segunda-feira, 8 de outubro de 2012

Agência admite mudar regra de acessibilidade em avião !

Em audiência pública, representantes da Anac reconheceram falhas em normas apresentadas há 2 meses

JAIRO MARQUES

DE SÃO PAULO

A Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) admite que há falhas nas novas normas de acessibilidade -que devem ser adotadas pelas empresas aéreas, aeroportos
e passageiros- e já cogita a possibilidade de mudá-las.

Ontem, numa audiência pública para debater as regras apresentadas há dois meses, a agência se comprometeu a contemplar sugestões dos presentes -cerca de
50 pessoas- e outras 400 propostas que foram feitas por e-mail.

Entre os questionamentos feitos ontem estiveram a alocação de assentos reservados, responsabilidades pelos atendimentos, normas de treinamento e limitação
do número de passageiros com deficiência nos aviões.

As normas vão nortear o atendimento a pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida, pessoas com mais de 60 anos, pais de bebês recém-nascidos, grávidas
e crianças sem acompanhantes.

Essas pessoas foram 2,6% do total de viajantes em aviões no Brasil, entre 2009 e 2011, segundo a Anac.

"Muita coisa ainda não está clara nas medidas. Já aprimoramos, mas vamos mudar mais", afirmou Fábio Rabbani, superintendente de infraestrutura aeroportuária
da Agência Nacional.

"O que identificamos que está falho, vai ser mudado", completa Rabbani.

NORMAS

A norma estabelece que as poltronas reservadas às pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida sejam no corredor, tenham braço removível e sejam distribuídas
ao longo do avião.

O regulamento quer estabelecer também que o atendimento seja feito pelos operadores dos aeroportos e pelas empresas.

O público sugeriu que empresas com experiência em lidar com pessoas com deficiência fossem contratadas.

"Com que base vocês montaram a resolução? É preciso ouvir as pessoas com deficiência. Não há como um cadeirante acessar uma poltrona sem ajuda [como está
descrito na norma] e o treinamento para os atendentes tem de ser presencial", disse o consultor Humberto Alexandre, que é cadeirante.

O representante da Gol no evento, Alberto Fajerma, reclamou da limitação de vagas para deficientes em 50% do número de comissários. "É preciso levar em
conta os acompanhantes dessas pessoas. Eles podem ajudar mais que um comissário", afirmou.

O comissário de voo Paulo Ricardo Costa, da Ocean Air/Avianca, disse que a maioria dos aviões brasileiros não possui poltronas do corredor com braços removíveis.


Até amanhã, a Anac recebe pelo email
audiencia.facilitacao@anac.gov.br
 sugestões de modificações nas regras de acessibilidade. Não há prazo para as novas regras entrarem em vigor.

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidiano/69820-agencia-admite-mudar-regra-de-acessibilidade-em-aviao.shtml 

Cineasta diz ter se sentido inseguro em desembarque

DE SÃO PAULO

O cineasta Silvio Tendler, 61, que está "tecnicamente tetraplégico" desde dezembro, com movimentos reduzidos e usando cadeira de rodas, engrossou o coro
das pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida que reclamam dos atendimentos em aeroportos.

Após um problema na medula, Tendler, que é professor na PUC do Rio, tem precisado de atendimento especial para viajar.

Ele conta que, no início de setembro, foi desrespeitado por um comandante da Webjet ao reclamar sobre a ausência de condições seguras para desembargar no
Santos Dumont.

"Não havia finger [ponte de embarque] nem ambulifit [carro adaptado com elevador]. Queriam que eu descesse em uma cadeirinha incômoda e sem segurança",
diz.

"O comandante chegou a dizer que eu deveria ter sido proibido de embarcar, pois alguém que não pode fugir de um avião pegando fogo não poderia viajar."


TRANSTORNO

Por meio de nota, a Webjet disse lamentar os transtornos e afirmou que "disponibilizou cadeira eletromecânica para o desembarque, e a tripulação, cumprindo
normas de segurança, esteve presente a bordo até o desembarque do último cliente".

"Virei um saco de batatas, dependente de três enfermeiros e enfrentando a realidade trágica dos cadeirantes do Brasil", relatou Tendler.

Ele não protocolou queixa na Anac."Divulgo isso como uma revolta ao tratamento aos cadeirantes nos aeroportos", disse.

"Devo fazer um filme, bem alto astral, mas que retrate a vida dos milhares de cadeirantes no país, que agora é a minha vida."

(JM)

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidiano/69821-cineasta-diz-ter-se-sentido-inseguro-em-desembarque.shtml

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