quarta-feira, 27 de abril de 2016
Filme Teu Mundo Não Cabe nos Meus Olhos
Exclusivo: Visitamos as filmagens de Teu Mundo Não Cabe nos Meus Olhos, com Edson Celulari e Soledad Villamil
De Bruno Carmelo ▪ quinta-feira, 21 de abril de 2016 - 08h30
No drama, um homem cego descobre a oportunidade de retomar a visão através de uma cirurgia.
Chega aos cinemas este ano um drama tão singular quanto seu título: Teu Mundo Não Cabe nos Meus Olhos, novo projeto do cineasta
Paulo Nascimento (A Oeste do Fim do Mundo).
A história gira em torno do casal Vittorio (Edson Celulari) e Clarice (
Soledad Villamil, de O Segredo dos Seus Olhos).
Ele é um pizzaiolo, cego de nascimento, enquanto ela vem de uma família rica, e trocou todo o conforto de suas origens para ajudar a manter financeiramente
a família.
Um dia, Vittorio descobre que uma cirurgia permitiria que ele enxergasse pela primeira vez. A ideia é ótima, mas como se adaptar à nova realidade? Depois
de passarem por Porto Alegre, as filmagens se mudaram para o bairro do Bixiga, em São Paulo. O AdoroCinema foi convidado a acompanhar o último dia de trabalho
de Soledad Villamil antes do retorno à Argentina.
Ao lado da Escadaria do Bixiga, vizinhos e comerciantes acompanhavam a interação entre Vittorio e Clarice a céu aberto. A cena que pudemos conferir corresponde
ao momento em que a esposa explica ao marido tudo que o casal poderá ver juntos caso ele se submeta à cirurgia. Muito tranquilo, o diretor Paulo Nascimento
se dedicava quase exclusivamente ao trabalho com os atores, enquanto a equipe técnica afinava cada aspecto da fotografia, do som, da continuidade... Julgando
pela expressão do cineasta durante a cena, ele estava encantado com o desempenho da atriz argentina.
Começando o projeto
"Eu vejo muitos filmes argentinos, desde antes de eles entrarem na moda, até por morar em Porto Alegre. Sempre acompanhava o trabalho da Sole, e tive a
ideia de fazer com ela a personagem da judia argentina que vem morar em Higienópolis. Teve a preocupação com o idioma, eu disse que teria que ser em português,
mas para a minha surpresa, ela topou na hora!". Soledad completa: "Ensaiamos desde outubro, depois em novembro e fevereiro. Além disso, tive um coaching
de português por Skype e a ajuda de uma fonoaudióloga".
Edson Celulari, no entanto, tem uma relação muito mais longa com o cineasta: "Eu acompanho os projetos do Paulo há 13 anos. Fiz o primeiro longa dele,
Diário de um Novo Mundo,
e depois fizemos a série Animal para a TV Globo. Agora veio esse projeto, e temos outros em vista. Quando ele escreveu o roteiro, tinha outra ideia para
o elenco, mas torci para este projeto vir para mim, e depois de uns anos, a oportunidade chegou. É um desafio, mas comprei com toda a vontade". Ensaio
sobre a cegueira
"Quanto mais eu convivo com deficientes visuais, mais descubro sobre eles", explica Paulo Nascimento. "A gente se sente até com vergonha de ver como são
felizes. Tentamos passar esta força dos deficientes para a história. Acho que a Clarice se apaixonou pelo Vittorio por isso: ele é forte, alegre, autossuficiente.
Mas esse filme não é sobre a cegueira: é sobre a dificuldade de aceitar as pessoas como elas são".
Sobre a história do personagem cego que retoma a visão, o diretor completa: "Se perguntarem a alguém que enxerga se ele quer ficar cego, a pessoa vai dizer
que não. Mas se perguntarem aos cegos se eles querem ver, muitos também vão dizer não. É uma vida que está pronta. Nós consideramos nosso mundo visual
como o único possível, mas eles também". Soledad explica: "O cego é uma pessoa misteriosa para nós, não conseguimos compreender um mundo tão diferente
do nosso".
Celulari comenta a preparação para o papel: "Muitos cegos, depois de uma idade, começam a ganhar peso, então engordei 15kg para viver esse personagem.
Aprendi a fazer pizza de olho aberto, fazer pizza de olho fechado, e pesquisei muito sobre a realidade deles. Vivi na casa de pessoas cegas, passei muito
tempo com eles, além de ter um trabalho de coaching. Acho que contamos a história com a emoção certa".
Cinema argentino à brasileira
Para Edson Celulari, "este é um filme diferente da maioria das produções no Brasil, ele se parece muito mais com um projeto argentino, pela delicadeza
e pelo retrato de pessoas comuns. Nada explode, ninguém mata ninguém. São pessoas normais, algo que é mais típico do cinema argentino. Para mim, foi maravilhoso
interpretar um personagem deste porte nesta fase da minha carreira".
Soledad Villamil afirma não conhecer tão bem o cinema brasileiro para efetuar uma comparação, mas concorda com as afinidades do projeto com o cinema argentino:
"Você deve ter visto na filmagem: nós trabalhamos muito os detalhes, as coisas pequenas, que tiram o filme do óbvio. São pessoas comuns, vivendo histórias
comuns. Elas poderiam morar em qualquer uma dessas casas ao redor". Para Nascimento, a simplicidade é um trunfo e um desafio: "É muito difícil fazer uma
história sobre pessoas comuns. Qualquer história poderia parecer óbvia demais, ou pretensiosa demais. É necessário juntar muitos fatores... Não sei dizer
como fazer a mistura funcionar".
Teu Mundo Não Cabe nos Meus Olhos deve estrear ainda em 2016, no fim do ano.
Fonte:
http://www.adorocinema.com/noticias/filmes/noticia-120680/
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