terça-feira, 20 de dezembro de 2016

Universitário cria canal no YouTube para incentivar deficientes físicos

Henrique Mattos e Diogo Alves da Silva de camiseta azul, amigos desde a infância A regra é bem clara: ‘Quem não tem mão faz com pé’. Pensando em usar as próprias limitações como exemplo, o universitário de Ciência da Computação Diogo Alves da Silva, de 20 anos, que é deficiente físico, decidiu criar um canal no YouTube para incentivar pessoas que passam pelas mesmas dificuldades que ele no dia a dia. A página online, há quase três meses no ar, conta com mais de 6.580 visualizações. — O fato de eu ter nascido com má formação, sem braços e com a perna torna, não existe apenas para que eu passe por dificuldades e tente me superar todos os dias. Posso utilizar isso para dar força a outros deficientes físicos que em algum momento se sentem desmotivados, dizer que eles não estão sozinhos e que podemos nos reinventar sempre — comenta Diogo, que posta os vídeos no canal pelo menos duas vezes por semana. O estudante conta que os vídeos são gravados na casa do amigo de infância Henrique Mattos, de 21 anos. Lá, eles improvisaram um pequeno estúdio, e, entre filmagens feitas com a câmara de um celular e edições de vídeo, o canal vai ganhando vida. Segundo Henrique, a deficiência do amigo o ajudou a enxergar o mundo através de um outro ponto de vista, mais amplo. Dessa mesma forma, ele espera que o canal afete outras pessoas. — Apesar de não ter nenhuma deficiência, eu cresci com o Diogo e abraço a causa. Depois que eu vi os vídeos dele, decidi ajudar. A gente muda os móveis de lugar, faço a edição dos vídeos e ajudo também na divulgação nas redes sociais. Juntos, conseguimos fazer a coisa acontecer — afirma Henrique. Os próximos passos para expandir ainda mais a página, de acordo com seus criadores, são investir em mais temas inspiradores e aumentar a periodicidade das postagens. Depoimento Diogo da Silva: ‘Nasci sem braços e tive que me virar’ Nasci sem braços e tive de dar um jeito para me virar e me recolocar no mundo. Na vida é assim, quem não tem mão tem que fazer com o pé. E é assim que eu escrevo, escovo os dentes, faço minhas refeições, estudo, vivo. Em algumas situações, fico constrangido, como precisar de ajuda para ir ao banheiro, mas tô me acostumando com isso. Tento ser o mais independente possível. Fico muito feliz quando consigo fazer algo que aparentemente não faria sozinho. Repercussão: efeito positivo sobre o público O universitário Diogo da Silva ressalta ainda que, pelos comentários das pessoas que assistem aos vídeos da dupla no YouTube, o resultado tem sido positivo. — A informação circula muito rápido. As pessoas gostam muito do que fazemos, e a repercussão tem aumentado bastante. Recebemos todo tipo de críticas e até mesmo sugestões. A alegria maior é quando alguém comenta que passou a se sentir melhor por apenas nos ver e ouvir. Estamos conseguindo atingir nosso objetivo — declara Diogo. Ele conta que, durante as eleições, presenciou uma “situação chata” que o entristeceu e serviu de tema para um de seus vídeos. — Quando uma cadeirante chegou para votar na mesma escola que eu, descobriu que o elevador não estava funcionando. Não tinha rampa, e ela não pôde votar. Teve de justificar o voto. Isso me afetou muito e fiquei pensando nessa obrigação de votar e na falta de acessibilidade que existe no Rio. Fonte: Extra

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