie Redmayne por sua atuação no filme “A Teoria de Tudo”, que conta a história do cientista Stephen Hawking: um físico que possui a rara doença esclerose lateral amiotrófica (ELA). Assim, para você entender um pouco mais o porquê das deficiências desconhecidas virem ganhando destaque no cinema, o Cinéfilos separou 5 filmes que retratam síndromes e doenças genéticas das quais você nunca ouviu falar. Prepare-se para mergulhar em um mundo onde os deficientes, mais do que especiais, são verdadeiros exemplos de força e superação. Gabrielle (Gabrielle, 2013) Estrelado pela atriz Gabrielle Marion Rivard, o filme conta a história da personagem Gabrielle, uma jovem de 22 anos que possui, assim como a atriz que a interpreta, a Síndrome de Williams. Com características próximas às do autismo, a Síndrome de Williams é causada por uma alteração no cromossomo 7, que leva as pessoas que nascem com ela a ter atraso mental moderado, hipersensibilidade auditiva e alguns problemas motores. Apesar disso, crianças e adultos com a síndrome são extremamente comunicativos, de riso fácil e com grande interesse pela música, o que Gabrielle deixa claro no filme. Gabrielle mora em um centro de apoio para adultos com deficiências intelectuais, trabalha em uma empresa descartando papéis , e é também cantora de um coral. Neste último, conheceu Martin, um jovem com a mesma síndrome que ela, e com quem Gabrielle começa a namorar. Sonhando com sua independência, Gabrielle passa a tentar provar para sua família ao longo do filme que é capaz de morar sozinha enquanto vive as descobertas do desejo sexual e do amor ao lado de Martin. Colocando em cena as necessidades e os anseios dos adultos com a síndrome, o filme “Gabrielle” mostra que a vida de um deficiente tem muito mais semelhanças com aqueles sem deficiência do que nós podemos imaginar. O Líder da Classe (Front of the Class, 2008) Lidar com uma deficiência nem sempre é fácil, mas talvez pior do que isso seja enfrentar o preconceito daqueles que não compreendem que o deficiente é uma pessoa comum, podendo tanto estudar quanto trabalhar. Brad Cohen, um pedagogo americano, sofreu na pele o preconceito ao procurar emprego em Atlanta nos anos 90. O motivo? Cohen tinha Síndrome de Tourette. Pessoas com a Síndrome de Tourette, assim como Cohen, produzem sons e espasmos involuntariamente – tiques espontâneos incontroláveis. A história do educador americano retratada em O Líder da Classe traz à tona o drama vivido por ele desde sua infância quando foi diagnosticado com a síndrome. Ensinado por sua mãe a não deixar a sua “companheira”, como ele chama a Tourette, impedi-lo de realizar seus sonhos, o menino enfrenta desde cedo os desafios impostos pela doença com a cabeça erguida. Ao lutar por um cargo de professor para crianças, Cohen questiona a ideia de educador e prova que pode ser o melhor profissional de sua área, apesar da deficiência. Simple Saimon: No Espaço Não Existem Sentimentos (I rymden finns inga känslor, 2010) Saimon é um jovem adulto com a Síndrome de Asperger, um transtorno psicológico que causa sérias dificuldades de interação social, além de padrões de comportamentos repetitivos e interesses restritos em quem a possui. Morando com seu irmão e a namorada dele, Saimon tem uma vida regrada por uma rotina fixa, onde ele estabelece os horários para as atividades de todas as pessoas na casa. Para ele, tudo vai bem, até que um dia, Frida, a namorada de seu irmão Sam, se irrita com o comportamento de Saimon e resolve terminar o relacionamento de anos com Sam. A falta de Frida quebra o equilíbrio da rotina na casa e, para solucionar esse problema e a tristeza de seu irmão, Saimon começa a buscar uma substituta para Frida. Através de uma preocupação ímpar em retratar os complexos das pessoas com Asperger, o filme nos coloca frente a frente com as dificuldades de conviver com a síndrome, destacando com detalhes o comportamento de quem a possui. Os reflexos das manias de Saimon e a maneira como seu irmão Sam e sua amiga Jennifer o tratam provocam uma reflexão impressionante sobre o convívio com deficientes desse gênero. O Óleo de Lorenzo (Lorenzo’s Oil, 1992) Em 1984, Lorenzo Odone, ainda criança, foi diagnosticado com adrenoleucodistrofia (ALD), uma doença herdada geneticamente que causa a destruição do sistema neurológico. Oito anos depois, O Óleo de Lorenzo era lançado nos cinemas para contar sua história e como Lorenzo havia permanecido vivo por todos aqueles anos, graças à persistência de seus pais. Trazendo Nick Nolte como Augusto Odone (pai), Susan Sarandon como Michaela Odone (mãe) e o pequeno Zack O’Malley no papel de Lorenzo, O Óleo de Lorenzo apresenta a caminhada da família Odone em busca de algo que conseguisse deter o avanço da doença descoberta no menino. Sendo a ALD uma deficiência da enzima que sintetiza determinadas gorduras no corpo humano, os pais de Lorenzo passaram a procurar meios que deixassem as taxas dessa gordura em baixo nível no sangue de seu filho. Assim, após anos de estudo e dedicação, eles conseguem chegar à resposta para o enigma e desenvolvem com a ajuda de um químico uma espécie de óleo de cozinha que detém o avanço da doença em Lorenzo. Augusto e Michaela conseguiram com seus esforços aumentar a expectativa de vida de milhares de crianças com ALD. Emocionante e profundo, o filme reserva boas lágrimas para aqueles que o assistem e expõe uma história real digna de admiração. Lorenzo viveu 20 anos a mais do que seus médicos previram. Um Dia Especial (Um Dia Especial, 2013) O documentário brasileiro Um Dia Especial talvez seja um dos trabalhos mais delicados e encantadores já feitos sobre o tema das deficiências. E foi por isso escolhido para fechar com chave de ouro a nossa lista. Contando a história de 10 mulheres e seus filhos deficientes, Yuri Amorim, diretor do filme, desenha o dia-a-dia dessas famílias sob uma ótica intimista; e os casos de autismo e de síndromes como a de Rett, Angelman e Lennox Gastaut ganham uma tônica especial no contexto em que estão inseridos. Mães humildes, separadas e solteiras estão entre as que protagonizam essa história ao lado de seus filhos. Assim, através de depoimentos, fotografias e vídeos domésticos, o documentário expressa a realidade brasileira das deficiências e, mais que isso, a realidade particular que paira sobre cada um dos deficientes ali retratados. Em dado momento somos levados a acreditar que conhecemos de perto a casa de cada uma das famílias, seus habitantes e também seus problemas. Ao final do documentário, fica claro que são especiais não apenas os filhos. São também especiais as mães que ali estão, o ambiente em que vivem e o dia que estão tendo.

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