quarta-feira, 6 de abril de 2016
Facebook lança sistema que 'lê' fotos para deficientes visuais
RIO - No início, o que mais havia na Internet era texto. Hoje, há cada vez mais fotos. Estima-se que 1,8 bilhão de novas imagens por dia ganham para redes
sociais como o Facebook, Twitter e Instagram.
Pessoas com problemas de visão ou cegos usam softwares sofisticados, os chamados "screenreaders", para saber o que está online. Os programas leem o texto
das páginas, transformando em áudio ou braile (que será lido com interfaces manuais). Mas não podem descrever imagens: o melhor que podem é ler descrições,
em geral marcadas em redes sociais com #paracegover.
Um novo sistema do Facebook, lançado nesta terça-feira, pode mudar isso. É uma ideia de Matt King, um engenheiro da rede social que ficou cego
devido a uma retinite pigmentosa, condição que destrói as células sensíveis à luz na retina.
"Muita coisa que acontece no Facebook é extremamente visual, e como cego, você pode realmente se sentir fora da conversa, como se nem estivesse lá", diz
ele em entrevista à BBC.
A tecnologia que King e sua equipe desenvolveram usa um software interno do Facebook para decifrar textualmente o que uma imagem contém. O sistema já foi
treinado para reconhecer coisas como diferentes tipo de comida e veículos, mas está disponível no momento apenas para sistemas iOS e em algumas regiões.
"A inteligência artificial avançou até esse ponto, no qual é prático para nós tentar fazer computadores descreverem imagens de um jeito significativo.
Ainda
estamos em estágios iniciais, mas está nos ajudando a ir para uma direção onde o objetivo é incluir todos que querem participar da conversa", afirma o
americano de 49 anos.
Atualmente, o sistema descreve imagens em termos básicos: "Há duas pessoas nessa imagem e eles estão sorrindo", mas o software está treinado para reconhecer
cerca de 80 objetos comuns, como carros, trens, comida e ambientes de montanha, água e praia, assim como esportes como golfe, natação e tênis. As imagens
são descritas na função "texto alternativo", ou "Alt text", em cada foto. Aqui entre a inteligência artificial: quanto mais imagens escanear, mais sofisticado
será, com mais precisão.
Em março, o Twitter ativou uma função parecida, mas manual: usuários podem acrescentar o al text em suas fotos, as descrevendo. Mas embora as descrições
possam ser melhores (já que estão sendo feitas por pessoas), o sistema exige que o usuário aja para descrever, enquanto o novo sistema do Facebook é automático.
King e sua equipe gostariam que o software fosse além e usasse o reconhecimento de rostos para identificar automaticamente por nome quem está na foto.
Mas
outros resistem porque seria uma violação de privacidade marcar pessoas sem autorização nas imagens.
Para King, é uma questão de princípios: pessoas com problemas de visão e os que veem deveriam ter acesso igual ao que é postado on-line. Quem vê sabe quem
está em muitas das fotos, então os cegos deveriam poder ter o mesmo privilégio;
"Acho que tenho direito a essa informação. Estou pedindo uma informação que já está disponível para quem vê. É uma questão de igualdade".
Fonte:
http://m.oglobo.globo.com/sociedade/tecnologia/facebook-lanca-sistema-que-le-fotos-para-deficientes-visuais-19019781?utm_source=newsletter&utm_medium=email&utm_content=sociedade-tecnologia&utm_campaign=newsdiaria
fonte:jornal o globo
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