segunda-feira, 25 de julho de 2016
Cientistas usam vírus projetado para restaurar a visão
Este é o 7M8, um vírus adeno-associado que passa por células da retina para os fotorreceptores alvo
A corrida armamentista entre um vírus e as bactérias que eles atacam tem ajudado os cientistas a entender melhor um dos mistérios da evolução: como novas
características evoluem? Em uma série de experimentos, bactérias infectadas com vírus adquiriam repetidamente a capacidade de atacar seus hospedeiros através
do receptor na membrana celular da bactéria.
Pesquisadores da Universidade Estadual de Michigan (EUA), fizeram com que um vírus desenvolvesse uma nova maneira de infectar as bactérias, e depois observaram
as alterações genéticas associadas a essa nova habilidade. Eles também descobriram que as mudanças ocorridas nas bactérias podem impedir que o vírus adquirisse
essa nova característica.
Seguindo esta mesma linha, um estudo realizado por pesquisadores da Universidade da Califórnia em Berkeley (também nos EUA) pode tornar mais seguro o uso
de vírus para tratar doenças genéticas que levam à cegueira. Neste caso, o vírus atuaria como “mensageiro”, levando genes modificados até células específicas
e fazendo com que eles substituam os defeituosos.
Nos últimos seis anos, várias equipes de cientistas trataram com sucesso pessoas com uma doença ocular rara, hereditária, pela injeção de um vírus com
um gene normal diretamente na retina de um olho com um gene defeituoso. Apesar do processo invasivo, o vírus com o gene normal, não foi capaz de atingir
todas as células da retina que necessitam de fixação.
Embora sofisticado, o método desenvolvido em Berkeley não é simples. “Introduzir uma agulha através da retina e injetar atrás dela o vírus modificado é
um procedimento cirúrgico arriscado”, explica o professor David Schaffer, um dos responsáveis pela pesquisa. Mas os médicos não têm escolha porque nenhum
dos vírus de entrega de genes pode viajar todo o caminho até a parte de trás do olho para alcançar os fotorreceptores das células sensíveis à luz que precisam
do gene terapêutico. Assim, para aumentar o leque de opções, Schaffer e sua equipe geraram cerca de 100 milhões de variantes de um vírus (cada uma carregando
diferentes proteínas em sua superfície) e, após diversos testes com cobaias, escolheram cinco capazes de penetrar a retina com eficiência.
Com base em 14 anos de pesquisa, os pesquisadores conseguiram, dentre os cinco, usar um vírus, batizado de 7M8, que precisa apenas ser injetado no humor
vítreo - o líquido que preenche o globo ocular -, para levar os genes a um grupo difícil de alcançar de células delicadas, de modo cirúrgico, seguro e
não invasivo. “É um procedimento de 15 minutos, e o paciente poderá ir pra casa no mesmo dia”, garante o professor.
Os testes foram realizados em cobaias com retinosquinose (doença que provoca buracos na retina e compromete a visão) e atrofia óptica de Leber (que faz
a pessoa perder gradualmente a visão) e tiveram bons resultados. Agora, a equipe procura colaborar com médicos para que, em alguns anos, a técnica possa
ser usada clinicamente.
(Fonte: Sci-News)
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