quarta-feira, 29 de junho de 2016

Professor cego concorre a prêmio por técnica que descreve insetos por sons

O psicólogo, pesquisador e doutor em psicofísica Francisco Lima, 51 anos, é um dos finalistas do Prêmio International and Career Achievement Awards Description Project, do Conselho Americano de Cegos (ACB), que acontece no início de julho, na cidade de Mineápolis, nos Estados Unidos. O professor cego de audiodescrição ensina no Departamento de Psicologia e Orientação Educacionais/Centro de Educação (CE) da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). A indicação para participar da premiação surgiu após ele desenvolver uma técnica nos museus a partir de imagens de insetos, que os descrevem por meio de sons. A ideia não pretende substituir a visão, mas contribuir na captura imagética da mente, confirmando uma hipótese e elucidando ambiguidades, além de ajudar tanto estudantes quanto idosos e profissionais no dia a dia. O audiodescritor narra as imagens e transforma em palavras para os cegos e deficientes visuais consumidores de meios de comunicação visual, onde se incluem a televisão e o cinema, a dança, a ópera e as artes visuais. Segundo o professor Francisco, a pesquisa pode ajudar todos os cegos a saber o que está acontecendo, mesmo sem enxergar. “Somente vão precisar de alguém para descrever o que está acontecendo”, contou. Este estudo será tema do seu pós-doutorado do professor no exterior. Os trabalhos começaram com a formação de profissionais para audiodescrever os insetos do museu Dragão do Mar, em Fortaleza, no estado do Ceará, e do museu de geologia da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), em Minas Gerais. Umas das conquistas foi a inclusão da disciplina de acessibilidade na UFOP. “No futuro um estudante cego de biologia vai estudar a planta com mais precisão, conhecendo melhor a morfologia de um inseto”, explicou. Para participar da premiação nos Estados Unidos ele solicitou à UFPE recursos para bancar a hospedagem e passagem aérea. Sempre acompanhado de seu cão-guia, Francisco Lima dá aulas nos cursos de jornalismo, rádio e TV e pedagogia na UFPE. Para facilitar sua comunicação com os alunos e funcionários, comprou um transmissor e acoplou no seu notebook. O equipamento está facilitando sua comunicação ao responder e-mail, através de um visualizador de telas, que transforma as mensagens de texto em áudios. Durante o Encontro Nacional de Audiodescrição em Estudo (Enades), realizado no dia 3 de maio, além de debater os resultados da pesquisa desenvolvida pelo professor no museu da UFOP. “Os estudantes narraram a experiência inédita de aprender a descrever informações da imagem para o texto e apontaram o aumento de visitas no local, inclusive de deficientes”, analisou. De acordo com o pesquisador, a audiodescrição não é somente para as pessoas cegas. “Vai ajudar alguém que não sabe um idioma, por exemplo, ao assisitir a um filme legendado, esse profissional detalha todas as cenas sem intervalo para as trilhas sonoras”, disse. Ele também acrescentou que as pessoas que sofrem com dislexia – dificuldade no aprendizado, também poderão ser beneficiadas. “Ainda temos muitos analfabetos e isso pode ser uma alternativas para interagir nas salas de aulas”, disse Francisco. Fonte: site Diáriode Pernambuco por Max Felipe – Especial para o Diario.

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