segunda-feira, 15 de agosto de 2016
Deficiente visual diz como é pedalar de Olinda a Boa Viagem toda semana
A viagem mais longa feita por Vinícius e Alexandre foi para a praia de Atapuz, percorrendo 126 quilômetros (ida e volta) / Foto: Luiz Pessoa/NE10
A viagem mais longa feita por Vinícius e Alexandre foi para a praia de Atapuz, percorrendo 126 quilômetros (ida e volta) Foto: Luiz Pessoa/NE10
Para o jornalista Vinícius Passos, de 24 anos, os únicos obstáculos para andar de bicicleta nas ruas da Região Metropolitana do Recife (RMR) são os buracos.
Deficiente visual, ele é apaixonado por esportes. Pratica futebol e frequenta academia. A bike entrou na vida dele ainda quando criança. "Perdi a visão
aos 13 anos e, antes disto, já andava de bicicleta. Depois que fiquei cego, fiquei impossibilitado". A situação mudou em 2013, quando Vinícius recebeu
o convite do vizinho, o músico e empresário Alexandre Costa, para acompanhá-lo nos passeios em uma bicicleta dupla.
"Fiquei muito feliz, pois pude dar continuidade ao que já fazia antes", afirma o jornalista. A história aconteceu ao acaso: Alexandre havia comprado a
bike para estimular a esposa a andar com ele. Ela inicialmente recusou o convite e Alexandre encontrou em Vinícius um grande parceiro. De 2013 para cá,
foram muitas viagens feitas de bike. A mais longa ocorreu para a praia de Atapuz, em Goiana, litoral pernambucano, percorrendo 126 quilômetros (ida e volta).
"Nestes locais a gente faz amizades, descobre novos lugares, é maravilhoso", declara Vinícius.
Vinícius e Alexandre pedalam, em média, uma vez por semana, por duas horas, o que soma 35 a 40 quilômetros percorridos. Os trajetos quase sempre vão de
Olinda até a praia de Boa Viagem, no Recife. O jornalista explica que, apesar de a pessoa da frente ser a que guia a bicicleta, quem está atrás precisa
ter uma boa percepção de tempo e espaço. "Não é tão fácil quanto se pensa. É preciso ter uma sintonia com a pessoa com a qual você faz dupla", relata.
O bem-estar que andar de bicicleta proporciona a Vinícius é tão grande que ele gostaria de estender a outras pessoas deficientes visuais. É tanto que ele
e Alexandre têm o desejo de adquirir mais bicicletas duplas. "Pena que elas são muito caras e não vendem aqui em Pernambuco. Custam cerca de R$ 3.000,
é muito caro", explica Alexandre.
ABIC - Em dezembro do ano passado, Vinícius abriu, juntamente com seu pai, que também é deficiente visual, a Associação Brasileira para Inclusão das Pessoas
Cegas (ABIC), que funciona no bairro do Cordeiro, na Zona Oeste do Recife. No local, as pessoas cegas desenvolvem várias atividades, como a prática de
goalball e de futebol de cinco. "Nós gostaríamos muito de trazer as bicicletas duplas para a associação e estimular o pessoal a andar de bike. Mas além
de ser caro, precisaríamos de voluntários", acrescenta Vinícius.
fonte:jornal do comercio
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário