sexta-feira, 22 de setembro de 2017

UM DIA DE COMEMORAÇÃO E LUTA

Desde o início dos anos 1980, com o avanço dos movimentos sociais, escolhemos o começo da primavera para aflorar em busca de respeito e visibilidade. A

Convenção dos Direitos da Pessoa com Deficiência (CDPD) da ONU é acolhida pelo Brasil por meio do Decreto Legislativo nº 186/2008, mantendo-se constante

debate até comemorarmos com o marco legal LBI (13.146/2015), que elege a barreira atitudinal como a mais limitante e obstrutora de nossa cidadania.

Deficientes, portadores, surdo-mudo ou especial são expressões que ainda poluem nosso ar, mas somos muito mais que mero conceito ou diagnóstico.

A CDPD e a LBI consideram que a deficiência resulta da impossibilidade de interação da pessoa com o meio diante das barreiras existentes. Uma cadeirante

diante de uma escada, sem rampa ou elevador; pessoa surda sem acesso a legenda ou tradução em Libras; cega sem acesso em braile ou áudio descrição ou,

ainda, diante de obstáculos físicos e da ausência de piso podotátil. Todas as barreiras são excludentes, mas a atitude é a maior delas. A barreira atitudinal

revela-se no olhar de impotência ou piedade destinada ao outro, desconsiderando sua capacidade e condição humana.

As barreiras atitudinais ainda imperam dentro de famílias, escolas e ambientes de trabalho ou lazer. Entender e aceitar as diferenças existentes entre

cada ser humano é um grande desafio. Chegar a mais um 21 de setembro nos faz refletir sobre a posição que as pessoas com deficiência ocupam em nossa sociedade.

Uma Presidência da República pela América Latina, uma prefeitura pelo Mato Grosso, várias outras funções públicas como Ministérios, Magistratura, Advocacia,

Engenharia, Medicina, dentre muitas outras valiosas que deixamos de citar para evitar o erro de esquecer alguma, demonstram que trilhamos o caminho certo

e, saindo da invisibilidade imposta pelo preconceito, galgamos para a plenitude e visibilidade, como alardeado nos artigos 6º e 7º da Declaração Universal

dos Direitos Humanos.

Liduína Carneiro
Presidente da Comissão de Defesa dos Direitos da Pessoa com Deficiência da OAB-CE

Fonte: O Povo On Line

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