sexta-feira, 17 de junho de 2016
Project Bridge cria games para tratamento de crianças com limitações cognitivas e motoras
Para melhorar o acesso de crianças com deficiência à fisioterapia, o grupo de professores e estudantes Project Bridge criou um conjunto de jogos eletrônicos
para ajudar no
tratamento de condições como paralisia cerebral e down. O projeto venceu na categoria Cidadania da 14º edição brasileira da Imagine Cup, competição promovida
pela Microsoft, e o grupo trabalha agora na formação de uma startup com uma plataforma de jogos.
O projeto começou a ser montado em 2013, quando Carlos Monteiro, professor de ciências da reabilitação na Universidade de São Paulo (USP), pesquisou algo
que deixasse a fisioterapia mais acessível. “Jogos são usados por fisioterapeutas para tratamento, mas não vimos nada específico para esses deficientes”,
afirma Monteiro. “Precisávamos de jogos adaptáveis a eles e não o contrário.”
A ideia começou a ser trabalhada após a entrada no grupo do professor de Sistemas da Informação Luciano Araújo e dos alunos Talita Dias (fisioterapia)
e Lucas Magon (ciências da computação). O objetivo era desenvolver jogos adaptáveis às limitações dos pacientes e que permitissem avanço nos tratamentos.
A equipe começou a testar os games em 2014, fazendo parcerias com a Associação Brasileira de Distrofia Muscular (Abdim) e a Associação Brasileira de Esclerose
Lateral (Abrela). “Mais de mil crianças tiveram acesso e o feedback foi positivo, pois elas, de fato, conseguiam brincar” conta Monteiro.
Para jogar os games, é necessário que a criança passe por testes que irão apontar a deficiência e o seu grau. “Talvez haja algum movimento que a criança
não consiga [fazer]. Há casos em que a pessoa só move um dedo. Vemos a necessidade de cada um independente da gravidade, para que todos sejam atendidos”,
diz o professor Araújo.
Por meio do Unity, programa de computador utilizado na confecção de jogos digitais, os games do Project Bridge são desenvolvidos para plataformas diversas
como Xbox, Android, iOS e Windows. Ao total, a equipe já produziu doze jogos.
Sensores de movimento utilizados para videogames como o Kinect e o Leap Motion permitem ao paciente interagir com alguns dos jogos. “Cada jogo funciona
melhor em sua plataforma. Também utilizamos tela touchscreen de smartphones e tablets e queremos explorar a realidade aumentada, com óculos especiais”,
conta Araújo.
Ferramenta para a fisioterapia
Mais de mil crianças testaram os games do Project Bridge. Com a praticidade de também poder jogar em casa, a ideia oferece ajuda no tratamento como uma
ferramenta aos fisioterapeutas.
“Nosso sistema colabora com o ponto de vista terapêutico”, afima Araújo. “O fisioterapeuta pode avaliar a necessidade da criança e criar o melhor tratamento,
propondo maiores desafios e fazendo com que o paciente explore sua dificuldade.”
A fisioterapeuta Juliana de Campos acredita que um investimento nessa área é de grande valia. Pós-graduada em fisiologia do exercício pela Universidade
Veiga de Almeida, do Rio de Janeiro, a especialista trabalha há mais de 15 anos com crianças e adultos com síndromes e limitações cognitivas.
“Uma vez que você desafie uma criança com deficiência, ela irá se esforçar para atingir o objetivo como qualquer outra”, diz Juliana.
Com tratamentos que, em alguns casos, duram a vida inteira, o Project Bridge busca ampliar seu leque de games. Juliana concorda com a criação de novo material.
“Vivemos em um mundo que pede inclusão, mas esquecemos pessoas nessas dificuldades. Esse grupo também tem interesse em se divertir e merece nossa atenção.”
Imagine Cup e criação da startup
O caminho até a premiação na categoria Cidadania da Imagine Cup, realizada em abril, começou bem antes, conta Magon. um dos alunos do grupo. “Foi um processo
trabalhoso e com muitas etapas, tivemos que estudar bastante sobre empreendedorismo”, diz sobre a disputa que premiou a equipe com U$ 3 mil, valor que
está sendo utilizado na criação da própria plataforma de jogos.
A previsão é consolidar a startup ainda neste ano, no segundo semestre. A plataforma funcionará por assinatura mensal. “Como a ideia, também queremos que
o valor seja acessível, algo entre 15 e 30 reais”, diz o professor Araújo.
Em busca de aceleração do negócio, o Project Bridge ainda não lucra com o sistema. Ao todo, foram investidos R$ 60 mil no projeto desde sua idealização,
dinheiro vindo dos próprios sócios. A meta é que o lucro venha a partir das assinaturas e de parceiras.
Fonte: site Diário Comércio Indústria & Serviços por Arthur Henrique.
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