quarta-feira, 16 de março de 2016
Casos de violência contra deficientes crescem 34% em Campinas, SP
O número de registros de casos de violência contra pessoas com deficiência em Campinas (SP) cresceu 34% no comparativo entre os anos de 2014 e 2105. Isto
é o que mostra um levantamento da Secretaria da Pessoa com Deficiência, que registrou 1.441 casos em 2015.
Em 2014, segundo a Prefeitura de Campinas, os casos de violência chegam a 1.074 casos. Já em 2015, foram 1.441 casos, um aumento de 35%. Em entrevista
à EPTV, afiliada TV Globo, um jovem portador de deficiência visual, que não quis ser identificado, já sofreu violência de colegas de trabalho e do próprio
chefe.
“Eles diziam para eu dizer desse jeito ‘deixa eu ver se esse cego tá enxergando’. Ele pegava aquele elástico de amarrar dinheiro e esticava na minha direção.
Acertava meu olho, meu rosto. Eu desisti. Quando me falam de mercado de trabalho, não consigo", disse o jovem.
A estudante de direito Joyce Almeida sofreu um acidente há 15 anos, desde então depende da cadeira de rodas para se locomover, mas os obstáculos e limitações
são muito mais do que físicos. Ela já sofreu violência de motoristas do transporte público.
Ele pegava aquele elástico de amarrar dinheiro e acertava meu olho. Eu desisti. Quando me falam de mercado de trabalho, não consigo."
deficiente visual que não quis ser identificado
“A aula acabou e eu dependo de um elevador, pois estudo no segundo andar. Atrasei cinco minutos além da tolerância e o motorista ficou nervoso e começou
a me ofender e falar que eu era culpada. Dependo de uma cadeira de rodas para locomoção, não to andando normalmente como gostaria com minhas pernas”, desabafa
a estudante de direito.
Emmanuelle Alkimin, titular da Secretaria da Pessoa com Deficiência, a violência contra a pessoa com deficiência, não é apenas física. A violência muitas
vezes é moral, ou uma discriminação.
A secretaria, portadora de deficiência visual, afirma que também sofre violência moral. “Tem maquininhas de cartão de crédito, que eu como deficiente visual,
não consigo digitar minha senha quando ela é touch. É uma violência, por que quebra o meu sigilo bancário e tenho que confiar em uma pessoa estranha para
digitar a minha senha”, explica Emanuelle.
Segundo Emanuelle, o aumento de 34% é preocupante. “Esta é uma violência contra a parte mais frágil da sociedade. Muitas vezes a pessoa com deficiência
não tem como se defender. Sabemos ainda que muitas pessoas com deficiência ainda não tem coragem de fazer a denúncia, por que a violência muitas vezes
acontece dentro de casa”, disse a secretária.
Joyce sofreu violência de motorista de ônibus de Campinas (Foto: Reprodução / EPTV)
A estudante Joyce sofreu violência de motorista de ônibus de Campinas (SP) (Foto: Reprodução / EPTV)
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