segunda-feira, 21 de maio de 2012

Estação Marechal Deodoro do metrô é lançada como modelo para o portador de deficiência visual A estação de metrô Marechal Deodoro foi inaugurada recentemente como "estação modelo" de acessibilidade. Várias providências foram tomadas pela Companhia do Metrô de São Paulo ao longo dos últimos anos para garantir a acessibilidade da pessoa portadora de deficiência, entre as quais: instalação de elevador entre o acesso e a plataforma; instalação de cancela na linha de bloqueios, para facilitar a circulação de usuários em cadeira de rodas; e adequação dos sanitários públicos, possibilitando sua utilização por pessoas com mobilidade reduzida ou em cadeira de rodas. Recentemente foram acrescentados: sinalização tátil com instruções de uso do elevador e dos dispositivos de comunicação; sinalização visual da localização do elevador e do local de embarque preferencial nas plataformas bem como o rebaixamento das calçadas no entorno dos acessos da estação, para facilitar a circulação de pessoas com mobilidade reduzida ou em cadeira de rodas; instalação de piso tátil para pessoas com deficiência visual, com cor e textura diferenciada, sendo o piso de alerta nas escadas e nas bordas das plataformas e o piso tátil de direcionamento para orientar o deslocamento desde os acessos até o local de embarque nas plataformas, possibilitando a circulação com autonomia no interior da estação. A Companhia do Metrô de São Paulo optou por estudar as intervenções a serem implantadas nas demais estações do sistema metroviário, a partir de avaliação da estação Marechal Deodoro, devido ao grande movimento de usuários idosos ou portadores de deficiência naquela estação, em função da distribuição do "Bilhete Especial" e da proximidade de instituições de atendimento como a Laramara - Associação Brasileira de Assistência ao Deficiente Visual. Segundo a arquiteta do Metrô, Maria Beatriz Barbosa, para garantir a acessibilidade de usuários portadores de deficiência foram considerados os princípios do Desenho Universal e também os critérios estabelecidos nas normas vigentes da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). "As adequações que identificamos como necessárias foram classificadas conforme sua finalidade: foram caracterizadas as intervenções destinadas aos usuários portadores de deficiência visual e as destinadas aos usuários com dificuldade de mobilidade ou em cadeira de rodas). Neste caso específico, as instalações de elevador, entre o acesso e as plataformas, e a instalação de cancela na linha de bloqueios, garantem a circulação desse segmento de usuários", esclarece. Beatriz destaca que as adequações para os usuários portadores de deficiência visual foram estabelecidas a partir de um convênio estabelecido entre o Metrô e a Laramara, visando estudar a eliminação de barreiras e a implantação de sinalização tátil - piso tátil - desde os acessos até a área de embarque nas plataformas. A necessidade de instalação de piso tátil nas áreas de uso público foi introduzida pela ABNT (Associação Brasileira de normas Técnicas) em 1994 para escadas fixas e rampas e somente em 1997 para direcionamento desde o acesso até o local de embarque nas plataformas, sendo ainda objeto de estudo e especificação por parte da ABNT. Vale ressaltar também que as visitas às estações realizadas pelos técnicos do Metrô juntamente com as entidades ligadas ao Conselho Estadual de Assuntos para a Pessoa Portadora de Deficiência - CEAPPD, entre as quais a AME, bem como pesquisas junto aos outros metrôs nacionais e internacionais vêm subsidiando a revisão das normas de acessibilidade em sistemas metro-ferroviários, a fim de que estas possam refletir as reais necessidades das pessoas portadoras de deficiência ou com mobilidade reduzida A arquiteta ressalta que a instalação do piso tátil na estação Marechal Deodoro não significa o final do processo. "No início de 2000 contatamos fabricantes de piso tátil no Brasil e no exterior e instalamos protótipos para avaliação nas duas plataformas e na área externa. Nessa etapa solicitamos a avaliação de usuários com diferentes graus e tipos de deficiências, desde cegueira até baixa visão, acompanhados pelos profissionais das instituições Laramara e Dorina Nowill, que são referência internacional. A partir de agora, várias outras instituições e usuários portadores de deficiência visual serão contatados, entrevistados e orientados visando avaliação do piso instalado, não apenas quanto à percepção de contraste de cor e textura, mas também a avaliação de todo o percurso, desde o acesso até o local de embarque nas plataformas. Dessa forma teremos retorno desses usuários quanto à possibilidade de autonomia nos seus deslocamentos", completa. AUTONOMIA - Para o professor de Orientação e Mobilidade e coordenador de Programas Especiais da Laramara, João Álvaro de Moraes Felippe, o projeto arquitetônico das estações deve priorizar as configurações geométricas mais simples, ou seja, aproveitamento de espaços retangulares e quadrangulares, desenhados por meio de linhas retilíneas (nas áreas de entrada, saída, de distribuição, corredores, mezaninos e plataformas). Os ambientes com desenhos irregulares, linhas curvas e reentrâncias nas linhas das paredes devem ser evitados para que as próprias linhas retas das paredes sejam usadas como "linhas-guias" e possam ser rastreadas pelo deficiente visual, favorecendo o encaminhamento dentro das estações. "É fundamental que se eliminem os obstáculos aéreos nessas áreas de circulação geral (telefones públicos suspensos, hidrantes e extintores de incêndio, painéis de informação e mapas, vãos livres sob as escadas, paredes em arco ou vigas abaixo de 2,20 m, projeção dos galhos e folhagens da vegetação, etc). A melhor alternativa é um novo desenho ou reposicionamento desses equipamentos de forma a deixarem de ser obstáculos aéreos", observa. Segundo João Felippe, a colocação de "linhas-guias" por meio de piso tátil cromodiferenciado de direcionamento é a melhor adaptação para a locomoção orientada dos deficientes visuais nas entradas, saídas, bilheterias, postos de atendimento, escadas fixas e rolantes, elevadores, linha de bloqueio, percurso para as plataformas e para as áreas preferenciais de embarque e desembarque. "É imprescindível também que as pessoas com deficiência visual tenham a oportunidade de se familiarizar com todas as adaptações, por meio de vivências práticas e sistematizadas, oferecidas pelos próprios operadores dos serviços. Elas devem avaliar essas adaptações e serem ouvidas nas suas sugestões", ressalta. Para esclarecer a respeito dos pisos táteis de direcionamento e de alerta, o professor explica que a cor azul foi adotada em decorrência de não se confundir com a sinalização de cor branca ou amarela - de fila ou de alerta respectivamente - já existente nas dependências do Metrô. "A opção azul se deu para criar o piso cromodiferenciado e atender às pessoas com baixa visão. A textura com barras paralelas e longitudinais à linha de caminhada são definidas como "linhas-guias" direcionais e favorecem o deslocamento orientado nas dependências da estação. O usuário com deficiência visual pode rastrear essa "linha-guia" com a bengala longa ou mesmo pisando sobre essa linha direcional", explica. Além do piso direcional, a estação conta com piso tátil de alerta em situações de risco, antecedendo as escadas e a faixa amarela de segurança nas plataformas, embaixo dos "orelhões", embaixo de arcos nas paredes - obstáculos aéreos - bem como nas mudanças de direção quando se acompanha a "linha-guia" direcional. João Felippe destaca que a importância de um ambiente arquitetonicamente acessível para a pessoa portadora de deficiência visual está no direito de exercer a sua cidadania plena, o direito de ir e vir previsto constitucionalmente. "O direito a chegar nos locais para estudar, para trabalhar, para se divertir e para conviver socialmente e, principalmente, buscar a sua inclusão como ser humano", completa.

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