sábado, 13 de setembro de 2014

 O som do braille

'Braillinho Tagarela', projeto da Fundação Dorina, promove a integração, por meio da leitura compartilhada e o uso de ferramentas de acessibilidade. Luiz Ventura Usar a palavra 'inclusão' é muito comum quando existe o objetivo de garantir, a qualquer pessoa, acesso a algo, até então, difícil (ou impossível) de alcançar, seja por questões financeiras, estruturais, logísticas, intelectuais, etc. É uma meta constante em todo planejamento que contempla ações voltadas a pessoas com deficiência. O termo 'incluir' também pode ser lido como uma benevolência, uma atitude de boa vontade, de complacência com seres menos afortunados, providência que abre o 'nosso mundo' a outros que não conseguem atingi-lo e, desta forma, acaba por colocar qualquer indivíduo ainda não 'incluído' em um patamar de inferioridade, mesmo que esta 'inclusão' venha cercada de ótimas intenções. Neste sentido, acima da inclusão deve aparecer a 'integração', a abertura de espaços iguais, independente de características físicas, etnias, diferenças sociais ou educacionais. E sem que essa igualdade tenha conotação caridosa, de piedade. A integração caminha na mesma direção da universalização, quando tudo o que existe é criado para todas as pessoas. Integração é o principal resultado do projeto 'Braillinho Tagarela', da Fundação Dorina. Trata-se de uma coleção de livros infantis, com textos impressos em tinta e braille, letras ampliadas e imagens com relevo, tudo acompanhado por um CD que contém a audiodescrição de todo o material. "A coleção foi lançada em 2013 e distribuída em bibliotecas. O retorno foi muito rápido e positivo. Por isso, ampliamos a distribuição para escolas", explica Regina Caldeira, coordenadora de revisão braille da Fundação Dorina. Todos os volumes foram apresentados na 23ª Bienal Internacional do Livro de São Paulo, realizada até o dia 31, e estão à venda no stand da fundação e também na internet. Para pessoas com deficiência visual e organizações (escolas, institutições, bibliotecas públicas) a distribuição é gratuita. E se você for, por exemplo, pai de uma criança com deficiência, pode fazer o cadastro na biblioteca para receber os exemplares. Regina Caldeira é cega. Lembra que precisou esperar quase 50 anos para realizar o sonho de entender, na íntegra, o espetáculo de balé 'O Quebra-N0zes'. "Eu conseguia ouvir tudo, mas como não havia audiodescrição, eu não tinha a experiência completa". Para a coordenadora, o ideal é que o País não precise criar compensações para que pessoas com deficiência sejam incluídas. "No trabalho, em museus, nas escolas, no cinema, no teatro, o que deve existir é igualdade, de direitos e deveres. A pessoa com deficiência não deve ter uma atitude passiva. Deve exigir o que é garantido por direito, mas também deve cumprir sua parte, para haver oportunidades iguais, com base em capacidade, não por causa de cotas". Tecnologia - A Fundação Dorina também apresentou na Bienal deste ano o DDReader, aplicativo gratuito (em português, espanhol e inglês) de leitura de livros digitais, em formato DAISY 3.0. É compatível com livros somente texto, somente áudio com navegação, e texto com áudio. Os livros podem ser lidos por voz sintetizada, narração pré-gravada ou somente em texto na tela. Uma camada com seis áreas de toque permite o acesso a todos os comandos e a navegação por frases, capítulos, itens na biblioteca e no índice. Entre os principais recursos do app estão o acesso a todos os comandos por toque, eco de comandos em voz sintetizada, marcadores e anotações, busca por palavras e expressões, histórico, soletração, zoom ajustável, navegação por até seis níveis de índice, leitura opcional de notas de rodapé e números de página, e (em breve) download de livros a partir de bibliotecas online. O DDReader foi desenvolvido pela Fundação Dorina em parceria com a Results, empresa de softwares acessíveis. FONTE:estadao

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