quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015
Brasil: Aumento de casos de diabetes desafia o Lar Santa Luzia, em Bauru
Marillene Lectícia Mendes Arruda perdeu a visão por conta de diabetes
Com o objetivo de melhorar a qualidade de vida dos deficientes visuais,
o Lar Escola Santa Luzia para Cegos de Bauru é entidade social sem fins
lucrativos
que oferece atividades pedagógicas e socioeducativas. Porém, vive em um
momento em que precisa o quanto antes de recursos e doações para
continuar a atender.
O número de cegos aumentou no final do ano passado e, segundo a
presidente do Lar, Nilce Regina Capasso Canavesi, o grande problema é
que a estrutura não
permite atender a todos e há 40 pessoas na fila de espera.
Atualmente, o Lar Escola atende a 66 pessoas de Bauru e região em sua
unidade que fica na avenida Castelo Branco e também em um prédio na rua
Gerson França,
onde funciona o escritório.
Diabetes
A questão é que, segundo Nilce, houve aumento expressivo de pessoas que
perderam a visão por diabetes e o número de interessados para ser
atendidos cresceu.
“A fila de espera só poderá ser atendida se tivermos mais recursos
financeiros e ampliação da entidade. E mais da metade dessas pessoas que
estão na fila
são jovens que ficaram cegos por conta da diabetes”, contou. Nilce
lembra que jovens com diabetes precisam de alimentação diferenciada.
“Estamos com muita dificuldade para poder atender esses deficientes
visuais. Para os diabéticos é necessária até mesmo uma geladeira nova
para colocar
insulinas. É muito complicado falar para as mães que não temos vagas”.
A presidente afirma que, nos anos anteriores, o Lar Santa Luzia recebeu
muitos deficientes visuais que perderam a visão por conta de acidentes
de trabalho.
“Já tivemos grandes altas no número de cegos por conta de acidentes no
trabalho. Mas, com as campanhas nas empresas, isso diminuiu.”
Marillene Lectícia Mendes Arruda, 26 anos, perdeu a visão há cinco anos
por conta da diabetes.
“Desde os dois anos de idade eu trato a doença, mas o médico sempre
alertou sobre o risco de perder a visão. Confesso que quando fiquei cega
tive medo
nos primeiros dias, mas depois fui me adaptando junto com minha
família”, disse.
Para ela, o Lar a tornou mais independente. “Vim para o Lar depois que
ganhei minha filha e foi aqui que aprendi a cuidar dela. Me tornei mais
segura.
Aqui eu participo do coral, da informática, do braille e vou no jardim
sensorial. O ouvido e as mãos são nossos olhos”.
‘O tamanho do seu sonho é o tamanho da sua luta’
“Comigo aconteceu assim: eu fiquei sabendo através de uma pessoa que
conhecia a escola e, no fim das contas, minha vida mudou totalmente
quando vim para
o Lar Escola. Aprendi muita coisa e me tornei uma pessoa independente.
Agora eu pego o circular e vou para o Centro pagar conta sozinho”
Mario Antônio Slompo, 48 anos
“Perdi minha visão aos 13 anos. Confesso que eu só chorava quando eu
cheguei, mas aqui aprendi o Braille, informática, aprendi a cuidar mais
da casa, ser
comunicativa e até participo do teatro. Hoje eu só dou risada e posso
afirmar, com segurança, que é possível viver sem a visão. Sou casada e
tenho uma
vida normal”
Josiane da Silva Arantes, 22 anos
“No meu caso, fiquei cego aos 12 anos e sou atleta do ‘Bora Correr’. Faz
um ano que participo do Lar Escola Santa Luzia através do Estevam e é
muito bom
estar aqui. Fez toda a diferente poder ajudar a ensinar música com meu
amigo”
Tiago Souza Esquerdo, 24 anos
O Lar Escola Santa Luzia para Cegos foi fundado em 1969, em Bauru, e
oferece para os deficientes visuais atividades que possibilitam inclusão
social através
de curso de alfabetização pelo método braille, informática adaptada e
música com instrumentos.
A entidade, que possui 15 funcionários, tem parceria com a Secretaria do
Bem Estar Social (Sebes), Secretaria da Educação, Associação Mulher
Unimed (AMU)
e clubes de serviço, como o Lions. As atividades acontecem normalmente
das 8h às 17h.
O espaço da casa pode até ser reduzido, com salas pequenas. Mas é nele
que há grandes histórias de superação.
A reportagem do Jornal da Cidade passou uma tarde com os deficientes
visuais do Lar e pôde conhecer pessoas que superaram seus limites e que
aprenderam
a colocar cor e alegria em suas rotinas.
Uma delas é o professor de música da entidade e regente do coral Estevam
Rogério da Silva, de 37 anos, que é cego desde nascença e mora em Jaú. A
cegueira
não foi impedimento para que pudesse aprender a tocar violão, guitarra,
contrabaixo e teclado.
Estevam é casado, tem três filhos e se formou em música e em pedagogia.
Hoje, além de dar aulas no Lar, é professor do Senac de Jaú.
Artesanato
Colas, papéis coloridos, canetas e tintas iam aos poucos se
transformando em máscaras de carnaval e desenhos.
Ao entrar na sala de artesanatos, o que mais chama a atenção é a
disposição e animação de todos para fazer da melhor maneira a tarefa dada.
Uma das máscaras de carnaval era feita pelas mãos de Inah Arruda
Ferreira, 94 anos. Faz três anos que ela perdeu a visão, mas apesar da
deficiência e idade,
não lhe falta animação.
“Entrei em depressão quando perdi a visão, mas encontrei aqui a minha
alegria. Agora passo essa alegria para os outros e estou vencendo. Eu
falo que quando
falta visão para nós, Deus coloca um olho em cada dedo”, contou.
Teclado
A entidade também propicia atividade de informática adaptada para os
alunos, o que gera alegria e satisfação em poder entrar em um site sem
precisar de
ajuda.
“Os computadores são convencionais, mas a diferença está no software.
Ele lê em voz alta o que está na tela e, por conta disso, conseguimos
acessar a internet,
editar textos e ler livros. Tem aluno trabalhando em telemarketing e
usando a informática adaptada”, diz o professor de informática Jorge
Herrera Lopes,
48 anos.
Jorge também é deficiente visual. “Perdi a visão aos 6 anos e fui
aprendendo a lidar com isso.”
Serviço
Nilce alertou que pessoas têm ido em diversos bairros para pedir
dinheiro em nome da entidade. Contudo, elas não pertencem ao Lar.
“Nós não vamos até as casas das pessoas para pedir as doações. Isso está
atrapalhando porque muitos doadores estão entregando dinheiro para
pessoas que,
no fim das contas, não são do Lar.”
Quem quiser ajudar o Lar Escola com dinheiro, alimento, móveis ou
objetos pode entrar em contato diretamente pelos telefones
(14) 3236-1977 e 3223-1754.
Fonte:
http://www.jcnet.com.br/Geral/2015/02/aumento-de-casos-de-diabetes-sao-d...
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