quarta-feira, 31 de julho de 2019

Deficiente visual é impedida de circular com sua cadela em condomínio

Início do grupo Jéssica e sua cadela Zoé (Foto: Jéssica Vieira)
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Jéssica e sua cadela Zoé (Foto: Jéssica Vieira)
Fim do grupo

Um condomínio no bairro Grageru, zona sul de Aracaju, proibiu que uma deficiente visual circule pelo condomínio com sua cadela no chão. A jornalista Jéssica

Vieira tem uma deficiência visual congênita, possui apenas 10% da visão, e adquiriu o animal para auxiliar na sua locomoção. A jovem se sente constrangida

e privada de seus direitos.

Zoé, a cadela de três meses da raça Border Collie, está sendo adestrada para se tornar um cão de companhia e assistência. Jéssica conta que antes de aquirir

o animal, informou ao síndico do condômino e assim que a cadela chegou em sua casa, solicitou uma reunião, e enviou toda sua documentação atestando a sua

deficiência visual, e a documentação do animal.

“Enviei toda documentação no dia 10 de julho, e a reunião com o síndico e o subsíndico aconteceu na terça-feira, 23. Mesmo apresentando todos os laudos

médicos, o síndico disse que eu não poderia descer com Zoé no chão porque infringia as regras do condomínio, e que se eu quisesse entrasse na justiça.

Registrei tudo no livro de ocorrência, para ter uma resposta formal, e o síndico respondeu novamente a mesma coisa, sem embasamento nenhum”, conta Jéssica.


A jovem adianta que apesar de ter seu direito resguardado na Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (LBI), entrará com uma ação judicial

contra o condomínio para garantir seu direito de ir e vir. “As leis existem para que a gente não precise recorrer à justiça para garantir nossos direitos,

mas o meu está sendo negado. O meu direito de ir e vir está sendo retirado, e por conta da minha deficiência eu não consigo descer com Zoé no braço porque

perco ainda mais meu campo visual e coloca em risco minha integridade física, é tanto que toda encomenda grande que recebo, os funcionários do condomínio

levam até meu apartamento. Essa proibição exige que eu faça uma coisa que minha deficiência não permite, pela LBI, é uma barreira de acessibilidade”, explica.


Jéssica conta que mesmo com a proibição do condomínio, ela desceu com a Zoé pelo elevador de serviço ontem, e que vai continuar circulando normalmente

com a cadela. “A partir do momento que se coloca o animal no colo ou no carrinho, ele entende que tem que andar a frente da pessoa, e Zoé está sendo treinada

para ser um cão de companhia e assistência, ela precisa andar ao meu lado para me auxiliar. Esses dias o treinamento dela foi suspenso porque iniciaríamos

o treinamento externo, e por conta dessa situação ela e eu estamos sendo prejudicadas. Me sinto constrangida porque ninguém tem o direito de tirar ou questionar

minha autonomia”, afirma.

O advogado de Jéssica, Marcelo Almeida, explica que o Regimento Interno é a lei que rege cada condomínio, mas nenhuma lei é absoluta e os direitos individuais

precisam ser observados.“ O regimento norteia o funcionamento e dita as regras do condomínio, mas essa lei não é absoluta, ela é relativa, e cada caso

precisa ser avaliado. Jéssica tem apenas 10% da visão e o animal é para auxiliá-la, como ela vai transportar esse animal no colo? Até amanhã estaremos

entrando com uma ação judicial para garantir o direito dela, porque essa negação infringe a lei 10.098/2000, a 11.126/2005 e a 13.146/2015”, esclarece.


A equipe do Portal Infonet entrou em contato com o síndico do condomínio onde Jéssica mora, mas ele não quis falar sobre o assunto.

Border Collie

De porte médio, o border collie é considerado um dos mais inteligentes e leais animais caninos. Além de muito esperta, a raça tem um grande instinto protetor.

Devido à união entre inteligência e afeto, essa raça tem facilidade para treinamento e se destaca entre muitos cachorros na capacidade de entender ordens

e colocá-las em prática.

Por Karla Pinheiro
fonte Infonet - O que é notícia em Sergipe

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