quarta-feira, 20 de julho de 2016
Os cegos na cozinha e os caminhos para a inclusão
Ao despejar conteúdo quente da panela, a pessoa cega deve dar um passo
atrás para fugir do vapor
Saúde Visual publicou
aqui
a incrível história de Christine Ha, filha de vietnamitas e natural de
Houston, no Texas (EUA), que foi diagnosticada com neuromielite óptica
que se tornou
a primeira vencedora com deficiência visual do programa MasterChef USA -
um desafio gastronômico para amantes da cozinha, mas que não são
profissionais.
A vitória deu à Chris um prêmio de 250 mil dólares, o título de
MasterChef, o troféu MasterChef, e o direito de publicar um livro de
receitas. O livro,
intitulado "Recipes from My Home Kitchen: Asian and American Comfort
Food" (receitas de casa: "comfort food" asiática e americana) acaba de
chegar às livrarias
dos Estados Unidos.
O lançamento estimula o debate sobre o desafio que é cozinhar, cortar
ingredientes, usar o fogão, montar pratos bonitos e tudo sem um dos
sentidos. Em
uma entrevista para o jornal Folha de São Paulo, Christine Ha explica
uma das táticas que desenvolveu para cozinhar sem poder enxergar:
"Escuto as bolhas
na água para saber se ela ferveu; sinto o perfume do alho antes de ele
queimar; toco a carne para saber se está crua, crestada ou ao ponto",
diz ela.
Quem acompanha nossa seção de vídeos, certamente conhece Deborah Prates
e sua
série
em três capítulos intitulada “Acessibilidade no lar”. Nela, Deborah
comprova que os cegos são capazes de realizar qualquer tarefa, a começar
por sua própria
casa. Ela mostra o uso da faca, bem como o manuseio de gordura fervente
por pessoa cega. Tudo de maneira rotineira, como qualquer enxergante
faz. Inclusive
a confecção de arranjos e artesanatos.
Culinária é, também, uma das oficinas da Fundação Dorina Nowill para
Cegos. Os deficientes atendidos pela entidade podem incluir no programa
de reabilitação
cursos de atividades da vida diária como varrer o chão, passar roupa e
cozinhar. Somente em 2012, 1.392 pessoas passaram por tratamentos de
reabilitação
na fundação. Todo mês, 35 cegos e pessoas com baixa visão fazem as
atividades que incluem a orientação culinária. Algumas dicas de cuidados
ao cozinhar
explicam que os mantimentos e utensílios precisam ser guardados sempre
no mesmo lugar; os ingredientes devem ser porcionados e deixados em
sequência na
bancada; no fogão, as panelas devem ficar sempre na mesma posição. Já as
mãos devem ficar estendidas à frente para detectar, através do calor, a
boca acesa
do fogão.
Além destas oficinas, a Fundação Dorina Nowill para Cegos também tem
inscrições abertas para o curso gratuito “Caminhos para a Inclusão
Goodyear”, de capacitação
profissional para pessoas com deficiência visual. Realizado em parceria
com a fábrica de pneus e o Senai-SP, o programa preparará 25 jovens para
atuarem
como assistentes administrativos.
As aulas terão início em agosto, e serão promovidas na Escola Senai
Informática, no bairro Santa Cecília, na capital paulista. O curso tem
duração de
um ano, com carga horária diária de quatro horas e salário mensal de R$
678 para os participantes, além de outros benefícios. Os alunos
receberão certificado
e poderão participar de processos seletivos na Goodyear.
Até o dia 12 de julho as pessoas cegas ou com baixa visão, maiores de 16
anos que estejam cursando ou tenham concluído o Ensino Médio podem se
inscrever
no curso.
Veja mais informações no
site
da Fundação.
(Fontes: Folha e Fundação Dorina Nowill)
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário