segunda-feira, 5 de dezembro de 2016

Hotéis continuam a desrespeitar lei sobre acessibilidade

No mês de setembro, o Brasil receberá os Jogos Paralímpicos, evento esportivo que trará à nação um grande número de turistas estrangeiros, dentre eles, alguns com deficiência. Muitos hotéis brasileiros esperam hospedar um grande número de clientes, porém, muitos desses hóspedes, não sabem o que esperar quando chegarem no hotel, principalmente os que possuem deficiência, pois nem sempre estes estabelecimentos estão aptos para recebê-los. Sancionada pela presidente Dilma Rousseff em julho de 2015, a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Estatuto da Pessoa com Deficiência) nº 13.146, determina que todos os meios de hospedagem, devem oferecer ao menos 10% de seus apartamentos, adaptados para pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida. A lei entrou em vigor em janeiro deste ano e os hotéis deverão adaptar seus quartos até o dia 11 de janeiro de 2018, e os que não o fizerem sofrerão o risco de serem denunciados para o Ministério Público. Muitos empreendimentos que estão em fase de construção já estão sendo viabilizados com os apartamentos adaptados de acordo com a legislação, porém, mais de 90% da rede hoteleira, que já tem seus hotéis em pleno funcionamento, parecem não se preocupar com esse assunto, e colocam ‘obstáculos’ para os indivíduos com deficiência ou mobilidade reduzida durante a busca por hospedagem. Na visão de Ricardo Shimosakai, Diretor Presidente da Organização Turismo Adaptado, a primeira falha na elaboração de um projeto hoteleiro é a falta de visão empreendedora para a acessibilidade, além da carência de bons profissionais para a execução desses projetos. “Diversos profissionais como arquitetos e engenheiros, se julgam bons conhecedores de acessibilidade, porém na maior parte das vezes esse conhecimento é básico. Por isso é aconselhável chamar um profissional especializado, para que o resultado seja satisfatório. Às vezes também são chamadas instituições ligadas à pessoa com deficiência para dar uma consultoria, mas por não conhecerem os ambientes e operações específicas da hotelaria, também podem realizar um serviço inadequado. Quem não vivencia ou estuda a acessibilidade, dificilmente tem uma boa compreensão das necessidades envolvidas, e também das soluções mais apropriadas. Nessa área também é preciso estar atualizado, pois novos conceitos, produtos e tecnologias surgem constantemente, e quem não acompanha esse movimento, corre o risco de realizar ações ultrapassadas”, avalia Shimosakai. A organização Turismo Adaptado desenvolve atualmente o Programa Acessibilidade na Hotelaria, onde eles realizam um planejamento aprofundado do meio de hospedagem que tem a intenção de se tornar adaptado para este público. No programa, é analisado o projeto arquitetônico, a inclusão de equipamentos que auxiliem os deficientes, além de orientar as melhores formas de atendimento a esta demanda. Após completado este programa, o empreendimento recebe uma certificação de acessibilidade, além de fazer parte dos serviços de agenciamento de viagens acessíveis da empresa A parte mais sensível ao ser humano de uma instalação, doméstica ou não, é o banheiro. Ele representa um espaço reservado que se traduz em um local de grande privacidade. Em um banheiro de hotel é necessário que esta privacidade seja mantida o mais agradável possível, seja do ponto de vista visual ou funcional. É neste ambiente que os cadeirantes encontram maiores problemas durante sua hospedagem. Um dos principais se dá por conta de o local ter sido projetado em medidas inferiores às adequadas para este público. O que acaba tornando a simples ida ao banheiro, a mais frustrante de todas as experiências. “Arquitetos tem o costume de projetar banheiros com uma porta mais estreita, e isso às vezes dificulta ou até impede a entrada de uma cadeira de rodas. Em outros casos o espaço interno é pequeno, ou os equipamentos estão mal distribuídos. Pias em alturas inadequadas dificultam a aproximação, assim como barras mal colocadas também dificultam a transferência da cadeira de rodas para o vaso sanitário. Mas o maior dificultador fica na área do chuveiro, pois diversos banheiros apresentam box ou elevações para contenção da água. Banquetas basculantes que geralmente são fixadas embaixo do chuveiro, ou uma cadeira especial para banho, que são as mais indicadas, são muito difíceis de se encontrar. E quando finalizamos o banho, descobrimos que a toalha está localizada num suporte elevado inacessível”, comenta Shimosakai, que é cadeirante e já vivenciou muitas vezes dessas situações. Fonte: Revista Hotéis

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