terça-feira, 13 de dezembro de 2016

Sozinho, garoto de 11 anos arrecadou R$ 21 mil para trazer novos cachorros - 01: 3 - Cães para a liberdade |

Para que a viagem do grupo de brasileiros atrás de seus novos cães-guia aos EUA fosse possível, um garoto de 11 anos foi peça fundamental. Tão fundamental que ele foi convidado para ir com o grupo a Michigan ver todo o processo de preparação dos animais para a vinda ao Brasil. A partir de um trabalho escolar, o garoto João Nicastro Silveira passou a entender a importância dos bichos para as pessoas cegas e a colaborar ativamente para a arrecadação de fundos para que mais pessoas tivessem acesso aos animais. ozinho, distribuindo caixinhas de arrecadação e buscando doações nas ruas perto de sua casa, ele levantou R$ 17 mil para a causa, além de R$ 4.000 que conseguiu na escola. Foi convidado para ser presidente mirim do Instituto Íris e aceitou. Hoje, comanda um grupo de pequenos voluntários. Instituto Iris/Divulgação João Nicastro Silveira, 11, com um filhote de cão-guia; o menino levantou R$ 17 mil sozinho para a viagem João Nicastro Silveira, 11, com um filhote de cão-guia; o menino levantou R$ 17 mil sozinho para a viagem "Não conhecia quase nada sobre a vida das pessoas cegas. Quando comecei a ajudar na causa do cão-guia, fui me sentindo muito bem. Não estava dando um brinquedo caro para uma criança, estava ajudando diretamente a melhorar a vida de alguém. Ajudar alguém me fez melhor", diz João. O espírito solidário do menino contagiou toda sua família, que considera estar "totalmente envolvida" atualmente na busca por caminhos que viabilizem mais cães trabalhadores para brasileiros. De acordo com a comerciante Alessandra Nicastro, 44, mãe do garoto, "é muita felicidade ver um filho na idade do João envolvido em uma causa social. Nossa identificação com o trabalho do cão-guia é de coração, de alma." João, que fala inglês fluentemente pois estuda em uma escola internacional, diz que a experiência que viveu nos EUA, na escola de treinamento de cães-guia, "multiplicou muito" sua vontade de fazer ainda mais ações sociais. Instituto Iris/Divulgação Grupo que viajou pelo Instituto Íris para os EUA para buscar novos cães-guia Grupo que viajou pelo Instituto Íris para os EUA para buscar novos cães-guia "Fizeram um tour comigo em toda a escola. Pude aprender mais sobre cada passo da formação de um cão, desde filhote. Foi como se eu estivesse num sonho", afirma João. O grupo de pequenos voluntários está sendo acompanhado por uma pedagoga e os membros não têm nenhuma obrigação de rotina com a instituição. O objetivo maior, segundo o Íris, é a formação de cidadãos mais conscientes sobre diversidade. "Minha meta agora é ajudar a termos o máximo possível de cães-guias no Brasil. Quero mostrar para o brasileiro, para as crianças, o que esse cachorro pode fazer na vida das pessoas e o que ele representa. Também quero defender os direitos das pessoas cegas", afirma o presidente mirim. À ESPERA A estudante de direito Marcela Giacomin Pandolfi, 18, está há um ano na fila por um cão-guia. Moradora da zona rural do município de Aracruz (ES), ela tem certeza de que o bicho poderá transformar diversos aspectos de sua vida. Cega desde os seis anos devido a um câncer, Marcela, que é usuária de bengala, diz que ainda precisa de auxílio algumas vezes, sobretudo para ir à faculdade. "O cão-guia me daria a independência de ir e voltar de onde eu quiser, na hora que eu quiser. Só isso já daria uma qualidade de vida incrível, mas ele também proporciona mais segurança ao caminhar na rua", afirma. Como o animal é treinado para desviar-se de obstáculos, a pessoa com deficiência visual pode também levar menos tempo durante um trajeto. Instituto Íris/Divulgação Futuro cão-guia; cães são treinados desde pequenos e socializados por famílias voluntárias Futuro cão-guia; cães são treinados desde pequenos e socializados por famílias voluntárias Marcela sempre teve labradores em casa, nenhum treinado, e acha que sua relação com um futuro cão-guia será muito "tranquila". "O cão traz uma socialização maior à pessoa com deficiência visual, naturalmente. Ele chama a atenção e muita gente se aproxima, o que me ajuda a fazer mais amigos, estar mais integrada à minha faculdade." Ainda não há um prazo para que Marcela seja contemplada com um cão por meio do programa do Instituto Íris. Por enquanto, ela vai se esmerando na faculdade de direito e aprendendo mais sobre seus próprios direitos. "São poucas as opções de cursos universitários que atendam pessoas com deficiência visual. Optei pelo direito, mas é preciso muita determinação, brigar muito para ter acesso aos livros que preciso. Tenho de me virar. Quando meu cão chegar, vamos batalhar juntos."

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