sexta-feira, 17 de abril de 2015
Niteroiense treina cães-guia e os entrega a deficientes visuais de forma gratuita
George Thomaz Harrison treinou primeiro cachorro no trabalho final do curso de Psicologia.
Gabriel Rosa
NITERÓI — Quando viu um cão-guia em ação pela primeira vez, o niteroiense George Thomaz Harrison ficou impressionado. Ele, que já era adestrador, resolveu
que apostaria nessa fatia do mercado para o resto da vida. Seu trabalho de conclusão de curso na faculdade de Psicologia foi condicionar um cachorro para
a função. A escolhida foi labradora Raísa, hoje aposentada.
Ele fundou o Instituto Cão-Guia Brasil em 2009 e já treinou cerca de 15 animais desde 2006. No ano passado, foi convidado para fazer um intercâmbio na
Leader Dogs for the Blind, ONG que funciona em Rochester, nos EUA, e é referência mundial para treinamento de cães-guia. Ele só consegue comparar a sensação
que tem ao entregar os animais a deficientes visuais a um momento pelo qual já passou:
— A emoção mais próxima que tive foi o nascimento do meu filho. É indescritível — conta George, que divide sua agenda de adestramentos entre o Instituto
Íris, em São Paulo, e a sua própria organização em Niterói.
A cada dez animais que entram no curso, apenas três conseguem se tornar cães-guia. Os treinamentos duram de um ano e meio e dois anos, dependendo do grau
de adaptabilidade do cachorro. O baixo nível de aproveitamento se deva a especificidades do processo. Os perfis do deficiente e do cão devem se encaixar
perfeitamente, e vários critérios são levados em conta, como altura, velocidade e dinâmica dos passos da dupla. Eles desempenham a função de guia por um
período de oito e nove anos. Os animais não aproveitados são encaminhados para adoção.
Desde 2009 guiando Jonas Santiago, a golden retriever Zuca alterou a vida de seu dono.
— Antes, era quase impossível sair de casa. As ruas não são preparadas, e as calçadas são um desafio até para quem enxerga — afirma Jonas, que perdeu a
visão aos poucos, por conta de uma doença degenerativa
TREINAMENTO E PARCERIAS
Aos desavisados, um detalhe importante: quando o cão está com a guia, não se deve brincar com o ele.
— Nessa condição, ele não deve ser estimulado a outra coisa fora do trabalho. Não incentivamos esse tipo de interação para que o animal não se distraia,
e deixe de cumprir a sua função naquele momento — adverte George.
Não há custos para a quem adota um cão-guia, e os cursos são custeados por parceiros da iniciativa privada. Além do Instituto Cão-Guia Brasil, em Niterói,
há treinamento na ABA, em Brasília (DF); na Escola de Cães-Guia Helen Keller, em Camboriú (SC) e no Insituto Íris (SP). Há uma fila de espera e, conforme
a disponibilidade de novos animais, os candidatos são chamados.
fonte:o globo
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