quinta-feira, 19 de julho de 2012

TECNOLOGIA ASSISTIVA!

Segundo a analista de tecnologia assistiva da Associação para Valorização de Pessoas com Deficiência (Avape), Karolline Fernandes Sales, ela própria deficiente

visual, as empresas usam três argumentos para não contratar alguém com baixa ou nenhuma visão. "Um deles é o desconhecimento. Para a maioria dos empregadores,

o cego não tem condições de trabalhar, de chegar ao local de trabalho. Outro empecilho é o de não saber utilizar um computador; sem falar do custo do leitor

de tela, que varia de R$ 1,3 mil a R$ 1,7 mil ou um pouco mais. O terceiro argumento é o de que não existem pessoas qualificadas no mercado", afirmou.


 Em entrevista ao programa "Sociedade Solidária", da Boa Vontade TV (canal 23 da SKY), Karolline Sales, que também exerce a função de assessora de comunicação

da Organização Nacional de Cegos do Brasil (ONCB), contestou: "Conheço várias pessoas com deficiência visual graduadas, pós-graduadas, que já concluíram

o mestrado. Então, esse argumento da falta de qualificação é mais hipotético do que real. Claro que existem indivíduos sem qualificação, não só com deficiência,

mas sem deficiência também. A Avape, inclusive, é uma das pioneiras em capacitar pessoas com deficiência, não só a visual".Um dos principais avanços no

que diz respeito à inclusão social foi a implementação da Lei de Cotas. Karolline Sales esclareceu: "Essa lei determina, de acordo com a quantidade de

empregados, a contratação do trabalhador deficiente. A grande dificuldade dos empresários, dos gestores, é como contratar, onde buscar esse profissional?

É aí que entra a Avape".

OPORTUNIDADE E COMPETÊNCIA

No programa, foi apresentada uma matéria com o depoimento do deficiente visual Edi Carlos de Souza. Com apenas 1% de visão, ele procurou a Avape para recolocação

profissional e começou a prestar serviço para a Secretaria do Emprego e Relações do Trabalho (Sert), do Estado de São Paulo. Sobre a sua capacitação, Edi

Carlos comentou: "Precisei passar por treinamentos porque uso dois sistemas. Um de leitor de tela - para acompanhar as informações do computador - e outro

do próprio sistema do 'Emprega São Paulo'". Orgulhoso de sua profissão, ele desabafou: "Infelizmente, no Brasil temos falta de informação em relação ao

deficiente. Hoje em dia, a tecnologia e os mecanismos de acesso estão aí para todo o mundo verificar. O que a pessoa deficiente precisa? De uma oportunidade.

Esse é o xis da questão. Ninguém pode ser julgado pela deficiência. Primeiro, o empregador tem que avaliar a capacidade, e não a deficiência".

E arrematou: "Você, que tem alguma deficiência, nunca se esconda. Estude, faça cursos, procure, pois o mercado está precisando. E vocês, que são empregadores,

sempre acreditem e nunca prejulguem um deficiente. Deem a ele uma oportunidade, depois o avaliem".Diante do exposto, é gratificante saber que, apesar dos

obstáculos, mais deficientes conquistam a cada dia maior reconhecimento na sociedade e, principalmente, no mercado de trabalho.

 José de Paiva Netto - Jornalista, radialista e escritor.
paivanetto@lbv.org.br

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www.boavontade.com

Autor: José de Paiva Netto
Fonte: O NORTÃO

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