quinta-feira, 20 de dezembro de 2018

Conheça a petra, esporte paralímpico que aumenta inserção de deficientes

O esporte, que favorece público de cadeirantes com paralisia cerebral, foi uma modalidade demonstrativa na 22ª Paralimpíadas Escolares

Maíra Nunes - Enviada especial
Início do grupo O treinador Ivamarcos Pereira ao lado do pupilo Severino Ferreira
Maíra Nunes/CB/D.A Press
O treinador Ivamarcos Pereira ao lado do pupilo Severino Ferreira
Fim do grupo
São Paulo - O olhar do professor de educação física Ivaldo Brandão diante da quadra de bocha na 22ª Paralimpíadas Escolares, disputadas na semana passada

em São Paulo, não esconde a satisfação de ver o local repleto de competidores — a modalidade praticada por jovens de 12 a 17 anos com paralisia cerebral

contou com 96 inscritos no evento deste ano. Em 1996, Brandão foi um dos responsáveis por trazer a bocha para o Brasil, rendendo ao país 10 medalhas em

Jogos Paralímpicos. Ele fez o mesmo com o futebol para amputados e o futebol de 7, para paralisados cerebrais.
Hoje, um dos discípulos de Brandão segue os passos dele com a petra, uma prova do atletismo para cadeirantes com paralisia cerebral com dificuldade de

se encaixarem em modalidades tradicionais. “É uma corrida voltada para paralisados cerebrais que não têm comprometimento suficiente para se inserir na

bocha, mas também não conseguem caminhar para disputar futebol de 7 ou outras provas do atletismo e da natação”, explica Décio Roberto Calegar, um dos

pais da petra no Brasil e secretário-geral das Paralimpíadas Escolares

Triciclo
A estudante Larissa Vitória Henz, 17 anos, foi campeã paranaense de bocha paralímpica por dois anos na classe BC2, mas acabou sendo considerada inelegível

para a modalidade por apresentar padrões fora dos exigidos oficialmente. Neste ano, ela se reaproximou do esporte, mas por meio de uma modalidade praticada

sobre uma espécie de triciclo em que os adeptos apoiam o peito em um suporte anexado às três rodas e se locomovem por meio dos movimentos das pernas, pois

não há pedal.
“Sinto como se eu conseguisse andar sozinha”, resume Larissa, que foi acompanhada da tia de Campo Largo, no Paraná, para participar das provas demonstrativas

da petra nos 100m e 250m durante as Paralimpíadas Escolares. O instrumento oferece a possibilidade de se locomover sem a cadeira de rodas, além de benefícios

físicos como fortalecimento muscular, melhoria da coordenação motora e da autoestima.
Outros estudantes de diferentes regiões do Brasil foram convidados para divulgar a petra no evento que marcou a estreia de meninos e meninas em competições

esportivas. A estudante de Ribeirão Preto Giovana Gabriele Barbosa, 15 anos, havia sido anteriormente campeã de bocha nas Paralimpíadas Escolares, mas

viu ainda mais potencial na petra em um ano de dedicação à modalidade criada na Dinamarca. “A Giovana tem consciência de que pode se tornar uma grande

atleta na petra e se prepara para alcançar esse objetivo”, diz a técnica Juliana Maciel.

Professores como principais motivadores
Severino Ferreira, 14 anos, foi da Paraíba para as Paralimpíadas Escolares em São Paulo acompanhado do treinador, Ivamarcos Lisboa Pereira. “Apaixonado

por tudo que tem roda”, como o próprio professor diz, Ivamarcos comprou duas petras assim que conheceu o esporte. O objetivo era levar a novidade para

a escola onde dá aula em João Pessoa. “O importante é o impulso inicial. Eu queria que os meus alunos vivenciassem logo essa prática”, justifica, ressaltando

a motivação dos pupilos após experimentar o equipamento.
Durante as Paralimpíadas Escolares em São Paulo, bastaram alguns minutos após a prova demonstrativa da petra para que outros professores interessados em

entender melhor a prática procurassem o técnico do atleta Severino. Há previsão de que a modalidade seja incorporada ao Mundial Paralímpico de Atletismo

em 2019.
O pioneiro da bocha no Brasil Ivaldo Brandão diz que o caminho para fazer um novo esporte paralímpico crescer é respaldá-lo com grande produção científica

sobre o tema. “Uma pessoa com paralisia cerebral severa ou com uma distrofia em estágio avançado não teria oportunidade no mundo dito normal. Então estamos

criando nichos de oportunidade para inserir essas pessoas por meio de uma prática de esporte”, defende Brandão, que atualmente é vice-presidente do Comitê

Paralímpico Brasileiro.
Da mesma forma que Décio faz com a petra, treinadores de outras modalidades aproveitaram a Paralimpíada Escolar para buscar novos adeptos. A própria petra

contou com 20 pessoas em um dia de oficina. O parabadminton foi outra modalidade que ofereceu cursos durante a competição. Houve também atividades de experimentação

de paracanoagem, parataekwondo e até uma pista de curling estava montada no Centro Paralímpico para os estudantes conheceram a modalidade.
O aquathlon, modalidade que reúne natação e atletismo, também foi testado no evento. O mesmo havia ocorrido anteriormente com o vôlei sentado e o basquete

em cadeira de rodas, que foram disputados como modalidades teste nas Paralimpíadas Escolares de 2017. Neste ano, os dois esportes foram incorporados oficialmente.

fonte
www.df.superesportes.com.br/

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